segunda-feira, 26 de março de 2018

Contrastes

A vida é cheia de contrastes, é repleta de sentimentos e experiências conflitantes entre si e que, amalgamando-se numa intricada cadeia de acontecimentos resulta no que chamamos de existência. Definir isso com qualquer coisa mais simplória do que um complexo infinito de possibilidades é ser incapaz de compreender a estrutura da realidade. E compreender essa estrutura é o mínimo que se pode fazer para conhecer alguma coisa, ao passo que abarcar essa mesma realidade é quase impossível, compreendê-la deveria ser uma obrigação.

As pessoas vivem num frenesi tremendo, fechadas em seus universos particulares, suas bolhas, incapazes de compreender qualquer coisa que esteja além do seu limitadíssimo campo de atuação. E é irônico notar que até mesmo aqueles que dizem querer romper com a alienação do sistema, acabam alienando-se a si mesmos numa espécie de roda de imbecilização coletiva. A ignorância move o mundo, e não a ganância. Essa apenas move algumas pessoas, e alguns bilhões de dólares, mas o que dá poder a todos não é o dinheiro, nem tampouco as ideologias, mas sim a ignorância endêmica que acomete a todos os homens.  

Hoje não foi um dia de contrastes. Foi monocromático, cinza. Me permiti mergulhar em minha própria ignorância. Mergulhei ainda num oceano de lástimas, de constatações que me cortam a alma como aço frio. A constatação da trivialidade útil que represento para aqueles que amo, e a constatação do incômodo que sou para aquele que amo. 

Deveria me privar de fazer constatações? Aposto que sofreria menos se o fizesse. Deveria me privar de ter opiniões? Seria mais fácil não tentar estar certo o tempo todo e nem buscar respostas para perguntas que nunca tive... Ainda que pareçam ser as decisões mais plausíveis, de uma perspectiva protetiva, não creio que serei capaz de fazê-las, no máximo adquirir uma postura mais silenciosa, introspetiva., o que me parece ser o certo... 

Bom, ainda que tenha sido um dia cinza, o meu interior está repleto de contrastes. O não saber o que fazer é tão desconfortável quanto a verdade inconveniente que não quero aceitar... O meu contraste está no não querer aceitar, e no desejar o impossível. É um contraste patético, e penso ser resultado de uma falta de autoconhecimento, o que nos leva de volta a ignorância, que move o mundo, e a minha vida. A ignorância que tenho sobre mim mesmo é o carrasco que desferirá o golpe certeiro da morte no último dia, que sinto estar cada vez mais próximo... 

O que dizem

Dizem (mas não sei quem o diz) que todo mundo tem uma pessoa, aquela pessoa, que te faz esquecer todas as outras. Já parou pra pensar que essa é uma ironia do destino, plasmada por suas mãos com o único objetivo macabro de rir-se de nossas incontáveis buscas por essa pessoa? 

É como colocar um rato para buscar um queijo, numa prova, mas ao final do percurso colocar um dispositivo que lhe eletrocute até a morte, ou que despedace-o até a morte, espalhando suas vísceras pelo chão alvo do laboratório. 

Dizem (mas não sei quem o diz) que todo mundo tem uma pessoa, aquela pessoa, que te faz esquecer todas as outras. Mas a minha pessoa facilmente esquece-se da minha existência, por pensar em outra pessoa que a faz esquecer todas as outras, inclusive a mim. 

Por isso digo que as vezes penso escutar a risada metálica do destino, a deleitar-se com a minha desgraça. E a minha desgraça é essa, é esforçar-me aos limites de minhas parcas forças, doar o meu tempo, sangue e o resto de meu equilíbrio emocional para, no fim de tudo, ver todo meu esforço ser lançado ao lamaçal putrefato e cadavérico do limbo daqueles que não ocupam o primeiro lugar. É ser enxotado por quem mais se ama e trocado por alguém de existência tão torpe e baixa que desperta asco e ojeriza até nas baratas de um aterro sanitário. 

