sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Parágrafo único

Portas fechadas, música alta. Tentando abafar os meus gemidos e suspiros. Tentando não enlouquecer completamente. Sozinho aqui, a luz do sol toca minha pele mas mesmo assim eu sinto frio. Parece que vou congelar. Meus braços doem, minhas pernas não respondem aos meus comandos. Meus olhos insistem em pesar e chorar. Sinto como se meus músculos estivessem se desfazendo, derretendo, e meus ossos esfarelando-se. Sinto como se estivesse desaparecendo, mas uma corrente pesada ainda me prende a essa realidade maldita. Eu fecho os olhos e um pesadelo se passa na minha mente, e abro os olhos e é como se eles ainda estivessem fechados. O medo. A dor. A solidão. Você está em algum lugar longe de mim fisicamente, mas a distância é maior do que eu posso conceber. Estamos em mundos diferentes. No meu mundo só existe você, e eu não existo no seu mundo. Eu quero sumir. Eu quero correr até os meus pulmões explodirem, até meu coração sair pela boca. Eu quero gritar, eu quero me cortar, quero sentir o sangue quente deixando meu corpo e parando de fazer eu sentir dor. O meu sangue se transformou em veneno. Esse veneno está me matando. Meu amor por você está me matando. Quem é esse que me olha no espelho? É meu algoz? É ele que veio para me tirar a vida? É ele que veio para me libertar? Pois pode levar, leva tudo, já não me restou muita coisa, leve-me daqui. Não há razão, no mundo, para continuar. Não há no mundo exílio para meu coração. Não há... 

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