segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Aglutinação

Sabe, há pouco tempo eu desenvolvi a estúpida habilidade de esconder o que sinto, e atrás de um sorriso colocava minha dor. Sob o disfarce de flores eu escondia um pântano lamacento, onde eu chafurdava sem esperança. 

Aprendi a sorrir, a fingir que nada estava acontecendo, a deixar pra lá, a não falar a respeito. Acreditava que se fingisse que tudo estava bem, as coisas ficariam bem de verdade. Mas a verdade é que isso nunca aconteceu.

As situações só foram se acumulando. 

Eu venho funcionando pela simples aglutinação de problemas, medos, dores e ressentimentos. 

As pessoas da Igreja abusam de mim; Meus amigos não conseguem compreender o que sinto; Meu amado não me enxerga; Eu estou paralisado em minha vida, sem conseguir evoluir em nenhuma área; Meus pais não enxergam isso também, e eu tenho certeza que isso ta afetando minha saúde mais do que eu consigo notar. 

Tem dias que as dores são insuportáveis. A ansiedade sobe pelo peito para a garganta e explode nas costas. Meus braços e pernas são paralisados, minha mente dispara a correr a 350 km/h na contramão e eu sou tomado pelo desespero.

É segunda, e eu estou aqui, sentado na frente do computador, chorando, sem nenhuma perspectiva de contemplar o céu azul que se estende lá fora. As pessoas sorriem ao meu redor, e até aquelas que não sorriem não parecem se desesperar por nada. Mas por algum motivo há em mim esse ímpeto de horror, esses pensamentos que sempre estão aqui, como um fantasma na minha consciência.

Já não sei quem sou, ou o que sou. Não reconheço a garatuja me olha no espelho, não reconheço a voz que sai da minha boca. Nem mesmo os pensamentos que pululam na minha cabeça são meus...

Eu tenho vergonha de admitir que tenho esses pensamentos. Alguém como eu, que tem praticamente tudo na vida não deveria reclamar. Mas eu não sinto como se tivesse tudo, na verdade, sinto como se nunca tivesse tido nada que queria. E isso me torna infeliz. 

Me faz querer pôr um fim a tudo isso.

Me vejo como um completo desperdício de espaço. Sou uma pessoa desnecessária, alguém que não tem motivos pra continuar insistindo. 

E esse pensamento sempre me acompanha. 

Eu busco aprovação, eu busco atenção, eu busco carinho, eu busco compreensão. Mas no lugar errado e das pessoas erradas. E o erro é meu, mais um erro meu. Eu sou uma contínua sucessão de erros...

Mesmo quando as pessoas me procuram pedindo ajuda, quando me mostram que sou necessário, quando dizem que precisam de mim, eu sinto que não é verdade. Sinto que qualquer outra pessoa poderia fazer tudo que faço dez vezes melhor. 

E eu tento não pensar nisso. Tento pensar que sou importante, mas não consigo ver as coisas assim. Não consigo parar de pensar que a morte seria uma ideia melhor. 

Pra alguém como eu... 

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