Como falei no post anterior, ainda no clima depressivo nesse domingão, mas sem conteúdo suficiente pra escrever em diário, então resolvi postar artigos que traduzam o que estou sentindo, enquando escuto a música do meu amado compositor russo.
Antes do artigo porém, vou começar com algumas informações que podem ser importante a apreciação, texto agora retirado da Wikipédia:
A Sinfonia N° 6 de Tchaikovsky foi composta entre Fevereiro e
Agosto de 1893 tendo sido a ultima obra publicada do compositor (as restantes
são obras publicadas após a sua morte). A Sexta Sinfonia foi também a ultima
obra que o compositor dirigiu, precisamente a estréia da mesma em São
Petersburgo no dia 28 de Outubro de 1893, uns escassos dias antes da sua morte.
A sinfonia é dedicada ao seu sobrinho Vladimir Davydov. As circunstâncias que a
envolvem e a própria característica da composição – sombria quase sempre com
explosões de fúria e de grande lirismo - só poderiam levar a imaginação humana
a atribuir-lhe o significado quase autobiográfico. Os poucos fatos que se
conhecem e que nos podem ajudar na procura de uma verdade mais fatual, ainda
que porventura menos romântica, são relativamente escassos. Sabe-se que o
próprio compositor a nomeou de “Pathétique” (apesar de ter sido aparentemente
sobre proposta do irmão Modest). A palavra portuguesa “Patética” no seu uso
atual não traduz a intenção do compositor que nos queria dar com esta indicação
a noção de que esta era uma obra para ser ouvida “com o coração”, uma obra que
pretendia desencadear emoções fortes. A segunda pista que temos quanto ao
“programa” de Tchaikovsky relativo esta peça pode ser encontrada numa carta que
enviou ao seu sobrinho:
“Sabes que destruí uma sinfonia que compunha neste
Outono. Durante minha viagem tive uma idéia para uma outra sinfonia, desta vez
com um programa, mas uma programa que vai ser enigma pra todos – Deixem-os
adivinhar; a sinfonia terá o nome ‘Sinfonia com Programa’... O Programa em si
mesmo estará cheio de subjetividade e chorei bastantes vezes na minha viagem
enquanto a compunha mentalmente. [...]”
Como podem ver por esta carta
Tchaikovsky chegou a pensar num outro nome para a sinfonia, mas resolveu
aceitar a sugestão do irmão, dado que este outro nome apenas iria chamar a
atenção para o programa ubjacente que não pretendia revelar, pelo menos não no
imediato. Embora em quatro movimentos, esta sinfonia tem como distintivo o
ultimo movimento lento.
O primeiro movimento (Adagio–Allegro non troppo) em Si Menor
é uma verdadeira montanha russa de emoções, cheia de tensão de passagens
sombrias lentas, outras igualmente sombrias mas rápidas que formam um conjunto
notável com duas belíssimas melodias, sobretudo o segundo tema do
desenvolvimento. O segundo movimento (Allegro com grazia) em Ré Maior é uma
extraordinária melodia que contrasta com o primeiro andamento e que serve de
contraponto á tensão exercida. É um movimento relativamente alegre no tom, mas
que nunca deixa a sensação do destino que se pode abater a qualquer instante.
Acalma mas não o suficiente para nos traquilizar completamente.
O terceiro movimento (Allegro molto vivace) em Sol Maior é
uma espécie de marcha, sem no entanto ser verdadeiramente triunfante, tal como
o segundo andamento poderia ser uma alegre valsa sem nunca realmente o ser, nem
pelo tempo que não é exatamente o de uma valsa nem pelo espírito. Numa
interpretação pessoal, diria que Tchaikovsky, nestes dois movimentos, procura
transmitir-nos metaforicamente a instabilidade, o frágil equilíbrio em que
repousa a nossa felicidade e o todo poderoso e tenebroso destino ao qual sempre
nos abandonamos. Alias, este andamento acaba de tal forma que muitas vezes as
pessoas acreditam que a sinfonia acabou. O quarto movimento (Finale. Adagio
lamentoso) em Si Menor retoma assim, novamente, o tom lúgubre do primeiro andamento.
A vitória do tenebroso destino, quando se pesava a vitoria. As partituras para
a Orquestra são bastante originais, dado que a melodia é partilhada pelos
primeiros e segundos violinos (efeitos aliás reproduzido noutros naipes).
Agora o artigo com um "programa" sobre a Sinfonia Patética, minha obra favorita e também a mais complexa do compositor russo.
Nova Visão - Sinfonia N°6 em Si menor Op.74 "Pathétique" - P. Tchaikovsky
O grande compositor russo Peter Tchaikovsky, conseguiu
liberar toda sua miséria e angústia através de sua última grande obra
sinfônica, que resultou em um prelúdio consciente de uma alma conturbada
prestes a cometer o suicídio. A sinfonia n.6 em Si menor op.74 “Patética” é
considerada a obra do compositor com idéias musicais mais maduras, que narram,
através da sinfonia, uma vida cheia de emoções e sentimentos profundos – A
tristeza e desilusão acompanhada da esperança; a felicidade maculada e o amor
seguido do desespero – Apesar de tudo, existe ainda algo sombrio que parece tomar
conta de toda a sinfonia: a morte.
A estréia da Sinfonia, regida pelo próprio compositor, teve
uma recepção muito fria tanto dos músicos quanto da platéia. Diferentemente das
formas tradicionais da época, a sinfonia quebrou com os conceitos comuns e parte
do público não gostou do final da sinfonia considerando-a “inacabada”
(Tchaikovsky tinha inovado com a substituição de um imponente "allegro”
por um lento "adágio" que termina em pppp dos cellos).
Segundo relatos dos músicos, a fraqueza da estréia deve-se
também ao temperamento de Tchaikovsky, que não é considerado o ideal de um bom
regente. Devido ao seu humor delicado e sua dramática insegurança, ele foi
afetado pela frieza inicial dos músicos de São Petersburgo, fazendo com que
todo o seu entusiasmo fosse destruído, deixando-o deprimido. O fato é que nove
dias após a curiosa estréia da sinfonia o compositor estava morto. Acidente?
Suicídio?
Na sua estréia, a obra chamava-se “Sinfonia programática”,
mas o compositor deu-se conta que iria encorajar curiosidade sobre o
significado do programa, o qual ele fazia questão de esconder. Seu irmão sugeriu então o subtítulo
“Patética”, que tem origem na palavra grega “Pathos” e significa paixão,
excesso, catástrofe, passividade e sofrimento. Quando a Sinfonia “Patética” já
estava sendo publicada, Tchaikovsky enviou uma carta para o seu editor dizendo
que queria colocar também uma pequena dedicatória “Para Vladimir Davidov,
composto por P.T” mas como estava muito em cima da hora, o editor ignorou o
pedido.
Como o próprio Tchaikovsky declarou para seu amigo
Rimsky-Korsakov que a sua sinfonia tinha um programa escondido que ele não
tinha intenção de divulgar, muitos musicólogos afirmam que a sinfonia conta a
história de sua própria vida e alma. Já que ela foi dedicada à seu sobrinho
Vladimir Davidov, podemos acreditar que
a música encarna também a angústia do amor sem contrapartida tornando-se um
conflito entre uma paixão platônica e os desejos da carne entre dois homens
(representado pelos temas românticos) e os ataques hostis do mundo
(representadas pelas passagens agitadas). É importante lembrar que esse era
sempre um dilema espiritual formulado pelos românticos, principalmente quando
se tratava do homossexualismo, proibido na época.
A sinfonia, a meu ver, é a história da vida de Tchaikovsky,
contada por ele mesmo. Devido a isso, ela acontece a maior parte do tempo em
sua cabeça, através de suas lembranças. O único momento onde sentimos que
trata-se do presente é no adágio inicial e no adágio final.
1º Movimento - Adágio - Allegro non troppo
O primeiro movimento representa claramente as lutas
constantes de Tchaikovsky durante toda a sua vida tentando superar seus
sentimentos homossexuais. Tchaikovsky era obcecado pelo destino sempre dizendo
que ele o condenava.
“O destino é a força
fatal que impede nossa esperança e alegria de serem realizados, e que assiste e
vigia enciumado para comprovar que a nossa felicidade nunca é completa.” (P.I.
