domingo, 23 de abril de 2017

Silêncio e solidão

O meu interior se transformou numa espécie de fortaleza da solidão. 

Há dentro de mim um monstro a gritar desesperadamente, isso eu posso sentir, mas não sei onde ele está e nem o que ele quer de mim. Não se parece com os monstros que antes fugiram do meu interior, esse é diferente. 

Não sei se este é um monstro ainda pior do que aqueles, ou se é mais poderoso, mas os seus dentes e suas garras não arranham as paredes do meu coração da mesma forma. Mesmo lutando para sair o seu grito é silencioso, e tudo o que eu escuto dentro de mim é isso: silêncio!

Não há mais dentro de mim uma música tocando, nem um sol se pondo. Também não há uma lua e estrelas brilhando. Não há nada, apenas vazio e frio, silêncio. E sua pata pesada a cair por sobre o meu peito, tirando-me a respiração.

Eu fecho os olhos, me desligo do mundo, tentando ouvir a fera que grita, mas nada, não consigo ouvir nada, e no entanto eu sinto ela lutando para se soltar. Mas é como se estivesse sozinho, só eu e o silêncio.

Só silêncio. Não há mais canção, nem brilho, nem amor, apenas o silêncio abrasador e assombroso, assustadoramente assombroso. O silêncio onde se esconde os gemidos do pecado. O silêncio frio.

Como pode o frio queimar tanto? 

Onde está o sol? 

Onde está a luz? 

Onde está a música?

Todos se foram, não vejo mais ninguém, não há ninguém. Morreram? Me abandonaram? Não sei, apenas sei que todos se foram, para nunca mais voltar... 

E com eles foi também o sol, e a luz, e a música que antes aquecia meu coração, agora só há silêncio, silêncio e mais silêncio, o mesmo daquela hora dulcíssima do sono, mas também não há sono, apenas medo e desperança, apenas silêncio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário