domingo, 30 de setembro de 2018

Mensagem das flores

Flores florescem em meu peito. Como elas ainda conseguem florir, se em mim não restou nada além de uma casca seca e sem vida? As flores insistem em continuar, mesmo quando não mais exalo perfume, senão que exalo apenas a podridão da morte que habita em mim. 

E eu olho então para essas flores, que de todas as cores nascem em meio ao pantanal do meu peito. Por mais que sejam belas e coloridas, ainda são flores em meio a lama. O que elas querem? Me fazer lembrar de dar o meu melhor? Ou me humilhar, mostrando que nada que faça será mais do que uma débil tentativa de vencer a desgraça que me rodeia? 

Não sei o que elas tentam me dizer. Talvez não digam nada. Talvez só estejam ali, sem um propósito, como eu estou aqui, sem razão ou motivo para ser ou estar. 

Amor ou morte

Um momento marcante, deveras doloroso, é bem verdade, mas ainda assim marcante. De frente a janela que se abre para a rua eu sinto a brisa fria em meu rosto, e com ela o cheiro doce da terra molhada de algum lugar próximo, onde a chuva já chegou. Além desse aroma, que particularmente amo, vem também uma onda de esperança, que estranhamente me possui, mesclando-se com o pessimismo realista que até poucos momentos atrás me possuía.

Combinando com a atmosfera que mistura chuva e romance, o Jazz que é perfeito simbolo de ambos me embala, me faz pensar, fechar os olhos e viajar. 

Sabe, mesmo com toda a dor que me vem quando penso que, nesse exato momento, o homem que amo deve estar pensando em outra, eu ainda consigo sentir uma pontinha de esperança. Não sei dizer se isso é algo psicótico, ou se realmente é um sinal de que há para mim alguma chance de ser feliz, mas é fato que estou agora entre a esperança e a desilusão. Entre o sonho de ser feliz e a certeza de que nunca o serei. 

É uma forma um tanto quanto doentia, eu bem sei disso, mas o que fazer, quando a única forma que tenho de ver o mundo é dessa minha maneira psicótica? 

Será que nesse momento ele também se conforta com a brisa fria da chuva que se anuncia? Será que ela lhe traz também lembranças lindas e dolorosas de sua amada? Será que em algum lugar ali fora alguém pensa em mim enquanto penso em outro? 

Bom, a essa altura tudo o que podia dizer já foi dito. Não me restam mais palavras, e nem forças pra lutar, só me resta ficar aqui, de frente a janela que se abre para a rua, e esperar o meu amor chegar, ou a morte chegar. 

Olhares

Com os acordes acendentes de um violino o meu coração vai subindo, minha respiração se tornando mais forte, enquanto penso em você. Como um pizzicato ostinato a sua imagem vem se apresentando em marcha, e o meu ser vai se colocando ao seu lado. 

Nosso olhar se cruza sem querer uma, duas vezes, três vezes. Você logo finge não me ver, eu olho pro outro lado, mas logo volto a te olhar? Você viu?

Ainda me deixo levar, pela sua figura e pela chama da vela a tremular na minha frente. Fico pensando se o que fomos acabou mesmo, ou se isso é parte de uma história de amor. Acho que para você acabou, e eu não passo de um estranho ma multidão, alguém que você preferia nunca ter conhecido. 

Mas para mim você ainda é você. 
E eu, quem sou eu para você?

Já fomos, hoje não somos mais, um dia chegaremos a ser de novo? 

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Da ferida de amor

E quanto ao amor? O que fazer quando ele aparece sem avisar, marchando em nossa direção não como um sonho de uma noite de luar estrelado, mas como um exército prestes a tomar para si nosso ser, derramando no chão frio o nosso sangue? 

Oh amor, tu ages como um carrasco, sedento pelo sangue dos enamorados e ébrio de morte por todos aqueles que se entregam ao seus braços. Oh coração, tu respondes ao chamados doces e idílicos dessa cantante do amor como se dele dependesse sua existência, e busca aquilo de que nunca precisou. 

Aquele que disse que flecha de amor não dói, mentiu, e mentindo acreditou que se tratava de amor. 

Quanto mais fechamos os olhos, quanto maus fugimos e nos escondemos ele sempre nos encontra. Até mesmo nos cantos mais remotos de nosso próprio mundo não há como fugir do amor. "O coração quer o que ele quer" dizem os homens, e essa máxima cai como um golpe de martelo, frio e duro, sob a certeza de que não há como fugir da dor.

Mais uma vez tomo para mim as palavras de São João da Cruz, que disse que ferida de amor jamais se cura, senão com a presença e a figura, isto é, a figura, ou a presença, dá poder ao amado sob o amante. Poder de curar, mas também de ferir. 

Não há como fugir do amor, quando este não pode sê-lo senão mais do que apenas deveria ser, mas há como fugir das figuras que nos apresentam como sendo amor. Não é a mais fácil das fugas, fugir daquilo que tem sobre nós um poder claramente sobrenatural que muitas vezes supera e muito nosso próprio entendimento, mas é a única coisa que a alma amante, como cervo ferido, pode fazer. 

Onde buscar conforto, se o conforto desejado é nos braços do amado? Há na terra exílio para quem ama assim? 

Há na terra conforto apenas nos braços do amor, do mesmo de quem fugimos, mas que em outra pessoa se encarnou. Há na figura, diferente da figura que um dia nos matou. Há que se encontrar num outro amor, que pode muito bem estar dentro de nós mesmos. E assim dize-nos o amor "e se me encontrar quiseres, a mim, buscar-me-às em ti"!

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Um quadro de nós


Hoje acidentalmente eu vi uma foto em que apareço ao lado daquele que amo, ironicamente curtida pelo meu ex. Não pude deixar de notar o quanto somos diferentes...

Eu sempre de lábios vermelhos, colorido, tentando chamar atenção de todos mesmo sendo baixinho e de aparência comum. Ele, sempre de preto, e como um sol fazendo todos orbitar ao seu redor. Por mais que as pessoas não percebam isso, todas ficam bobas perto dele e de sua beleza. 

Não pude deixar de notar ainda o quanto combinamos, mesmo sendo diferentes. Somos como o Yin e o Yang, diferentes, porém iguais. 

Ele preto e eu colorido. 
Ele rock e eu pop. 
Ele dor e eu amor. 

Somos uma combinação bonita, e de nós podem sair faíscas. 

E são faíscas de amor, sabia?

Da minha cabeça saem faíscas quando te vejo, mas acho que você não pode vê-las. Aliás, tem muitas coisas que você não pode ver. Você não pode me ver, e nem ver o quanto o amo, nem tampouco o tudo que faço pra te ver feliz. Mas mesmo assim, eu estou aqui, mesmo sem você me ver, eu vou continuar aqui.

E o belo quadro que fazemos juntos, bom, eu o admirarei por nós dois. 