Tchaikovsky)
Esse sentimento
descrito acima parece preencher essa sinfonia. Repare que o primeiro movimento
usa muitos motivos descendentes que são associados pelo próprio compositor,
como representação do destino.
A música começa silenciosamente com um lento e grave solo de
fagote acompanhado pelo obscuro e sombrio “divisi” descendente dos
contrabaixos. Esse obscuro tema da introdução (considerada como referência à
patética de Beethoven) é formado basicamente por apenas quatro notas e é
cercado de uma sensação fúnebre, que será a base para todo o primeiro movimento
e principalmente para o primeiro tema.
Essas quatro notas, além de serem chamadas de “tema da crucificação”
devido a sua localização no pentagrama (veja a foto acima), poderiam ser
considerados como a tradução sonora da palavra russa “pomoghite”, que significa
“me ajude/socorro!”
Essa introdução, a meu ver, representa Tchaikovsky em seu
leito de morte fazendo um tremendo esforço para contar a verdadeira história de
sua vida para seu irmão Modest, a história a qual ele fez questão de esconder a
todos. O fagote, na verdade, é o próprio Tchaikovsky e as figuras descendentes
dos contrabaixos, como disse no começo do post, representa o destino. O fagote,
sem muita força tenta começar a contar sua história, mas não tem nem forças e
nem ânimo para chegar até o fim. As violas tentam ajudá-lo a continuar, mas ele
não consegue falar. O exausto fagote reúne suas forças para começar outra vez
sua história, mas novamente, ele não consegue e acaba desistindo. O anúncio das
trompas criam um novo ambiente um pouco mais sereno e claro, onde o tema não é
mais feito pelo fagote e sim pelo oboé e o clarinete, que evocam, talvez, os
pensamentos de Tchaikovsky. Ele pode estar muito cansado para falar, mas não
para imaginar a história de sua vida.
1° Tema - Diferentemente de suas últimas sinfonias (4 e 5),
o primeiro tema é composto praticamente pela mesma melodia da introdução, porém
dessa vez muito mais intensa e inquieta. Tchaikovsky está retratando o ambiente
do passado, principalmente o caráter psicológico ao seu redor. O destino
(escalas descendentes) começa a dialogar com boa parte da orquestra e apesar do
início ser até considerado calmo, os violinos entram em diálogo com os cellos e
sopros e o ambiente começa a mudar. Aos poucos a intensidade sonora aumenta
gradativamente com a introdução de novos elementos, como por exemplo, os anúncios
dos metais (uma reminiscência do majestoso tema da 4ª sinfonia?). As anacruses
e as melodias bastante talhadas entre todos os diferentes instrumentos da
orquestra dão um efeito bastante transtornado. O incrível desse tema, é que ele
pode ser tocado ao mesmo tempo com quase todas as outras partes e Tchaikovsky
aproveita para moldar o segundo tema apartir disso . Após o auge do tema, uma
passagem de viola leva para a próximo tema.
2° Tema - Agora, o ambiente muda completamente e temos aqui
o tema da paixão (que na verdade, é uma transformação da ária da ópera favorita
de Tchaikovsky: “A flor de Dom José” de Carmen). É o amor a primeira vista, a
paixão platônica e nesse caso: um amor impossível. Tchaikovsky, sem dúvida, conhece pela
primeira vez na obra esse sentimento indescritível através dessa atmosfera
calma e serene. Tudo é como sonho e o mundo à sua volta parece não existir.
Uma passagem feita pelas escalas ascendentes da flauta e
fagote em tercínas acompanhado pelos stacattos das cordas contradiz o destino
(escala descendente) criando uma duelo interior entre o destino e o amor. Essa
passagem nos sugere também o desdobrar de um amor, isto é, o passar do tempo, o
compartilhamento de experiências, vivendo emoções juntos, etc...
Em seguida voltamos para o tema da paixão, porém dessa vez,
muito mais intenso representando o amor ao extremo. O fabuloso episódio despede-se
e a música desaparece a cada compasso. As lembranças do amor estão se
distanciando cada vez mais e após o tema da paixão feito pelo clarinete, o fagote
dá um último suspiro: Tchaikovsky, por um momento, abre seus olhos, voltando ao
presente e a realidade.