Eu me esforço pelo que amo. É provavelmente a única coisa que sigo com fidelidade. Amo o que faço na Igreja, por isso me dedico tanto a ela. Amo quando meus amigos me contam seus segredos e suas dificuldades, amo quando confiam em mim, amo quando dizem que podem contar comigo. Mas isso não faço por obrigação, e sim por amor, amor! 

E a minha glória é essa, é ser reconhecido por um esforço que não fiz, e ser ignorado pelo que fiz. É ser amado por quem não pedi e amar a quem me trocará na primeira oportunidade. E a minha glória é essa, é viver notando a desumanidade e não conseguir acompanhar ninguém. Pois se vim ao mundo, foi para amar sem ser amado, e buscar gravar o meu nome nas areias que outros um dia pisarão!

sexta-feira, 23 de março de 2018

Sobre a exaustão

O cansaço e a fadiga vem cobrando altas taxas do meu corpo, mais do que consigo pagar. Os últimos dias tem sido especialmente cansativos dados os preparativos imediatos pra Semana Santa. É sempre uma época cansativa, que só é acalentada pelo vigor espiritual do Tríduo Pascal, ainda que a Via-Sacra leve consigo o restante de minhas forças físicas, ao passo que a força mental já se foi há muito tempo... 

Mas isso é bom, afinal é sinal de que meu esforço tem sido empreendido em algo que acredito e amo, já que não me importo de ser levado ao extremo em algo que seja para a Igreja, ao passo que minha disposição pra tudo mais é bem limitada, quase imperceptível. Paciência! Só me esforço pelo que amo. 

Tenho me sentido no limite extremo de minhas forças, e a qualquer momento penso ser possível cair e não mais levantar antes de alguns dias de repouso absoluto.

Claro que a fraqueza física, dada a minha compleição delicada e pouco viril, se reflete também numa sensibilidade emocional, e graças a isso tenho estado ao ponto de quase chorar todos os dias. Por sorte tenho conseguido fazer o necessário e ainda manter a distância saudável de todos aqueles capazes de me magoar. Isso inclui não exagerar no afeto com pessoas que podem compreender errado os meus sentimentos, e também pessoas que simplesmente tem o dom de me irritar ao menor esforço, ou melhor, sem esforço algum... 

Percebi o quanto tenho fugido de conflitos ultimamente, o que só reforça minha convicção de que minha personalidade é extremamente passiva-agressiva, o que pode ser confortável na maior parte do tempo, mas acaba por ser deveras doloroso, quando percebo o quanto preciso me afastar dos outros pra continuar "inteiro", ainda que isso signifique me despedaçar completamente em outros momentos, quando abaixo as muralhas que me defendo do outro, e permito que invadam os cantos mais obscuros de minha consciência deformada. 

O que o cansaço ainda me reserva para os próximos dias? 

quinta-feira, 22 de março de 2018

Bolha

Me sinto preso numa bolha, e é desesperador constatar isso. É como se estivesse completamente preso pela minha própria consciência, e delimitado por ela, sem poder ter qualquer tipo de contato com com qualquer um que esteja fora desse limite.

Mas todos estão fora dos limites da minhas consciência. Todos que me rodeiam são dotados de sua própria consciência. Estamos todos presos, incapazes de nos fazer compreender e de compreender aqueles que estão a menos de um palmo de distância de nós. Na verdade, a distância real entre nós não reflete a distância entre os abismos de nossas consciências, que coloca a todos como que em pólos extremos do universo. 

Oh, consciência demoníaca, como ousas impedir os homens de se entenderem dessa forma? Como ousas deixar a nós apenas a linguagem, incapaz e insuficiente de nos fazer compreender? Nos deixastes sozinhos, presos numa bolha com nossos próprios pensamentos, a gritar desesperadamente por alguém que nos ouça e nos compreenda. Mas a finíssima camada que nos recobre e nos protege do outro é mais poderosa que o número das muralhas de todo o mundo. 