E eu volto lá e olho novamente aquela foto, com você ao meu lado. Ou seria comigo ao seu lado? Não importa, mas eu me pergunto, quando foi que me apaixonei por você? E percebo que já o amo a tanto tempo que nem me lembro mais, apenas me recordo vagamente do tempo em que você chorava desconsolado em meus braços, e que me beijava em agradecimento. E ali, vendo seu lado mais vulnerável eu fiquei vulnerável também, e bom, o resto da história é só história, culminando nesse momento, em que olho as diferenças entre nós num quadro e, puxa vida, fico a pensar como somos lindos juntos. 

Bem que você podia perceber isso também...

sábado, 22 de setembro de 2018

A ti

Obrigado

Pelo abraço
Pelo olhar
Pelo toque
Pela voz
Pela existência.

Que posso mais dizer
Se meu coração já disse
Se meu olhar já disse
Se minhas ações disseram
Te Amo!?

Acho que um coração 
seria pouco 
pra te amar 
meu bem

Mas quem disse
que o amo apenas
com o coração

O amo com tudo 
o que sou
o que tenho

Pois eu 
a ti
pertenço.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Vista pro mar

Sonhando acordado, de olhos fechados, com o mar, ao seu lado. A água que cai do céu é a minha inspiração, bem como a música que tem como inspiração a água que vem do mar. 

Já disse tantas vezes o quanto a chuva é uma fonte de inspiração para esse pequeno escritor. Como parece que os céus choram a tristeza de um amor não correspondido junto a mim. Como parece o próprio céu estar apaixonado pelas folhas que são tocadas pelas gotas que dele caem... Ás vezes pode ser triste, mas também simbolizar a singeleza de um momento terno a dois. A chuva é mais do que a minha expressão de amante, ela a contém e a supera infinitamente. 

"Faz chuva, esconde o horizonte, a cada vez que você não vem" diz a música, e o sol é a fonte de calor que se esconde na nebulosa. Assim como você é o calor que não me aquece devido a distância entre nossos corações. Por isso choro com a chuva, a cada vez que você não vem, e não consigo ver o horizonte, estando cego pelas minhas próprias lágrimas que caem pesadamente como gotas de chuva, por você. 

As minhas lágrimas são de desejo, desejo de sua presença. São lágrimas de dor, de ferida de amor. E ferida de amor não se cura senão com a presença e a figura. Por isso "não vale se amar tão de longe, é de perto que a gente se faz um bem", continua a música. 

Acho tão fantástico, o fato de as palavras serem uma fonte tão rica e ao mesmo tempo tão limitada de expressões. Quando me cessam as palavras, quando já não sei o que dizer, me vem a chuva, me vem as músicas, e as palavras reaparecem, brotam naturalmente. Fluem como a chuva que vem dos céus e corre nos rios que nos levam aos lugares mais distantes. Será que esses rios podem me levar ao mar onde se esconde meu amor? Será que um dia vou sonhar não um sonho impossível, mas sonhar de olhos abertos, vendo o mar aberto a minha frente, a nossa frente?

Com as ondas quebrando perto de nossos pés, o sol brilhando gloriosamente imperioso no céu acima de nossas cabeças. Seu corpo quente do lado do meu, me aquecendo mais do que o sol. O meu sorriso iluminado pela sua presença, pela sua figura. As gaivotas cantam no mesmo tom das ondas, os corais fazem uma delicada harmonia, nossa respiração faz o solo tão esperando, sua voz em meu ouvido sendo o ponto alto do show. E o mar retomando a sua preguiçosa rotina, depois de unir a nós dois, para sempre, em suas ondas impetuosas... 

Ainda não

O amor está no ar! Acabo de assistir Com Amor, Simon e terminei o livro alguns minutos antes de rever o filme. Fiquei inspirado, é claro.

Nesse momento eu me sento de frente para a janela da sala, vendo o céu cinza e a chuva caindo preguiçosamente. Gosto desse tempo, acho aconchegante, e sinceramente depois dos terríveis dias secos o meu nariz agradece a restauração da umidade aqui no Planalto Central.

Voltando ao livro/filme. É interessante como meus ideais românticos continuam os mesmo desde que eu tinha 13 anos. Mas a história é tão doce que me cativou... Claro que nem o livro ou o filme são verdadeiros primores artísticos, mas a simplicidade foi suficiente pra seduzir esse bobo apaixonado aqui. 

Uma coisa me chamou atenção no filme, que é quando o Simon diz que ele e Blue merecem uma história de amor. Impossível não pensar nisso e não me perguntar se eu também não mereço viver algo assim.

Não consigo deixar de idealizar uma história como essas de cinema. Uma jornada do herói que parte em busca de autodescobrimento e que acaba encontrando o verdadeiro amor. É doce, assim.

E aí eu olho para a chuva caindo na minha frente, e a batida romântica de Carly Rae Jepsen tocando baixinho, e me deixo levar por essas sensações. Me recordo de beijos, de abraços, de olhares, de toques, de momentos. E me pergunto: há no mundo uma história de amor para mim?

Quem sabe um rapaz ainda inseguro de si, mas que descobrirá em mim a coragem para se assumir ou sei lá, apenas um alguém novo que vai aparecer pra mudar toda minha vida. Será que existe alguém assim? Será que existe alguém para mim?

E então me pego sonhando... Como será ele? Seremos como fogo e chuva? Opostos como polos magnéticos? Ou seremos como irmãos, tão parecidos que poderia se dizer que somos um só? Será que ele vai gostar de ir na orquestra comigo, e de ler os meus programas sinfônicos? Será que ele vai gostar de esportes, e me fará assistir Vasco e Flamengo na televisão junto com meu pai? Esses devaneios me dominam... E o mais irônico é que não sei o que fazer com eles, por isso escrevo. Metalinguagem? Não sei... Só sei que esse sou eu, sonhando, com minha história de amor que ainda não aconteceu...

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Que noite!

Que noite, meus amigos, que noite! 
Estou absolutamente exausto, 
mesmo acabando de acordar. 

Noite difícil, 
noite de luta, 
de crises, 
de choros, 
de saudades, 
de calor, 
de barulhos, 
de horrores, 
de desamores.

Quero ficar deitado,
e esquecer
e deixar levar
voar
flutuar.

Quero fechar os olhos,
e sorrir
e dormir
e sumir.

Na verdade,
eu só queria ele aqui,
me abraçando,
me protegendo,
me amando.

Eu ouvi a chuva,
mas ela passou.
Eu ouvi seu choro,
mas ele passou.

Tentei não pensar nele,
mas pensei.
Tentei não suspirar por ele,
mas suspirei.
Tentei não desejar a presença dele,
mas desejei.

Que noite, meus amigos, que noite!

Mudar?

Hoje é dia de refazer algumas coisas. Comecei por arrumar as roupas que saíram da lavadora, depois reorganizei algumas coisas que estavam fora de lugar na mesa do computador e no armário do meu quarto. Tirei algumas, joguei outras fora, troquei algumas de lugar. 