O silêncio é drasticamente interrompido e a sua paixão é
massacrada pelo surpreendente fortíssimo do tutti orquestral representando a
negação da sociedade diante sua homossexualidade. O tema da “crucificação”
(tema n.1), é tocado agora de maneira
mais viva e intensa. Uma espécie de fuga é feita e uma modulação começa.
Tchaikovsky está revoltado e uma sensação de raiva e os acordes trágicos vão
crescendo e ficando mais agitados e dramáticos a cada compasso. Os metais
anunciam novamente uma passagem descendente que lembram também, mesmo que
vagamente, um motivo já feito anteriormente.
No último momento,
por um breve instante, ele consegue conter essa emoção, resultando em um tema
feito pelos metais baseado em um réquiem russo, que tem como letra “Oh Cristo,
dê paz à alma para que ela repouse entre os santos”. Os metais fazem o papel de
oradores de um funeral (Após a estréia da sinfonia, Tchaikovsky misteriosamente
morreu, e foi exatamente isso que os ouvintes buscaram na segunda apresentação:
uma prova de que essa música não era apenas uma sinfonia, mas talvez uma carta
suicida do próprio compositor). Logo após um momento relativamente pacífico,
Tchaikovsky não consegue simplesmente aceitar e esquecer todo esse seu sentimento
profundo que parece remoer seus órgãos internos.
Reparem que curioso: essa passagem vai evoluir e é
considerada tanto com a reexposição do primeiro tema quanto o caminho que leva
ao clímax do desenvolvimento. Ela é considerada por muitos musicólogos como o
momento auge da carreira artística de Tchaikovsky.
Ele precisa colocar tudo para fora e apesar de alguns
momentos de negação e receio tudo acaba explodindo em um tormento dramático onde
o compositor mostra toda sua amargura, decepção, angústia e martírio. “Por
quê?! Por quê?!”. O destino é cruel e parece saborear cada momento de agonia e
dor do compositor.
Quando os últimos vestígios da morte e de um ambiente
violento e agressivo parecem desaparecer, o segundo tema (da paixão)
eventualmente emerge das profundezas do desgosto e da exaustão, porém, dessa
vez, de forma mais completa. Tchaikovsky não pode fazer mais nada em relação ao
seu amor, apenas resgatar o passado através de suas torturantes recordações
tentando trazer esse sonho para a trágica realidade.
O movimento termina
com uma calma e solene coda feito com o tema da paixão invertido, feito por um
coral de metais e em seguida pelos sopros, acompanhados sempre de um pizzicato
descendente dos baixos (A representação do destino saindo vitorioso, destruiu o
momento dos dois e virando a paixão de cabeça para baixo?). O que podemos afirmar é que nesse momento
Tchaikovsky responde o discurso feito pela missa dos mortos no desenvolvimento
e acaba a primeira parte da sinfonia com a morte, anunciada pelos trompetes.
2º Movimento - Allegro con grazia
Tchaikovsky disse que o segundo movimento representa o amor
e apesar de ser muito mais simples que o primeiro movimento, é uma das mais
originais e sedutoras valsas em forma A-B-A com um tempo 5/4 não convencional e
assimétrico (Possivelmente um retrato da sua agitação psicológica), muito comum
na música popular russa.
Essa valsa foi composta de uma maneira tão sutil que por
incrível que pareça poucos sentem “falta” do último tempo (são 5 tempos por
compasso: 2 + 3 seguido de 3 +2). Tchaikovsky
já havia testado esse mesmo ritmo, por exemplo, em sua "Valsa de
cinco tempos" das 18 peças para piano op.72.
Primeiro grupo (A) - A música começa com o charmoso e
inocente tema feito pelos cellos e com uma fluência surpreendentemente natural
(chamarei de tema A). Em seguida o mesmo tema é feito pelos sopros e
acompanhado pelos cellos, que fazem praticamente a mesma coisa, porém de forma
invertida. Isso se repete e logo em seguida a melodia é enriquecida com a
entrada dos metais. A música começa a crescer e ficar mais intensa, mas apesar
disso, nenhum grande clímax é atingido. Uma breve passagem, decrescente serve
como passagem para a próxima sessão.