Somos então pobres condenados a vagar sozinhos por essa terra sem que possamos nunca tocar o outro de verdade. E assim nos sentimos em desespero, quando nos damos conta do abismo que há em nosso âmago desde o primeiro pensamento, e que acreditamos só poder ser preenchido com aquilo que o outro tem a nos oferecer. Mas nunca chegaremos a descobrir se é verdade, afinal a camada da consciência nunca poderá ser desfeita, e as pessoas nunca poderão viver como uma só, como era naquele útero primitivo que perdemos muito tempo atrás...

terça-feira, 20 de março de 2018

Tarde de outono

Uma tarde quente e abafada metamorfoseou-se numa tempestiva acolhida outonal, apagando do céu o amarelado opressor e dando ao cinza o trono que impera por sobre as nossas vidas, que não mais são abrasadas pelo sol, mas que agora se escondem dos ventos impetuosos das chuvas de março. 

Pelos vidros de uma loja eu observava as milhões de gotas de água, frias como o olhar de uma serpente, serem lançadas com extrema violência por sobre os carros e paredes que recobrem toda essa selva de concreto em que vivemos, ou melhor, em que nos escondemos. 

O céu era rasgado pela luminosidade infinitesimal dos raios, ao passo que os trovões despertavam aqui e ali gritos de desespero. As pessoas se incomodaram com a chuva repentina, e temeram a tempestiva, eu por outro lado me deixei encantar pela surpresa, e me deliciei com a beleza indefensável daquela tempestade de outono. 

As gotas, pequenas e indefesas, chapinhavam contra a superfície dos carros e contra a pele das pessoas, e percebi o quanto algo tão pequeno e belo, como uma porçãozinha de água a cortar o ar, podia ser tão poderoso e tão assustador. Depois de acertarem contra as coisas com a velocidade de um revólver elas se desfaziam e deslizavam com a delicadeza de uma bailarina. 

Naquele momento percebi que, como aqueles pequenos tiros de água, as palavras podem ser dúbias em seus efeitos, a variar pela forma como saem de nós. Podem ser carinhosas como a água que mata a sede e alivia o calor, ou podem matar como os tsunamis, que destroem tudo por onde quer que passem. Podem dar a vida ou trazer a morte... Também o vento, pode acariciar nosso rosto e levantar com gentileza o cabelo da pessoa amada, num afresco idílico e puro, ou lançar sobre a pele despreparada dos homens os tiros de água que ferem a carne. Podem dar a vida ou trazer a morte... 

E não somos nós levados pela vida da mesma forma que a chuva é lançada pelos ventos? Não escolhemos onde seremos lançados, mas ali devemos fazer germinar as sementes que da mesma vida recebemos. E quem sabe quando passar as monções possamos ver florir um belo jardim, alimentado pelas gotas que a chuva ali lançou? Essa é a poesia cantada, por Deus, pela torrente inesperada da primeira tarde de outono desse ano... 

segunda-feira, 19 de março de 2018

Completude

A vida é uma estranha sucessão de acontecimentos difíceis de serem explicados, e a nós, pobres ignorantes que adquirimos a vã presunção de saber de tudo, nos incomodamos quando percebemos que dificilmente podemos aprender algo em sua totalidade. 

Não nego o conhecimento, não nego que é possível aprender, mas reconheço que algumas coisas são mais complicadas do que outras, e algumas são quase impossíveis de serem completamente compreendidas pelo débil entendimento humano. 

Das coisas complexas que o homem tem dificuldade de compreender o coração humano é aquela que, acredito eu, está dentre as mais inalcançáveis. As relações que envolvem os sentimentos são quase sempre tão repletas de pormenores e surpresas que dificilmente poderiam ser previstas e compreendidas. Claro que nem sempre, pois muitas das vezes a maldade do coração pode ser prevista. Mas apenas num sentido lato, pois as pequenezes da mente humana ainda são um mistério para a maioria menos esclarecida. 

Eu estou dentre aqueles que, quanto mais tentam compreender o outro e a totalidade de suas dores e aspirações, tanto mais me afasto da realidade, buscando argumentos sempre mais complexos para explicar a simples aspiração do homem ao mal. 

Percebo agora que me empenhei numa empreitada deveras simples, com uma complexa crença de que o coração do homem não podia ser entendido. Pelo contrário, o coração do homem é movido apelas pelo desejo bestial da luxúria que lhe é natural. 