No computador, dia de apagar as fotos daquele passeio que eu quero esquecer. Apagar as músicas que baixei mas nunca ouvi, apagar aquelas capturas de tela que julguei um dia serem úteis e não foram. 

Quero hidratar meu cabelo logo mais, fazer uma limpeza de pele e uma esfoliação nos lábios. Acho que gostei do resultado de alguns dias atrás e quero repetir.

Podia fazer uma limpeza também no meu coração. Excluir aqueles que só se lembram de mim na necessidade, excluir aqueles que só me trazem dor. Quem sabe trocar de lugar o que eu penso de mim mesmo.

Hoje é dia de refazer algumas coisas, de mudar algumas coisas. O que mais eu deveria fazer? 

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Da existência

Quem sou eu? É uma pergunta difícil, e não estou completamente seguro de que sei a resposta. Não conheço uma definição para quem sou, apenas posso dizer algumas coisas a respeito de mim, que no entanto não conseguem abarcar a totalidade do meu ser. Talvez seja um objetivo maior do que minhas capacidades, definir meu ser de forma a abarcar a totalidade da minha existência nessa definição.

Mas eu sou eu, um eu confuso, que luta constantemente contra duas forças conflitantes dentro de si. Que está sempre tentando sobreviver entre as águas impetuosas de uma ansiedade crescente e de uma depressão sempre presente. 

Estou sempre entre o medo de tudo dar errado e a certeza de que tudo vai dar errado mesmo. Eu olho para trás e vejo que nada realizei, olho pro futuro e vejo que não tenho um objetivo a realizar. Olho para os outros e vejo que muitos conseguem realizar os seus sonhos, ao passo que outros desistiram de sonhar, e esses últimos perderam aquele brilho da vida, ficando apenas com a casa opaca da existência pura e simples. Me sinto assim, no mais das vezes, sem brilho, objetivo, sem vida.

Me sinto perdido entre as paredes do labirinto de meu próprio coração. Eu sou um homem apaixonado. Sempre estou apaixonado, e é exaustivo ser assim. Pois eu sempre me apaixono por alguém tão distante de mim que qualquer perspectiva de relacionamento é praticamente impossível. Eu sempre me apaixono por meus amigos, e sempre destruo minhas amizades mais caras por isso. Eu sempre estrago tudo, meu coração sempre estraga tudo. Talvez essa seja minha definição: eu sou alguém que sempre estraga tudo!

Cada paixão que não terminou bem, cada amigo que perdi, cada lágrima que derramei... Tudo isso é o que me marca profundamente, como brasa na carne viva, me lembrando constantemente o grandessíssimo fracassado que sou.

Todos e cada um dos meus relacionamentos ruíram de alguma maneira, e acredito que a nenhum deles eu tenha dado o devido ponto final. Tenho dificuldade com pontos finais. 

Um relacionamento sanfona com meu ex namorado durante meses, terminando e voltando um relacionamento aberto que ninguém nunca soube onde ia parar. Uma paixão obsessiva pelo meu melhor amigo, que por causa dos meus ciúmes doentios hoje tem milhares de ressalvas quanto a minha amizade, sendo meu amigo antes por consideração do que por afeição. O amigo que perdi por não saber entender o que eu sentia por ele. O rolo que volta e meia aparece para assustar meus pensamentos. Aquelas paixões que aqui e ali me fazem tremer e vacilar. 

As vezes me vejo perdido em meio a essa miríade de paixões onde todas e cada uma delas pesa em meus pés me levando para baixo. Ser frustrado assim afetivamente me frustrou também em outras áreas da minha vida.

Formado, com duas pós-graduações e uma segunda graduação em andamento mas desempregado, e incapaz de mudar isso. O medo que tenho de fracassar na profissão que escolhi me impede até mesmo de tentar dar aula. O medo me paralisa. O mesmo medo que também me impede de dirigir, mesmo estando habilitado há mais de 2 anos.

Tudo isso soma-se a lista de fracassos. Os textos que aqui escrevo contém o melhor de mim, esteticamente, e ainda assim são ruins demais para serem lidos por qualquer um, por isso permaneço no anonimato, sendo incapaz de melhorar.

Acho que isso é uma outra definição de mim, ou melhor, o complemento. Se a definição se dá pelo gênero próximo e pela diferença específica talvez eu esteja certo em dizer que sou um incapaz que sempre estraga tudo. 

É, cheguei a uma definição. Mas isso diz realmente quem sou? Me parece que sim...

As mil e uma funções na Igreja não desmentem o que sou. Posso cantar ou cerimoniar em quantas missas forem necessárias. Posso organizar quantos eventos me pedirem. Posso responder a perguntas que muitos teólogos não conseguiriam, mas isso não me torna mais capaz. Não muda nada pois quando chego em casa, o fracasso está sempre me olhando e me esperando de braços abertos. Não muda nada pois quando deito minha cabeça no travesseiro a noite, a solidão me assola de tal maneira que eu acredito que sacrificaria tudo isso para ter alguém ali comigo. 

Eu sou dependente. Carente. E depender de outro alguém pra ser feliz é patético. Mas sou incapaz de ser feliz sozinho. 

Mas eu continuo lutando, continuo me esforçando, e não sei qual o motivo de minha luta, qual a razão de meu esforço. Só sei que continuo me machucando. 

É realmente uma existência patética!

O Eu através do espelho

Depois de muitas semanas relutando eu resolvi mudar um pouco o visual. Aparei a barba, que já parecia com a do finado Osama Bin Laden, limpei a pele, pintei os lábios e fiz uma hidratação no cabelo, além de aparar os pelos do peito também.

Pode parecer um detalhe bobo, mas eu não tinha vontade de fazer nada disso. Cheguei a ir para a igreja de pijama, tamanha minha incapacidade de me mover. Eu me olhava no espelho e não via nada de bom ali, e essa falta de perspectiva me desanimava.

Admito que estava feio, mas por me sentir feio e não acreditar que podia mudar. Mas mudei!

Quando acabei, eu olhei no espelho, tirei uma foto e por incrível que pareça gostei do que vi! Não me senti inferior aos blogueiros que vejo e nem aos atores que acompanho. Por um momento eu olhei nos meus próprios olhos e vi uma centelha de esperança genuína. E gostei do que vi!

Eu sou bonito, e consegui ver um pouco dessa beleza hoje. Pra quem muitas vezes sequer conseguiu sair de casa por VERGONHA da própria aparência, me sinto outra pessoa! E gosto do que vejo!

É estranho às vezes olhar no espelho e não se reconhecer, assim como é estranho tornar a me enxergar. É como se eu sumisse por determinados períodos e reaparecesse em outros. Mas eu sou assim, confuso. 

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Devaneios de uma noite qualquer


Isso é um risco para mim mesmo. Estou montando uma armadilha numa estrada que irei pisar. Não tem como isso dar certo. 