Trio (B) - Um novo obscuro e ameaçador elemento é
introduzido (tema B) e a sua tonalidade menor cria um caráter atormentado que
lembra bastante o primeiro movimento. A assimetria é agora facilmente
identificada talvez graças à nota pedal do tímpano e dos baixos. Esse tema é
uma citação ligeiramente modificada de uma canção popular Estoniana chamada
“Kallis Mari” (querida Maria). Tchaikovsky estaria fazendo referências à Maria,
mãe de Deus, para representar em sua música a figura eterna de sua mãe, que
morreu quando o compositor ainda era criança? O tema B, um pouco “vivo” e
animado inicia-se e é repetido , logo é seguido do lamento do tema B e de uma
pequena coda, que serve de passagem para a próxima sessão.
Primeiro grupo (A) - O apaixonante tema A volta novamente
com as cordas e em seguida sopros exatamente como no começo do movimento É
incrível ver como Tchaikovsky transforma uma simples escala melódica em
genialidade: Repare que os baixos fazem a escala de Ré maior ascendente
enquanto os sopros fazem a mesma escala descendente, porém mais lenta. A razão
e a emoção finalmente encontram-se e com a tonalidade maior restabelecida e
somos levados à coda do movimento, que usa fragmentos dos temas, acabando o movimento
de forma bastante abstrata como uma névoa cobrindo as lembranças do passado.
3º Movimento -
Allegro molto vivace
O terceiro movimento é um Scherzo feito para representar as
decepções do compositor. Todo o movimento possui um caráter festivo, feroz e
extremamente irônico devido à tentativa tão prolongada de busca pela felicidade
que acabou resultando talvez na futilidade. O que impõe respeito nesse
movimento não é a simplesmente sua melodia, mas sim a sua intensidade, que aos
poucos começa a tornar-se obsessiva e ameaçadora, levando consequentemente à
uma magnificente catástrofe. (Sempre contrapondo 12/8 e 4/4 que resulta em um
efeito de “tercinas” no 12/8 contra as simples colcheias no 4/4).
As cordas, através de um belo contraponto em moto perpétuo,
servem como introdução para o primeiro e principal motivo do movimento, feito silenciosamente
pelo oboé. Uma cavalgada de outro mundo parece se aproximar. Esse tema pode
parecer um pouco estranho, pois não estávamos esperando intervalos de quartas
ascendentes. (Nosso ouvidos espera talvez um tema com notas do acorde ou de uma
da escala...mas não quartas ascendentes!). A música começa relativamente
tranqüila, porém com uma agitação interior bem grande as pessoas começam a
responder os comandos de Tchaikovsky.
Após um atraente crescendo, o tema volta novamente feito pelo
oboé, porém mais quieto, que vai transformar-se em uma marcha com extremo vigor
e "stress". Essa melancólica marcha pode não ser considerada
completamente militar, está aí o toque de ironia (principalmente pois sua
harmonia é bastante simples e em grande se resume basicamente tônica e subdominante).
Eventualmente o batalhão orquestral entra no tutti orquestra fazendo a terra
tremer com seus passos, reforçado pelo coral dos metais que gritam saudações. A
bandeira voa pelo céu e o momento é triunfante. Salve o Czar?! O tímpano e os
metais entraram na fúria exuberante e incoerente que resultará na destruição. O
majestoso final nos faz perguntar se tudo isso não se tratou apenas de uma
grande ironia à realidade política e social da época e também deixa a impressão que a sinfonia
terminou, gerando algumas vezes entre o público aplausos espontâneos.
4ºMovimento - Adágio lamentoso
A marcha acabou e o destino e a morte nos espera nesse
movimento. Desde o começo, eles nos aguardavam. Não temos como escapar. A
música vai finalmente retornar para a profundeza nebulosa do pathos e o choro
angustiado sem esperança do compositor vai reinar até o seu último suspiro de
vida.
O artigo termina com as despedidas do autor. Decidi não colocar aqui para não quebrar o clima que estou no momento. Agora darei o Play novamente e farei essa experiência eu mesmo, pois não consegui a profundidade necessária editando o texto.