Às vezes disfarçada por uma capa de honra e nobreza, dizemos que o carinho é uma versão pura do amor... Ledo engano, o carinho é nada mais do que uma forma travestida da mesma luxúria, apenas um eufemismo, para o verdadeiro desejo primitivo que move o mundo em torpes orgias, por vezes vestidas como doces demonstrações de carinho e gentileza. O desejo é a lâmina escondida por entre belos seios e vestes carmesim, que no coração do homem lhe tiram a vida sem que percebam donde lhe vem a morte!

Não adianta disfarçar. O homem não é essa criatura nobre, pura, altruísta, que demonstra carinho pelo simples prazer de fazer o outro feliz. Não! O homem busca sua completude na satisfação de suas bestialidades, e apenas para se fazer belo ante a outras criaturas bestiais se disfarça como um sepulcro caiado, que esconde a podridão com a beleza. 

As pessoas não são tão complexas assim, eu cria que eram, mas são apenas máscaras complexas, os desejos em si são simples. Os homens são simples, difícil é a intrincada cadeia que criamos para esconder nossa podridão. 

sexta-feira, 16 de março de 2018

É preciso aprender

É preciso tomar cuidado, para não ferir-se mais do que os ferimentos que a vida já nos dá. Além desses, não porque inventar novas dores, não há porque apunhalar-nos pelas costas se a vida já providencia as lâminas das lanças inimigas para ferir o coração. 

É preciso cuidar para que as correntes que nos aprisionam não sejam fechadas por nós mesmos ao redor de nossos pescoços e mãos. O peso sobre as nossas costas não deve ser por nós colocado. Se a vida se encarregará disto, não há porque fazer o trabalho dela. 

É uma questão de aprender a perceber o que deve nos cativar, e o que merece nossa atenção. É uma questão de abstração. Abstrair aquilo que ganhamos dos outros mas que não vai nos servir. Abstrair aquilo que achamos importante mas não vai nos servir. Abstrair, dividir e absorver apenas o que é bom e nos faz crescer. 

Tenho notado que nos últimos dias, quase que inconscientemente, tenho criado certa necessidade. Necessidade de falar, de estar presente e sentir o outro presente. Necessidade de sorrir e fazer sorrir. Encontrei alegria, fugaz, na simples crença de que do outro lado de um aparelho eletrônico o outro pensava em mim. Como pude me deixar levar por tão pequena coisa? Como pude acreditar que algo banal poderia ser a causa da minha alegria? 

Claro, a alegria não estava na conversa em si, mas na pessoa em si, e na crença de que ela pensava em mim. Mas isso também não deve ser a causa da minha alegria. As pessoas o lugar certo, nada de coloca-las em pedestais e tronos, mas igualar a todas como semelhantes, e em nenhuma hipótese me diminuir em relação a elas. 

É preciso aprender a não desejar um abraço como se isso fosse uma tábua de salvação, mas valorizar o que me é dado, ou não, de coração. É preciso aprender a não desejar estar no pensamento, mas agradecer quando pensam em você. É preciso aprender a não querer ser amado, mas amar quando acontecer. É preciso não sentir-se prejudicado por não conversar a todo tempo com aquele alguém especial, mas senti-se contente se essa pessoa se dispõe a fazê-lo. É preciso aprender a dar-se o devido valor, e a dar o devido valor aos outros. E é preciso, acima de tudo, dar o devido valor a própria felicidade. 

quarta-feira, 14 de março de 2018

Imperador

Meu corpo protesta contra as palavras que preciso dizer, e ele luta contra meu coração que precisa e quer dizer. Isso porque meu coração precisa dizer o que ele pensa de você! Não há como descrever a forma como vejo o quanto é importante para mim e o quanto significa para mim, tudo o que posso fazer é balbuciar como uma criança, na tentativa de articular o que se passa no íntimo do meu ser.