Essa proximidade, esses abraços, esses momentos de íntimas confissões, tudo isso tem pra mim um significado distinto do que tem para qualquer um outro. Um abraço que para alguém é apenas um momento de ternura para mim é uma entrega de corpo e alma a outro ser que decidiu se encontrar com nosso ser. 

Isso é perigoso. Esse tipo de proximidade é tóxica para mim, é uma armadilha preparada pelas minhas próprias mãos para me levar a morte, ou ao sofrimento.

Fui feito para a distância segura da solidão. A proximidade me faz contemplar olhares que não são capazes de me enxergar, me faz fitar lábios que não posso beijar, corpos que não posso tocar.

Mais uma vez eu me vejo sabotando meu coração, e subestimando os meus desejos carnais mais impuros e bestiais.

Mas o que fazer? Para onde correr? Que limites impor? Como fugir de algo que aconteceu de forma tão natural que só percebi quando já estava feito? 

A efemeridade de sua presença

As pessoas se distanciam. 
Você se distancia.

E pede que eu o compreenda.

Como posso entender a sua partida
Se você era meu único motivo pra ficar?

Como posso aceitar que você se vá
Se você aqui comigo é meu único desejo?

Mas você vai de qualquer jeito. 

Como as flores de cerejeira você pintou de rosa o meu coração
Mas partiu com os ventos da estação.

Você se vai porque eu não sou um motivo pra ficar.
Você se vai porque não sou uma prioridade pra você.

Ocupo os recessos de sua consciência.
À margem da sua consciência.

Uma sombra, apenas.

Se qualquer uma delas pedisse que ficasse, você ficaria. 

São todas prioridades, 
são todas mais importantes. 
São todas mais interessantes.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Aniversário do melhor amigo

Escrever sobre, ou para, você não é difícil. Prova disso são as dezenas de páginas em que você direta ou indiretamente aparece nos meus escritos, e acho que o destino está ao meu favor nesse momento pois, assim que me sentei aqui, percebi o céu nublado e a chuva lá fora, seu clima favorito não é?

Mais um ano do bebê que agora tem mais barba que eu. O último ano foi marcado por tantos altos e baixos... Acho que pra nós dois é certo dizer que vivemos numa montanha russa, daquelas bem russa mesmo! 

Mas sabe? Eu tenho poucas certezas na vida, e uma delas é a de que sem você eu não teria sobrevivido. Então a gratidão que tenho para com você é mais do que pelo companheirismo, pela gentileza, pela preocupação, é gratidão por ter me feito viver e ver que a vida pode ser melhor. Das muitas pessoas que me rodeiam, você é a única que levaria para sempre comigo. Você é a única que nunca quero ferir o magoar, e se o fiz não foi por querer, pois quando você se fere, uma parte de mim se machuca também. Você é a única cuja opinião sobre mim vale mais do que a minha mesma. 

Quantas vezes você me fez sorrir, sem perceber e quando eu só queria chorar? Quantas vezes você num abraço me fez esquecer de tudo ao meu redor? Quantas vezes você me mostrou que existem sim pessoas de caráter? 

Por tudo isso e por muito mais, que não caberia dizer aqui mas num livro que futuramente escreverei, eu agradeço! Agradeço a você por seu amigo, agradeço pelos momentos que passamos juntos, agradeço por ter você em minha vida e agradeço principalmente a Deus, por ter te colocado em meu caminho! 

Parabéns e que Deus o abençoe infinitamente, meu amigo!

Névoa de Sangue - Pt. 2

ATENÇÃO: Contém cenas inadequadas para menores de 18 anos.

A viagem, que se iniciou as pressas no meio da noite, demorou ainda um dia inteiro para chegar ao seu destino. O sol forte aqueceu o metal da carroceria onde o pequeno assassino fora preso, deixando-o desconfortável e fraco.

Seus ferimentos não doíam mais. Algumas horas eram suficientes para que se fechassem completamente, deixando apenas as faixas sujas de um rubro que, em contato com sua pele clara e o quimono rosa, lhe davam um aspecto estranhamente feminino.

Teve sua cabeça coberta quando chegaram a mansão. Recobrou a visão apenas alguns minutos depois, quando fora lançado num chão frio e tosco de pedra úmida.

Depois que fecharam a porta grossa de metal, ele observou que a única entrada de luz era uma pequena abertura próxima ao teto, fechada com grossas grades. Certamente o local era muito utilizado, pois haviam marcas de sangue e rasgos na parede que indicavam que alguém ficara ali por muito tempo.


domingo, 16 de setembro de 2018

Névoa de Sangue - Pt. 1


A comitiva chegou silenciosamente, mas nem por isso chamou menos atenção do que se tivessem trago consigo dançarinas e trombetas. Os primeiros cavaleiros carregavam grandes bandeiras, com um brasão simples pintado nelas, bem como os últimos da comitiva. Soldados fortemente armados com lanças e espadas formavam um grande cortejo que culminava numa carruagem simples, mas que por estra ali já obrigava nos transeuntes que ali estavam um certo respeito.

O jovem observava atentamente, de uma torre no hotel que ficava de frente para o que fora alugado para a comitiva daquele importante governante. Ficaria ali por uma noite, onde participaria de uma reunião com homens de negócios e retornaria novamente para sua residência, um pouco distante dali, do dia seguinte. 

Um. Dois. Oito. Doze. A segurança era rígida, e soldados cobriam cada metro do terreno do hotel que, além do dono e de sua esposa, contava apenas com alguns poucos funcionários de confiança que não foram dispensados naquele dia, para cuidar daquele cliente tão poderoso.

Ele observou atentamente a formação dos homens, e percebeu que mais de uma equipe de segurança havia sido contratada. Certamente alguns ninjas inclusos e disfarçados entre os soldados. Ao cair da tarde saiu de seu esconderijo e avançou rapidamente pelos pontos cegos que conseguira identificar. A cada hora os soldados trocavam de lugar e nessa hora alguns minutos entre um ajuste de posição e de armadura davam a ele a abertura necessária para silenciosamente conseguir entrar e esperar no depósito de alimentos, que ficava no fundo do estabelecimento.

Aguardou pacientemente até que anoitecesse, atrás de uma alta pilha de sacos de arroz. Observando pelas frestas da porta de madeira cruzada que dava para o pátio dos fundos, onde os funcionários certamente deveria ficar nos dias mais quentes. Sabia que durante a noite o número de serviçais deveria ser ainda menor.

Uma moça pequena avançou para pegar água no poço que havia ali, e enquanto o balde se enchia de água na pequena torneira que havia ao lado do poço, ela foi em direção ao depósito. Era a hora. Rapidamente ele avançou, silenciando-a com um golpe certeiro com a palma da mão em seu flano, fazendo a cair debilmente como uma boneca de trapos em cima dos sacos de arroz, que abafaram a queda. Ele a amarrou e amordaçou depois de lhe tirar o uniforme, um quimono rosa cheio de flores coloridas, que serviu justamente. Sua aparência feminina, delicada e esguia, seria ideal para enganar os soldados e se passar como funcionária do hotel. 

