vaidade das vaidades
Não nego afirmar que meus olhos desejam
aqueles corpos perfeitos
atraindo a si todos os olhares
bem como todos os olhares almejam
Seu torso é daquela força
que a todos força a vista
os mamilos, embora não como os de mulher
saciam cobiçosos lábios de cor rubra
Desce a língua ávida daquela carne tenra
encontra terra plana
onde semeiam o gozo farto
a efusão nívea dos amantes
Perdem-se às costas lábios e dedos
percorrem pradarias e marcam as terras
beijam e aram com unhas e dentes
naquela noite que, ao cair da aurora, será apenas segredo
Uma vez mais desce em busca da promessa
encontra aqueles montes de deleite
aqueles que também atraem a si
olhares que não escondem a vontade travessa
Sorriem nos amplexos dos amados
antes de os lábios ruborados
entregarem-se apenas aquela exploração
cujo destino encontraram apenas uns poucos abençoados
Das pernas fortes encontram a branca pele
avermelhadas a deixam ao amanhecer
como assinatura do artista que contempla
a obra concebida que como torrente expele
Não nego que isto seja inveja,
vaidade das vaidades
O desejo que trago por entre semblantes
cabisbaixos e opacos
escondendo como cristalina fonte
a real violência daquela água amante
Não nego que isto seja inveja,
vaidade das vaidades
mais do querer ter, queria ser
aquele que os outros a companhia íntima almeja.
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