Sabe quando olhamos para o alto de um palácio, e vemos esplendorosa majestade de um Imperador, e encantados com sua riqueza passamos a admirá-lo apenas pela sua existência? A presença de um Imperador é inspiração para seu povo, a sua presença é inspiração pro meu coração. 

O encanto que você provoca em mim é algo idílico, semelhante ao deslumbre de uma criança ao ver uma estrela brilhando no céu escuro. É magico, e por mais que a estrela esteja distante, a criança sente-se aquecida por ela, apenas por olhar o seu brilho. O seu brilho me aquece. A sua pele cor de bronze é como uma estrela numa noite fria. 

Se pudesse, daria a você a capacidade de ter ver como eu o vejo. Talvez assim compreendesse o quanto é incrível, o quanto é esplendoroso e assim entendesse o meu encanto, o meu deslumbre. Com efeito é normal que eu o observe com o olhar sonhador, já notou? Isso porque eu sou como aquele que observa o Imperador, em todo o seu esplendor no alto de sua glória!

terça-feira, 13 de março de 2018

Resenha - SOTUS S

SOTUS foi uma história que me conquistou desde o começo. A conheci por acaso, pouco tempo depois de ter visto Make It Right, e o roteiro me cativou profundamente, gravando em mim impressões muito profundas, que você pode ler aqui. A segunda temporada terminou agora, no último sábado, e não poderia deixar da fazer uma resenha sobre uma das favoritas da nação!

Pois bem, já que todos estavam com as expectativas lá em cima, em parte motivados pelo alto padrão da primeira temporada e pelo sucesso de outras séries, como 2Moons e Together With Me, o alvoroço nos grupos focados em BL foi tremendo. As opiniões se dividiram e o caos tomou conta de muitas discussões. O fato é que, para mim, essa temporada tem defeitos gravíssimos, sendo salva realmente apenas pelo arco final, dos últimos episódios. 

Essa história se passa 1 ano após o término da primeira temporada, e Kongpop (Singto Prachaya) agora é líder do trote da Engenharia, como foi Arthit (Krist Perawat), seu namorado, que agora conseguiu um emprego numa grande empresa. Os dois agora precisam aprender a lidar com o seu relacionamento, mais distante do que quando estudavam juntos, e também com o mundo fora dos muros da universidade. 

Os problemas começaram na lentidão em apresentar o drama principal, em muitos episódios ficamos com a impressão de que não tava sendo tão difícil assim o relacionamento deles. Talvez pelo fato de que aqui no Brasil as emoções são mostradas à flor da pele no mais das vezes, uma certa passividade dos personagens acabou nos dando a impressão de que ninguém sabia muito bem o rumo que a série ia tomar, e no fim, acabou tomando o mais cômodo pra todo mundo. 

O plot central se resumiu então na auto-aceitação de Arthit e dos seus sentimentos por Kongpop. O que em si é muita coisa, mas infelizmente demonstrado com pouca profundidade. 

Aqui vale abrir um parêntese e dizer que a série é baseada no segundo livro de SOTUS, que é narrado do ponto de vista do Arthit, que é bem mais introspectivo que Kongpop, então seria natural que suas demonstrações de carinho, afeto e até mesmo confusão fossem mais discretas. O problema é que numa linguagem teatral é bem complicado demonstrar isso sem dizer nada, o que no mais das vezes fez com que ficássemos tentando adivinhar o que os personagens estavam sentindo. 

Os últimos episódios foram ligeiramente mais intensos, mas ainda senti falta da atmosfera de tensão da temporada anterior, já que até nas cenas mais dramáticas o impacto não era tão grande assim, e os problemas pareciam se resolver rápido demais. Com efeito, o ponto alto da temporada se deu e foi resolvido em um só episódio, praticamente. O que com certeza foi uma grande defeito de roteiro.

Um outro problema foi a falta de resolução de alguns arcos. Apresentaram vários pequenos núcleos, bem como vários novos personagens, e depois simplesmente se esqueceram deles. A atuação de Kong no trote pareceu dispensável, o romance de M e May também, e até a história de Tew e Dae (Oajun Fiat), que tinha tudo pra ser uma baita história, ficou apagada justamente quando podia ter sido mais bem explorada. Nine e Young (Nammon e Guy) tiveram mais tempo de tela, mas nem por isso pareceram chegar a algum lugar... O que é uma pena, pois eu mesmo iria adorar uma série só focada em Tew e Dae (foto), por exemplo.