Esperou pacientemente até que sua presença lhe fosse solicitada, fugindo dos olhares dos outros funcionários, que saberiam que ele não fazia parte do número dos responsáveis pelo estabelecimento, mas sem se importar com os soldados, que não o conheciam de qualquer maneira.

O chá da noite fora servido numa porcelana fina, mas os soldados não permitiram que ele se aproximasse do casal que ali se hospedava. Deixou a bandeja no chão, próximo a porta e se afastou, para que o responsável se encarregasse de entregá-la ao seu senhor. Quando se ajoelhou, uma parte de sua perna se tornou visível pela abertura do quimono, o que despertou o olhar de dois, dos quatro, soldados que ali estavam. Era suficiente. Quatro soldados na antessala que dava para o quarto dos hóspedes ilustres e mais seis na antessala seguinte.

Mais do que rapidamente ele lançou uma pequena pedra na lâmpada acima de suas cabeças e num movimento rápido sacou a wakizashi escondida nas dobras de suas vestes, avançando em direção ao quarto.

Lançando-se no ar e rodopiando derrubou os dois soldados que estavam mais próximos a porta, e com uma cambalhota entrou no quarto, esperando apenas alguns segundos para acostumar-se com o quarto e para identificar seu alvo. Com apenas um salto ele chegou a cama, onde seu alvo assustado o encarava. Estava nu sobre a cama, e tentava alcançar uma faca, provavelmente escondida embaixo das almofadas. Tolo.

Antes que o governante percebesse o seu assassino estava sobre ele, com um joelho apoiado sobre seu peito e a espada curta na garganta.

- Tenho um recado para você, maldito - sibilou como uma serpente - sua família nunca mais vai interferir em nossos negócios.

A essa altura os soldados desbaratados já haviam entrado no quarto. Ele cortou a garganta do homem rapidamente, e logo se lançou para trás, girando num salto por sobre o corpo que jorrava sangue quente. Encarou os soldados que lotavam o cômodo e sabia que o número deles ali o impediria de escapar.

- Avancem! - Uma voz jovem e firme gritou, e o assassino sabia ser de um dos soldados cujo olhar brilhara ao vê-lo ajoelhado segundos antes.

Ele derrubou dois dos homens lançando-se no ar novamente com a fluidez de uma pluma, e partiu ao meio a lança de um terceiro. Mas só teve tempo de dar um salto para trás quando uma lança penetrou fundo em sua coxa, enquanto outra entrava eu seu ombro logo em seguida.

Urrando de dor ele se ajoelhou, a perna ensanguentada tremendo, e fitou com ódio os soldados que o olhavam assustados. O homem responsável por dar as ordens saíra do quarto, gritando para que mais soldados fortalecessem o perímetro e que fossem verificar se seu senhor estava bem, no outro quarto.

Era uma última proteção, ele matara provavelmente um soldado, enquanto seu senhor estava em outro quarto, provavelmente não tão bem guardado, para evitar suspeitas.

A confusão dos momentos seguintes não distraiu o pequeno assassino, disfarçado de empregada, de sua dor lancinante na perna e no ombro. Decidiram que a comitiva partiria imediatamente, temendo novos ataques. Enfaixaram toscamente suas feridas enquanto o amarraram, pois seria levado para interrogatório na mansão do senhor, para descobrirem quem fora o mandante daquele atentado.

Disputas de poder são comuns, principalmente entre famílias que possuem grandes ambições e pouco, ou nenhum, escrúpulo. Assassinatos são comuns. Contratar mercenários e ninjas é tão normal quanto vender e comprar para aquela gente. Os assassinos não são mais do que meras ferramentas, que emprestam seu corpo e suas técnicas letais em troca de um soldo gordo. Essa era a realidade, o pequeno ninja pensava enquanto era lançado numa carroceria de ferro que lhe seria sua prisão até que chegassem na mansão.

Fora lançado no chão metálico com violência, fazendo reabrir os ferimentos causados pela lança. O chefe da guarda, que ele reconhecera pela voz, mandou que ficassem atentos a qualquer movimento. Ele notou um olhar de deleite no homem, antes que lhe fechassem as portas da carroceria a sua frente.

Infiltração concluída com sucesso!

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Tchau

Me desculpem as palavras, mas o que tenho a dizer precisa ser dito da forma como preciso dizer. E assim será. 

Nos últimos dias eu tô meio foda-se! 

Foda-se pra tudo! 

Foda-se pra todos! 

Não quero perder meu tempo e muito menos a minha já parca saúde mental por causa de ninguém. E principalmente se esse alguém for alguém que não tá nem aí para mim. 

Quer ir? Vai. 

Se é por falta de adeus: tchau! 

Quer ficar? Saiba que eu não correr atrás e nem me jogar aos seus pés me humilhando, como sempre o fiz! 

Não vou morrer por você. 
Não vou correr atrás de você. 

Não quero e não vou!

Daqui do meu lugar eu vou continuar olhando pro horizonte, e sonhando, certamente com sua presença. Mas não vai passar disso. Não serei o tolo que você espera que eu seja. 

O meu segredo ainda é meu, e meu nome ninguém nunca saberá!

Da história que se repete

Ele apoiou a cabeça sob o meu peito, e minha mão lhe acariciava as costas, de forma consoladora. As lágrimas que durante todo o dia ele segurou enquanto trabalhava ou estudava se libertaram. Correram pesadamente sob sua face negra, quentes, como grandes gotas de chuva a cair no asfalto quente de num temporal de primavera. Se derramou, se desfez num choro silencioso, a mão débil segurando meu braço, a respiração vacilante, a voz fraca...

No meu quarto apenas a luz amarelada dos postes da rua entrava pela janela. Uma penumbra bonita de se ver se formava com o balançar das cortinas provocado pelo ventilador, o ruído desse quase na mesma altura da música, onde um pop rock cantava alegremente em claro contraste ao choro dolorido que no meu braço aquela figura chorava. 

É estranho como os homens se obrigam a parecerem fortes. Como se obrigam a certas situações pelo medo de ficarem sozinhos. Como se apegam a situações absolutamente destrutivas e insuportável apenas pelo medo da solidão, sem perceber que o sofrimento que dali recebem é maior que o de que qualquer solidão.

E essa necessidade os cega, e os torna incapazes de sequer imaginar que algo melhor pode acontecer, se decidirem se livrar das correntes que os prendem a seus amores. E os homens se desfazem em lágrimas, sem saber que poderiam aproveitar também da vida sozinhos, sem dependerem de pessoas que apenas os fazem sentir dor. Não creio que o amor possa trazer tanta angústia assim. Não quero acreditar que o amor, tão belo e poderoso como dizem, possa destruir alguém assim.

