sábado, 30 de janeiro de 2021

Resenha - TharnType 2: 7 Years Of Love

Uma reclamação bastante recorrente no meio BL é a falta de maturidade dos personagens, isso porque muitas vezes nós nos deparamos com situações de drama extremo que poderiam muito bem serem resolvidas com uma boa dose de conversa, coisa que parece não existir na Tailândia. 

Embora seja um dos motivos de ter feito sucesso, a primeira temporada de TharnType gerou bastante controvérsia sobre a romantização de abuso sexual, a MAME teve até que vir a público algumas vezes pedir desculpas por coisas que ela escreveu, já que a mulher tem um monte de livro publicado e esse parece ser um tema recorrente no estilo dela. TharnType 2: 7 Years Of Love vem acompanhar A Chance To Love na jornada redentora da autora, que participou ativamente das duas séries (muito embora eu continue com muitas ressalvas quanto a continuação de Love By Chance) com uma proposta mais madura e responsável. 

Aqui nós acompanhamos o nosso casal morde e assopra sete anos depois da primeira temporada, com um relacionamento estável e muito bem consolidado. Tharn (Mew Suppasit) agora trabalha com produção musical e ainda toca de vez em quando no bar de uns amigos, enquanto Type (Gulf Kanawut) se formou e agora trabalha num hospital. A maior felicidade da temporada foi não ter medo de pesar a mão e mostrar um casal de verdade. Os dois brigam, tem ciúmes um do outro, momentos fofos e, principalmente se beijam como qualquer outro casal que mora junto há sete anos. Sempre me incomodou o fato de que os casais são mostrados quase como amigos nas séries thai, claro, sem deixar de levar em conta o fator cultural deles, que é obviamente bem diferente do nosso mas, de qualquer modo, casal é casal em qualquer lugar do mundo. Eles acertam em cheio nisso. 

Claro que eles precisariam de algo pra marcar esse ano especificamente, então nós somos apresentados ao drama principal: Tharn quer se casar com Type, pois continua sendo muito bem resolvido sim senhor e quer mostrar pra todo mundo o maridão. Type, por outro lado, acha que eles estão bem assim, até porque o casamento deles seria simbólico já que não há casamento gay (juridicamente falando) na Tailândia e também acha que ninguém tem nada que ver com isso. Importante ressaltar que ele não faz isso tendo medo ou vergonha de se assumir, isso ficou para trás, aliás ficou ainda mais claro na cena em que ele não pensa duas vezes antes de encarar uma dona que estava dando em cima do seu homem, isso mesmo, eu gosto assim!

Logo nós conhecemos Fiat (First Chalongrat), um menino muito bonito mas muito, muito grosseiro com todo mundo e que parece não se importar com nada além de si mesmo. Ele machuca o joelho e, depois de ir em vários médicos, acaba sendo tratado por Type, que o conquista sem querer, fazendo ele se sentir bem cuidado. A partir desse momento Fiat toma como principal objetivo na vida conquistar Type custe o que custar, mesmo sabendo que ele tem namorado. 

Também tem Léo (Ja Phachara, de Until We Meet Again), o melhor amigo de Fiat e a única pessoa que parece ter algum tipo de influência no rapaz. Os dois são mega íntimos, e Léo volta correndo da Europa quando descobre que Fiat se machucou, e cuida do amigo com zelo quase devoto. 

Acontece que Fiat tem uma história mais complicada do que parece, dando a impressão de que é só um moleque mimado que decidiu pegar o homem dos outros mesmo tendo uma geladeira Electrolux em casa (porque o Léo é basicamente isso, um homão). Ele foi abandonado pelo pai e negligenciado pelo resto da família, tendo crescido com a amizade dele sendo a sua única referência afetiva. Como resultado ele cresceu extremamente carente e inseguro, o que ele disfarça saindo com várias pessoas para tentar preencher esse vazio. Além disso ele também gosta do melhor amigo, mas como sempre foram muito íntimos ele nunca percebeu que Léo sentisse algo a mais por ele e por isso acabou caindo nessa vida numa tentativa de atrair a atenção dele ou esquecê-lo, o que viesse primeiro. Léo, por outro lado, teme que se contasse a Fiat dos seus sentimentos, ele que vive trocando de parceiro, vai se afastar dele, e por isso acaba deixando o amigo fazer o que quer por aí. Ele se opõe, sem muito sucesso é verdade, as investidas do amigo em Type, e é obrigado a confrontar os próprios sentimentos. 

Do outro lado do apartamento do nosso casal principal nós temos Cirrus e Phugun. Cirrus (Haii Sarunsathorn) é calado, sério e o super protetor namorado do pequeno Phugun (Title Tanatorn, a coisinha mais fofa desse mundo), que é amigo de Tharn desde pequeno e bom, é só isso. Os dois já são um casal e ajudam os vizinhos de vez em quando, mas sem muito desenvolvimento. 