Mas nem tudo foi ruim. Embora durante os episódios o contato dos protagonistas tenha sido bem fraco, as cenas extras fizeram o papel de adoçar as nossas vidas, mostrando o lado mais fofo do relacionamento deles, ainda que a maioria se resuma em nos mostrar o Kongpop deixando Arthit sem graça com suas piadinhas de duplo sentido e investidas públicas. Pra ser sincero eu não curti a ideia de colocar essas cenas no fim de cada episódio, teria dado um jeito de fazer isso no próprio episódio, ainda que fosse em flashback. 

O lance que pegou é que ficamos com a impressão de que nada aconteceu em 1 ano de namoro, e que eles ainda estavam se conhecendo. Ora, Arthit não sabia nem mesmo o que o pai do Kong fazia. Não foi apresentado pra família dele nem como amigo? O que ficaram fazendo esses meses todos? Porque sexo com certeza não foi!

Infelizmente as cenas fofas foram poucas, se comparadas ao tamanho da temporada em si que tem 13 episódios de quase 50 minutos. Mas há que se dar a elas o devido crédito! 

A evolução dos protagonistas foi notável. Eles perceberam a dificuldade que a falta de comunicação traz, e aprenderam que o medo pode magoar tanto quanto uma palavra fria. Arthit cresceu muito, e mostrou que realmente se importa com Kong, e que sempre pensa nos futuro de ambos, ainda que não demonstre com a mesma intensidade que o outro. Ele percebeu que, por mais difícil que seja, Kong o ama e precisa que ele esteja ao seu lado, não a frente ou atrás, mas ao lado, que é o lugar de quem se ama!

Os beijos, embora poucos, também foram muito bons. Não pareciam mecânicos demais e nem abusaram do jogo de câmeras que geralmente faz parecer que estão beijando apenas o rosto um do outro. Teve abraço, beijinho de esquimó e gente andando de mão dada em público. Quase um festival de fofura, eu admito que tive vários ataques e precisei de horas pra me recompor em cada um deles.

 

Impossível ver o esforço do Arthit em demonstrar seu amor pelo Kong sem sorrir ou ficar vermelho. Até minha mãe achou algumas cenas fofas, e olha que ela não entendia uma palavra! A amizade dos atores fez toda a diferença, e podemos ver isso nos milhares de vídeos dos dois sendo fofos fora das câmeras também, já que o fanservice deles é pesadíssimo! 

Muita gente reclamou da falta de pegação, mas francamente isso não me incomodou, até porque é um romance tailandês e não uma novela brasileira, mas admito que mostrar um pouco mais de intimidade não faria mal, afinal eles namoraram um tempo razoável até chegaram aqui, não é possível que só depois disso que eles conseguiram dar um passo na relação. 

Destaque também pra fofura de atuação de Oajun e Fiat (Tew e Dae) que ficam simplesmente lindos juntos. Mesmo sendo um chato nos primeiros episódios a gente ainda simpatizava com a fofura do Dae de cara emburrada. A GMM precisa urgentemente dar uma série só pra eles, quem sabe com o Gun e o Off também (que ganharam uma cena especial muito engraçada, já que a GMM não ia perder a chance de colocar o Gun pra promover do lado do Off, mesmo ele nem estando na série). 

O romance cativou mais pela nostalgia do que pela qualidade em si, o que não significa que é uma temporada ruim, só não tão boa quanto a primeira. O que foi uma pena pois o orçamento dessa foi notavelmente maior, o que daria pra fazer uma temporada épica! Mas, ainda assim é obrigatória pra todo fã de BL, e principalmente pra quem amou a fofura que é ver o Krist e o Singto juntos!

segunda-feira, 12 de março de 2018

Da Dicotomia

O desejo e o medo. 