Mas, enquanto o amor próprio não for a medida, a carência será responsável pelas lágrimas de incerteza e medo. Enquanto não se puder abrir os olhos para um outro rumo na vida, as lágrimas ainda serão a única realidade conhecida...

terça-feira, 11 de setembro de 2018

De acompanhar e abandonar

Às vezes eu olho para as pessoas que me procuram, e vejo em seus olhos a dor da vida, a dor de um sofrimento genuíno, e a dor de um peso que elas não mais conseguem suportar, um fardo que há muito já os impediu de avançar.

Na medida do possível eu tento ajudar. Tento ouvir, as vezes aconselhar, ou simplesmente me colocar ali, a disposição, sem julgar, sem me intrometer, apenas sendo o que precisam que eu seja. Vejo que poucas são as pessoas que assim o fazem. Vejo que poucos estão disposto a ouvir, a serem ombros amigos, e acho que encontrei o motivo.

Acontece que algumas pessoas sempre se disponibilizam assim, mas quando elas mais precisam também, pois as vezes o peso de muitos se torna demais para apenas um carregar, os outros somem. E sozinhas elas são obrigadas a enfrentar o que os outros tiveram sua ajuda para fazê-lo, e encontram a solidão onde elas não permitiram que os outros ficassem sozinhos. 

Tento ignorar a dor dos outros, e as vezes consigo. Me vejo sendo frio, em situações que normalmente não seria, e acho que aos poucos venho perdendo aquela sensibilidade que antes me fazia tão diferente. É com tristeza que me olho no espelho e vejo que o egoísmo que um dia eu condenei hoje é meu porto-seguro nas tempestades de meu próprio coração. 

Isso porque eu vejo que estamos de fato sozinhos, e a frialdade que tanto combati era o amadurecimento tardio que ainda não tinha vivenciado. As pessoas são frias porque aprenderam a sê-lo com os outros, e um após o outro ensinam essa verdade, perpetuando-a em nossa história.

As vezes o peso dos outros se torna demais para nós, e precisamos deixar que eles mesmos os carregue, cada um a seu fardo. E assim vamos, caminhado sozinhos, rumo a solidão eterna que nos aguarda em nossos féretros.  

De heróis e príncipes

Uma nave cruza o céu estrelado em busca de aventuras. A trilha sonora eletrizante nos leva a crer que existem heróis que lutam por aí pela paz, pela justiça e pela ordem. Gosto de histórias de heróis. De mulheres e homens fortes, que lutam por seus ideais, e lutam por aqueles que não podem lutar. Nos protegem mesmo sem sabermos de sua existência, sacrificando suas vidas em razão das nossas. 

Sempre fui muito sonhador, sempre estou me imaginando como um herói. Um alto e forte, poderoso. As vezes resgando o céu com grandes asas coloridas ou controlando os elementos da natureza, ou ainda dotado de habilidades de batalha letais. 

Onde estão os homens bons, me digam por favor. 
Onde estão os homens de coragem e valor? 
Onde estão as histórias de aventura, as grandes histórias de amor?

Posso sonhar com meu herói, que de capa e roupa colada vem pra me salvar dos meus demônios? Gosto dessa visão. Acho que mesmo sempre me imaginando como herói, também sempre me vi como a princesa frágil e em perigo, esperando para ser resgatada...

Fico então deitado, esperando que meu corajoso príncipe venha me resgatar, das garras malignas do dragão da solidão, que me devora lentamente com suas chamas, as mesmas chamas que me abrasam o coração. 

Ele atravessou desertos, enfrentou bandidos e arruaceiros, lutou contra feiticeiros, apenas para me encontrar, apenas para dar um beijo libertador ao seu príncipe aprisionado pelo demônio. Juntos voltaremos, voando em um cavalo alado, vendo as belas paisagens de um mundo fantástico, de uma terra onde os animais mágicos ainda existem, e onde o amor verdadeiro ainda acontece.

Onde você, meu príncipe encantado? 
Onde esta você, meu herói encapuzado? 
Onde está você, meu amado enfeitiçado?

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

(outro) doce sonho

Eu me pego pensando em você e começo a sorrir. É um sorriso doce, me disseram, e eu gosto de sonhar com você. Me vejo pensando em você ao meu lado, sorrindo comigo, e eu sei que esse é um sonho bobo.

Me vejo pensando em você comigo, quem sabe na cozinha, quem sabe sendo feliz como meu marido. Seu sorriso parecia feliz sabe? Cozinhávamos juntos, você meio atrapalhado, eu aprendendo a te ensinar. Você cantava para mim, eu sorria, ternamente. Queria que esse momento durasse para sempre. 

Mas não durou...

Foram apenas alguns instantes breves, um lampejo de alegria motivado pela poética luz do sol nas janelas da cozinha... Um devaneio, uma leve brisa que veio, balançou e depois cessou...

É uma pena saber que não é verdade, que tudo não passou de uma ilusão.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Parágrafo único

Portas fechadas, música alta. Tentando abafar os meus gemidos e suspiros. Tentando não enlouquecer completamente. Sozinho aqui, a luz do sol toca minha pele mas mesmo assim eu sinto frio. Parece que vou congelar. Meus braços doem, minhas pernas não respondem aos meus comandos. Meus olhos insistem em pesar e chorar. Sinto como se meus músculos estivessem se desfazendo, derretendo, e meus ossos esfarelando-se. Sinto como se estivesse desaparecendo, mas uma corrente pesada ainda me prende a essa realidade maldita. Eu fecho os olhos e um pesadelo se passa na minha mente, e abro os olhos e é como se eles ainda estivessem fechados. O medo. A dor. A solidão. Você está em algum lugar longe de mim fisicamente, mas a distância é maior do que eu posso conceber. Estamos em mundos diferentes. No meu mundo só existe você, e eu não existo no seu mundo. Eu quero sumir. Eu quero correr até os meus pulmões explodirem, até meu coração sair pela boca. Eu quero gritar, eu quero me cortar, quero sentir o sangue quente deixando meu corpo e parando de fazer eu sentir dor. O meu sangue se transformou em veneno. Esse veneno está me matando. Meu amor por você está me matando. Quem é esse que me olha no espelho? É meu algoz? É ele que veio para me tirar a vida? É ele que veio para me libertar? Pois pode levar, leva tudo, já não me restou muita coisa, leve-me daqui. Não há razão, no mundo, para continuar. Não há no mundo exílio para meu coração. Não há... 

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Das (minhas) flores

É uma realidade cruel, 
o silêncio com o qual você me presenteia
enquanto eu busco dar a você o meu melhor. 

É uma realidade cruel,
o florescimento aqui no meu peito, 
enquanto seu peito é para mim uma terra de pedras. 

Frias, mortas. 

Não posso florescer em ti, 
e por isso as flores do meu peito começar a sair pela boca. 
Você aceita as flores que tenho para você? 

Não aceita, não é? 

