Apenas confirmei, uma vez mais, aquilo que já sabia com certeza. Acho que é próprio dos idiotas querer reforçar as próprias convicções. Com exceção de que, acredito, eu faço isso porque em algum lugar de mim há esperança de que dessa vez seja diferente. Mas não foi. Tudo aconteceu exatamente como eu esperava. Lamentavelmente eu tinha razão. A minha ausência foi perfeitamente imperceptível, exceto por aqueles que precisaram de mim. Quem o diria? E venho dizendo isso todos os dias. Apenas para constatar, pela enésima vez, a minha devida insignificância.
Mas de algum modo isso significa também a descoberta de uma liberdade. Sem precisar ir em lugares apenas para ser usado como pretexto. Se não tenho ninguém que se importe verdadeiramente comigo, não há razão para me importar de verdade com ninguém. Claro que, aquele pequeno ponto, pequenino, quase imperceptível, tão breve e fugaz quanto um piscar de olhos, brilhou em esperança, antes de desaparecer nas trevas profundas do ser.
Me isolei de todos hoje. Mas então, depois de tudo, de perceber que sou absolutamente irrelevante, ainda me sinto culpado. A quem quero me explicar? Não há nenhuma explicação necessária. As mensagens que recebi eram todas pedidos de favores. Nenhuma, nenhuma delas preocupada comigo. O findar da vida não é um peso assim. É apenas libertação. E ainda assim eu queria correr até ele, tomar pela mão, abraçá-lo, pedir desculpas. Mesmo sabendo que, depois desse tempo, sou menos importante que qualquer menina que tenha chegado ontem na vida dele. Ou de qualquer outro.
E então, tornei à minha casa, com a cara fechada, e vi que assustei algumas pessoas. Devo ter parecido feroz. Mas é que essas verdades ecoavam e me cortavam profundamente demais para que eu conseguisse controlar a expressão do meu rosto. Com efeito, devia ser a face de um assassino, uma fera, uma besta. E sim, me sentia capaz de extinguir toda existência, com requintes de crueldade, se me fosse dado poder para isso. O resultado seriam corpos desmembrados, vísceras espalhadas até o teto, sangue derramado como num rio, faces destruídas que amais tornariam a rir e nem sorrir. Nos crânios esmagados, apenas o terror absoluto. Coisa não muito diferente se vê no meu coração. Essa é a minha expressão: completamente esmagado, destruído em terror, num silêncio tão absoluto que não ouvia nem mesmo meus próprios pensamentos. Já não haviam mais pensamentos. Apenas a dor do vazio, vazio deixado por todos que se foram e que, um dia, eu acreditava que ficariam.
Mas todos se foram.
E o resto é silêncio.
Eu sabia que isso ia acontecer.
Não importa o quanto de esperança possa haver: no fim, tudo retorna ao nada.
E tudo retorna ao nada.
"Sentia vontade de chorar, mas não saía lágrima alguma. Era só uma espécie de tristeza, de náusea, uma mistura de uma com a outra, não existe nada pior." (Charles Bukowski)
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