quarta-feira, 5 de setembro de 2018

De olhares, infinitos e flores

Eu olho no fundo dos seus olhos, e os vejo brilhando contemplando o horizonte que se estende a sua frente. O oceano de possibilidades que te cativa, os sonhos que você têm e as aspirações que o movem. E sinto uma lâmina fria perfurando meu corpo, tingindo de rubro os meus pés e me fazendo curvar perante a morte. 

O seu sonho me machuca porque eu sei que não faço parte dele. O seu sonho é o meu pesadelo mais terrível. Você contempla o horizonte, e o sol do fim da tarde ilumina seus olhar de esmeralda, e eu me perco naquela imensidão da minha cor favorita. No horizonte você vê sua família daqui alguns anos, você vê seus sonhos se realizando, você se vê sorrindo ao lado de uma mulher e de filhos. E eu não estou lá. 

E enquanto você contempla seu sonho, com seu olhar esverdeado, os meus olhos se tornam rubros como sangue, e esse sangue escorre da minha face em grossas lágrimas do mais absoluto sofrimento por não me ver ao seu lado no futuro. 

E então enquanto você olha o horizonte e sorri, eu olho para baixo enquanto cultivo minhas lágrimas no barro vermelho de meu sangue. As flores que ali nascem são como as que florescem dentro de mim, vindas da improbabilidade de um amor que nunca vai acontecer. 

Seu olhar contempla o infinito. A galáxia dos seus olhos me mostram isso. E eu não tenho lugar no seu infinito particular. O meu olhar contempla o chão, a morte, a solidão, e mesmo aqui, só há você em coração. 

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