As flores que tenho não são da cor que você deseja. 
O meu jardim não é belo aos seus olhos. 
As minhas flores não são o coração que você almeja. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

De olhares, infinitos e flores

Eu olho no fundo dos seus olhos, e os vejo brilhando contemplando o horizonte que se estende a sua frente. O oceano de possibilidades que te cativa, os sonhos que você têm e as aspirações que o movem. E sinto uma lâmina fria perfurando meu corpo, tingindo de rubro os meus pés e me fazendo curvar perante a morte. 

O seu sonho me machuca porque eu sei que não faço parte dele. O seu sonho é o meu pesadelo mais terrível. Você contempla o horizonte, e o sol do fim da tarde ilumina seus olhar de esmeralda, e eu me perco naquela imensidão da minha cor favorita. No horizonte você vê sua família daqui alguns anos, você vê seus sonhos se realizando, você se vê sorrindo ao lado de uma mulher e de filhos. E eu não estou lá. 

E enquanto você contempla seu sonho, com seu olhar esverdeado, os meus olhos se tornam rubros como sangue, e esse sangue escorre da minha face em grossas lágrimas do mais absoluto sofrimento por não me ver ao seu lado no futuro. 

E então enquanto você olha o horizonte e sorri, eu olho para baixo enquanto cultivo minhas lágrimas no barro vermelho de meu sangue. As flores que ali nascem são como as que florescem dentro de mim, vindas da improbabilidade de um amor que nunca vai acontecer. 

Seu olhar contempla o infinito. A galáxia dos seus olhos me mostram isso. E eu não tenho lugar no seu infinito particular. O meu olhar contempla o chão, a morte, a solidão, e mesmo aqui, só há você em coração. 

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Faísca

Ainda que este mundo
Pareça querer me prender a ele
Seria tão bom quanto ele pensa?
Lutando lindamente todos os dias
Enquanto olhamos nossas ampulhetas
Deveríamos nos beijar
Vamos fazer um plano de nos encontrar
Onde for o mais longe possível do adeus

Finalmente a hora chegou
Tudo até ontem foi um prólogo
Porque você pode pular a leitura
A partir daqui serei eu
Minha experiência e minha habilidade
E toda a coragem que tinha, começaram a mofar
Em uma velocidade nunca vista
Mergulharei até onde tu estás

E quando eu cochilei numa lata morna de Coca-Cola
Sonhei em um lugar que não está aqui
Fora da janela da sala de aula
Ou de uma manhã agitada e carregada em um trem
Destino e futuro
Enquanto palavras como estas nas suas mãos
Esticarem eu jamais as soltaria
Façamo-nos amar enquanto estivermos lá

Mesmo que as agulhas do tempo
Sigam sem nem direito nos ver
Nós continuaremos a viver aqui, não só aqui, como em qualquer lugar
Nós vamos sobreviver!

Foi um prazer te conhecer
Levarei você muito muito longe
Depois de mil anos
Respiraremos novamente

Como eu odiei um mundo sem vida
Isso é a definição exata
Que eu vi no meu Caleidoscópio
Numa manhã monótona de Agosto

Quando você apareceu na minha frente
Você pareceu tímida, mas consegui notar seu rosto sorridente
Como se fosse o manual desse mundo
De como colocar um sorriso no seu rosto

Eu procurei por Incríveis, pelo significado de Inacreditável
Eu até espero por tragédias se elas vierem com um sentimento
Mas quando você estava na frente da minha porta
Com tudo que eu pudesse querer nas suas mãos

Palavras como Amanhã, Futuro ou Destino, não importa o quanto elas estendam suas mãos
Vamos respirar, e sonhar, vamos brincar juntos nesse tempo. O que você me diz?

Até o jeito como você amou, eu juro que podia sentir seu aroma
Eu podia ouvir aquele riso brilhante
Já que um dia você vai desaparecer eu vou manter cada parte de você
Tenha certeza de que não vou me esquecer
Não é um direito que cabe a mim. Mas vou lutar

Palavras como Amanhã, Futuro ou Destino, não importa o quanto elas estendam suas mãos
Nós respiramos, nós sonhamos, e amamos mais numa terra além do tempo e que não pode ser alcançada
Até os segundos, horas e os ponteiros do relógio nos olham de lado enquanto fazem tique-taque
Eu espero poder ter pra sempre pra gastar nessa vida, não - em todas as outras vidas

Bem aqui, nesse mundo, com você

Tradução de Sparkle, do RADWIMPS
Trilha sonora de Your Name/Kimi no na wa

O que eu sou?

A música que toca no player agora é outra. Eu mudei, e muito, nos últimos anos, mas algumas coisas continuam iguais. 

A minha melancolia continua a mesma. A minha mania de sofrer por quem não gosta de mim.  O meu costume de tentar florescer onde não me querem continua o mesmo. 

As pessoas crescem, mudam, aprendem com seus erros, evoluem. E eu continuo estagnado, parado no mesmo lugar sem nunca conseguir mudar, sem nunca conseguir parar de chorar pelos mesmos motivos.

Mas o que eu posso fazer, se ainda desejo ficar ao seu lado, te proteger da dor, mesmo que você seja a causa da minha dor? O que posso fazer se tudo o que mais quero é um abraço seu, e me perder em seu olhar de esmeralda? O que posso fazer se o meu mundo todo gira ao seu redor? O que posso fazer se quero me perder em seus braços, sumir em meio ao seu corpo e me fechar em seu peito? 

Minha idade aumenta, mas a minha maturidade emocional não. Eu continuo sofrendo como um adolescente bobo que nada conhece do mundo e que ignora a realidade ao meu redor. De todas as pessoas do mundo eu escolhi para amar aquela que nunca olhará para mim. E isso porque meus pais e professores sempre me trataram como alguém mais inteligente que a maioria. Ah, se soubessem a verdade, se soubessem que na verdade meu talento pra enxergar a realidade é tão pueril que chego a questionar se sou mesmo um homem. 

Não, me considero menos do que isso. Me considero algo, indefinido, entre homem e animal. Com aparência humana, mas movido por instintos tão animalescos que poderia facilmente me passar por um. 

Um animal que não aprende com seus erros. Mas até os animais podem aprender que isso ou aquilo lhes será prejudicial, eu não, continuo cometendo exatamente os mesmos erros, e sofrendo pelas mesmíssimas razões de anos atrás. Ou seja, eu sou menos do que um animal? Mas o que eu sou? Obviamente eu não sou capaz de responder a isso, mas eu devo ser alguma coisa, e o que quer que eu seja, devo ser algo tão patético que sequer mereço um nome. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Aglutinação

Sabe, há pouco tempo eu desenvolvi a estúpida habilidade de esconder o que sinto, e atrás de um sorriso colocava minha dor. Sob o disfarce de flores eu escondia um pântano lamacento, onde eu chafurdava sem esperança. 

Aprendi a sorrir, a fingir que nada estava acontecendo, a deixar pra lá, a não falar a respeito. Acreditava que se fingisse que tudo estava bem, as coisas ficariam bem de verdade. Mas a verdade é que isso nunca aconteceu.