Os amigos de Type continuam fazendo parte da vida do casal, Champ (Boat Napat) e No (Mild Jinna) também seguiram suas carreiras, o primeiro como chef de cozinha e o segundo como funcionário público, e continuam saindo com os amigos pra beber e falar da vida sempre que possível. Eles entram na perigosa missão de ajudar Tharn a pedir Type em casamento. Outro que chega pra somar é o Dr. Khunpol (Jame Phat), amigo deles desde a faculdade, que trabalha no mesmo hospital de Type e demonstra uma paixonite platônica por Champ que, como deixam bem claro o tempo todo, não faz ideia que o outro gosta dele, embora seja cuidadoso com o doutor o tempo todo. O retorno de Tong Thanayut como Thorn, irmão mais velho do Tharn, também foi bom, embora ele não tenha muito espaço também. 

A história avança junto com as investidas de Fiat em Type e Tharn tentando conciliar a vida de adulto com o romântico inveterado que ele é. Parece pouco pra fazer o plot andar mas por incrível que pareça a história não ficou maçante só com isso, tendo um ritmo bem gostoso, resultado de uma direção muito bem feita. Temos uma temporada que mostra o crescimento dos personagens que agora tem de lidar com chefes implicantes, clientes e a formação de uma família, além das próprias questões pessoais. 

O maior pecado pra mim foi a falta de desenvolvimento dos casais secundários. Léo e Fiat especialmente mereciam um pouco mais de atenção mas parecem terem sido descartados depois de servirem ao objetivo de criar o clímax da temporada. Champ e Khunpol também, ficou só jogado no ar e até Cirrus e Phugun mereciam mais do que só um artifício pra fazer a história andar aqui e ali, esses não tem nem meia hora de tela na temporada toda, o que é uma pena porque tinham potencial pra ser explorado.

MewGulf deram um show de atuação, mostrando que a intimidade que há entre os atores ajudou e muito na construção dos personagens. Como é de conhecimento geral que eles são muito próximos na vida real isso ficou bem evidente que só contribuiu pra que eles se entregassem ainda mais ao papel. First também arrasou como Fiat, conseguindo despertar ódio e empatia das pessoas (geralmente não ao mesmo tempo), o que só confirma que ele é um excelente ator. Type continua esquentadinho mas admite momentos em que tem de mimar o outro também e Tharn todo bobo e apaixonado, mas ainda assim firme quando se trata do relacionamento deles e os dois pegam fogo na cama, algumas coisas nunca mudam. 

No mais, ficou clara a intenção da produção em repetir a fórmula que deu certo na primeira temporada, corrigindo o que os fãs apontaram de problemático e entregando justamente o que pediram: um casal que não tem medo de ser casal numa história de casal. Mas, pra quem tem tanta coragem com os protagonistas faltou investir também nos outros personagens. 

Nota: 8,5/10

"E essa é a história de amor entre Tharn e eu, do homem que eu odiava até as entranhas para aquele que amo de todo o meu coração."

12 comentários:

  1. Muito bem posicionado.
    Falou uma resenha completa que me chamou atenção em muitos aspectos.
    Brigado....

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  2. Gostei da resenha, a minha visão é muito parecida.

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  3. Com certeza depois dessa resenha irei assistir a continuação, estava com receio. Porém agora vou ver.

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  4. O único defeito dessa serie, é que ela acaba! Amei!

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  5. eu procurei a resenha após pesquisar a fundo sobre o casal principal de don't say no, para saber do começo do casal, gostei muito, bastante desenvolvido sua resenha. obrigada! E pelo que eu estou vendo terei que assistir essa série primeiro para entender melhor a raiva que sentem pelo fiat e as lutas que o casal estão passando em relação ao passado.

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  6. Deve ter sido por isso que fizeram uma temporada apenas com Fiat e Leo né?

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    1. Sim, o shipp foi muito bem recebido e então desenvolveram o spin-off, agora já temos também a confirmação da série com irmão do Leo, o Leon e o Phob

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    2. MENTIRAAAA, ISSO É SERIO???
      LEON E PHOB???
      🥺🥺🥺
      NINGUÉM MW TOCA, TO PASSANDO M

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  7. Eu sou apaixonada por tharn e type,adoro as duas temporadas,e pra mim o type superou muita coisa pra ser o namorado do tharn,adoro o tharn ,mas esse é fácil da gente gostar,mas meu querinho é o type,turrão, teimoso,mas qdo se entregou ao amor,mostrou ser uma pessoa maravilhosa,tem um ótimo coração

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