Sinto como se estivesse preso em meio a um turbilhão de pensamentos tão conflitantes entre si que dificilmente acreditaria ser possível que coexistissem numa só pessoa se me dissessem. 

Tenho lutado contra um sentimento, e já há meses sofrido por não ter conseguido sucesso nessas empreitadas. Isso porque ao mesmo tempo em que lutava para não sentir, já sofria por sentir justamente aquilo que combatia. 

Dentro de mim uma batalha tem sido travada. O desejo, o querer, contra o medo, e a verdade... Lutam impiedosamente entre si, sendo controlados pela razão e pela emoção, meus lados conflitantes. A razão defende a verdade, fria e dura, ao passo que a emoção defende o desejo, cego e luxuriante. 

A verdade e a luxúria. 

Parte de mim quer ouvir sua voz, abraçar e sentir o seu coração bater próximo ao meu ouvido. Essa parte deseja tocá-lo a todo momento, e ser para ele o único motivo de sua existência, já que ele se tornou para mim a única razão de minha existência. Essa parte sente tristeza e abandono quando não escuta sua voz, e sua presença é para ela um doce perfume a se desejar. 

A outra parte não deseja mais ouvir sua voz. Esta, movida pela razão que conhece a verdade, sabe que o fim desta história é apenas um: o sofrimento e a dor. É como se eu mesmo me lançasse na geena e, ardendo no fogo, implorasse para dali ser resgatado. Essa parte sente medo e dor quando ouve sua voz, e sua presença é aflitiva ao meu coração.

Eis os exércitos que no meu peito travam um combate sem fim. Poderosos, cada um defendendo as suas crenças e convicções. Essa dicotomia revela um pouco da esquizofrenia latente em minha alma. Não há em mim sinais de normalidade, apenas uma confusão intermitente, resultado da batalha entre um sonho e a realidade.

O real e o ilusório. 

sábado, 10 de março de 2018

Alguns instantes

Deitei por alguns instantes, com a mente já incapaz de absorver a leitura de uma monografia qualquer, incomodado com o chiado vindo do aparelho de som mal calibrado dos meus vizinhos, e também incomodado com a brisa fria que vem da porta da cozinha, próxima a porta do meu quarto. Meus pais não gostam de ficar com a casa fechada, necessitam da luz e do fluxo de ar constantemente para não se sentirem presos. Eu, pelo contrário, gosto de me sentir preso. Aliás, ambientes fechados me transmitem a impressão de segurança, e isso é para alguém como eu, algo caro demais.

Deitei por alguns instantes, com a mente a vagar livremente presa numa imagem fixa. A imagem de uma pessoa, não creio ser necessário dizer, mas que nos últimos meses, e especialmente nas últimas semanas, tem sido motivo de tristeza e incômodo a minha já inquieta consciência afetiva. 

Meu sono pregou-me uma peça trágica, onde fora obrigado a vislumbrar os quadros bizarros de uma exposição futurista. Nela, todo meu futuro me era revelado, e em nenhuma das possibilidades a minha felicidade estava presente. 

É interessante notar que consigo trabalhar com toda e qualquer possibilidade, no âmbito da criatividade textual claro, mas que sou incapaz de cogitar a possibilidade de ser feliz com tal pessoa. Toda e cada uma das possibilidades que me são apresentadas terminam com a minha tristeza latente, em que como um transeunte preciso partir daqui para buscar uma nova possibilidade. 

Nem mesmo meus devaneios mais secretos ousam sonhar com uma súbita transformação da realidade em que vivo para uma em que eu possa caminhar verdadeiramente ao lado dele. E meus sonhos breves me mostraram isso com uma frieza quase cirúrgica.

Como um bisturi a minha carne fora cortada e meu coração despejou seu sangue como despejei nele o meu amor. Mas ele não era capaz de conter esse mesmo amor, embora se queixasse do mundo que não era capaz de compreender o seu amor. E assim, ambos incompreendidos em seu amor, nos tornamos infelizes. 

Não há aqui um humor proposital de minha parte, mas é como se pudesse ouvir os risos do destino em meu ouvido, zumbindo como uma mosca, fazendo de mim uma caricatura para seu deleite infame... 