As situações só foram se acumulando. 

Eu venho funcionando pela simples aglutinação de problemas, medos, dores e ressentimentos. 

As pessoas da Igreja abusam de mim; Meus amigos não conseguem compreender o que sinto; Meu amado não me enxerga; Eu estou paralisado em minha vida, sem conseguir evoluir em nenhuma área; Meus pais não enxergam isso também, e eu tenho certeza que isso ta afetando minha saúde mais do que eu consigo notar. 

Tem dias que as dores são insuportáveis. A ansiedade sobe pelo peito para a garganta e explode nas costas. Meus braços e pernas são paralisados, minha mente dispara a correr a 350 km/h na contramão e eu sou tomado pelo desespero.

É segunda, e eu estou aqui, sentado na frente do computador, chorando, sem nenhuma perspectiva de contemplar o céu azul que se estende lá fora. As pessoas sorriem ao meu redor, e até aquelas que não sorriem não parecem se desesperar por nada. Mas por algum motivo há em mim esse ímpeto de horror, esses pensamentos que sempre estão aqui, como um fantasma na minha consciência.

Já não sei quem sou, ou o que sou. Não reconheço a garatuja me olha no espelho, não reconheço a voz que sai da minha boca. Nem mesmo os pensamentos que pululam na minha cabeça são meus...

Eu tenho vergonha de admitir que tenho esses pensamentos. Alguém como eu, que tem praticamente tudo na vida não deveria reclamar. Mas eu não sinto como se tivesse tudo, na verdade, sinto como se nunca tivesse tido nada que queria. E isso me torna infeliz. 

Me faz querer pôr um fim a tudo isso.

Me vejo como um completo desperdício de espaço. Sou uma pessoa desnecessária, alguém que não tem motivos pra continuar insistindo. 

E esse pensamento sempre me acompanha. 

Eu busco aprovação, eu busco atenção, eu busco carinho, eu busco compreensão. Mas no lugar errado e das pessoas erradas. E o erro é meu, mais um erro meu. Eu sou uma contínua sucessão de erros...

Mesmo quando as pessoas me procuram pedindo ajuda, quando me mostram que sou necessário, quando dizem que precisam de mim, eu sinto que não é verdade. Sinto que qualquer outra pessoa poderia fazer tudo que faço dez vezes melhor. 

E eu tento não pensar nisso. Tento pensar que sou importante, mas não consigo ver as coisas assim. Não consigo parar de pensar que a morte seria uma ideia melhor. 

Pra alguém como eu... 

Onde queria estar

Não importa, nada importa, você não se importa, mas eu estou na Terra do Nunca. Ou melhor, é pra onde eu gostaria de fugir de você. 

Queria fugir para um lugar onde nem mesmo as lembranças de você existissem. Onde eu pudesse fechar meus olhos em paz, sem que com isso tenha de sonhar com os seus olhos. 

Eu olhei bem fundo em seus olhos, iluminados pela luz do sol eles se tornaram verdes como as águas esmeraldinas de uma fonte secreta. E eu mergulhei neles, mas não encontrei alegria ali. Quando olho em seus olhos eu vejo seus desejos e sonhos, e vejo também suas tristezas e decepções. Você conseguiria dizer o que penso se olhasse em meus olhos? Talvez, se você olhasse realmente para mim e não sempre através de mim... 

E na verdade eu não gostaria de ir pra Terra do Nunca, mas sim de ficar aqui ao seu lado. Não importa de verdade onde seja, se você estiver comigo já será um lugar perfeito. Mas se não posso tê-lo ao meu lado sem que com isso eu caia num abismo de solidão e desespero cada vez que pensar em você, prefiro fugir daqui, ou morrer. 

E é em momentos como esse que a alegria, fugaz, dá lugar a morbidez que já se tornou minha companheira inseparável. A melancolia que já faz parte de mim, como num crescendo se apossa do meu ser, e minha carne e meu espírito passam a ser movidos pelo desespero da constatação de não ser amado. 

Isso porque eu olhei bem no fundo dos seus olhos, e vi que eles não brilhavam por mim. Sequer me enxergavam, e em todo o mundo não há outro lugar que eu gostaria de estar senão que em seus olhos, em seu coração...

sábado, 1 de setembro de 2018

Querer e não querer

É uma ironia estranha, quem eu quero nunca vai me querer, e quem me queria agora já não me quer mais. É com uma risada macabra que penso sobre essa constatação, como uma das verdades mais frias da minha vida. 

Acho que fui chutado mais uma vez. Não sei precisar ao certo se essa foi a terceira ou quarta vez que me pedem um tempo, um espaço, ou que me dizem que devemos ser apenas amigos. Sendo sincero, nada da minha filosofia me ajuda a encontrar uma posição aceitável frente a isso. 

Deveria ir atrás? Mostrar o quanto ele é importante pra mim? Mas isso só causaria mais confusão, e mais dor de cabeça, afinal eu não posso reclamar da indecisão dele quando meu coração também se encontra não dividido, mas indeciso quanto ao que é certo e melhor pra cada um de nós.

Talvez o certo seja um ponto final. E assim livres seguiremos cada um uma jornada de autoconhecimento que possa esclarecer nossas mentes distorcidas. Enfim, admito que também me falta disposição para correr atrás. Meu corpo, e principalmente minha cabeça, não tem mais forças pra isso, já é um esforço tremendo lutar contra os fantasmas que diariamente tentam me seduzir para abraçar os tentáculos gelados da morte. Não há força pra mais nada, o pouco que resta eu uso na investigação filosófica, na esperança de manter alguma ligação, por mais ínfima que seja, com a realidade, na tentativa de não enlouquecer de vez e ir parar no hospício que já há muito me aguarda. 

Por conta disso a tarde de hoje foi marcada por dores efervescentes, filhas da crise de ansiedade que me abduziu completamente. Estão se tornando cada vez mais incapacitantes... Isso me preocupa, e acho que eu devia ir ver logo um médico (de novo).

Foi difícil lidar com uma presença durante o dia. Eu, poucos metros distante dele, desejando sua presença próxima a mim mais do que qualquer coisa. Meu corpo gemia e clamava, mas eu me silenciei, e tentei dormir, muito embora as dores me impedissem de dormir e de me mexer, me deixando num estado de letargia quase total, onde eu não me movia um centímetro sequer, mas minha mente se movia a uma velocidade assombrosa. Querer e não querer, com a mesma intensidade, é de enlouquecer...

O resultado? Estou absolutamente exausto! E ainda faltam metade das atividades do fim de semana, e meu coração já pede por descanso, já clama por repouso. Toda essa situação me deixa cansado, e a fadiga já está me cobrando uma taxa, uma taxa alta demais...

Mas o que fazer, quando a sua presença é pra mim um desejo e uma tortura? A sua presença me fere, ao mesmo tempo em que me cura, pois uma ferida de amor só se cura com a presença e a figura.