Felizmente despertei daquele sonho que ousou me mostrar a verdade, mas não sem ter gravado com fogo a mesma em meu peito ardente. E de novo posso ouvir a risada...

sexta-feira, 9 de março de 2018

Lua e chuva

Estava tudo muito bem, as coisas não aparentavam estar ruins. Não que de fato não estivessem, pois estavam, estão, mas eu me iludi e passei a crer que estava tudo bem! Coloquei por sobre os olhos uma máscara onde o mundo era cor de rosa e branco, e não consegui ver o mundo que despencava bem diante de mim...

Num momento de descuido as lentes caíram, meus olhos se abriram, e a verdade fria e cruel estendeu-se a minha frente. Não tive sequer o tempo de entender o que se passava a minha frente e uma lâmina entrou em meu coração. O aço frio fez a minha carne quente gritar em desespero, e retorcida pelas mãos firmes do meu algoz aquela faca bebeu o meu sangue.

Eu não morri naquele momento. E a chuva começou a cair. De joelhos no chão enlameado eu me entreguei a visão etérea de contemplar o meu assassino a partir lentamente, de costas para mim a olhar a lua de seus desejos, na noite de chuva, enquanto todo o mundo se desfaz em ruínas. 

quinta-feira, 8 de março de 2018

Um abraço sincero

Gostaria de um abraço seu, só isso! Um desejo simples não é? Mas tão caro e tão doloroso a mim que, no alto de minha existência distante só posso querer um abraço que me aproxime de sua presença divinal. 

Gostaria de um abraço sincero, daqueles capazes de reconstituir os pequenos pedaços em que ficou meu coração. Daqueles apertados, que deixam as pessoas sem graça ao redor, pois constrangidas pelo amor ali envolvido não podem deixar de se incomodarem. Daqueles quentes, confortáveis como um chocolate quente numa manhã chuvosa, em que a fumaça desenha formas no ar, alimentando o corpo e o coração. Daqueles que são capazes de parar o mundo, pois o mundo passa a residir apenas naquele momento em que dois corpos se tocam. Daqueles que mesmo sem compartilhar uma palavra são capazes de fazer compreender um mundo inteiro de significados. Gostaria de um abraço daqueles... 

É um desejo bobo, eu bem o sei, e reflete a carência e boa parte da necessidade quase obsessiva que criei de você. Mas é o desejo mais puro do meu coração, e talvez o único capaz de trazer paz a minha alma inquieta. 

Você pode então me abraçar? Pode me ajudar esse desejo tão profundo? Ou permitirá que me entregue aos braços do destino incerto que insiste em ditar a minha morte iminente? 

terça-feira, 6 de março de 2018

De hábitos e abismos

Já se tornou um hábito, e um péssimo hábito eu diria, ficar quieto, e deixar o pensamento fluir. No entanto ele não flutua de maneira randômica, por qualquer lugar, sejam eles agrestes escarpados ou campinas floridas, não, o único lugar para onde vai pensamento é aquele lugar onde se encontra aprisionado o meu coração: para o lado do Amado de minh'alma. 

Mas o Amado não acolhe o meu pensamento, nem tampouco meu coração, pois se encontra ocupado demais contemplando um abismo que se abre a sua frente. Dessa escuridão abissal uma voz doce o convida a se lançar para os braços abertos da Morte, que ansiosamente aguarda para o acolher em seus tentáculos gélidos e putrefatos, de onde ele não mais poderá escapar por toda a eternidade.

A Morte não necessita gritar, seu canto é inebriante demais para que precise usar de artimanhas menos sedutoras do que o canto das sereias. Eu, no entanto, não consigo mais sequer tocá-lo, e tudo o que posso fazer é sangrar a minha garganta desesperadamente, na vã e vazia esperança de que ele me escute e retorne antes de pular para nunca mais voltar. 

A constatação dessa realidade é um aço frio a cortar a minha alma, e sempre que meu pensamento não se prende a algo ele está a contemplar esse quadro maldito, que se encontra numa exposição macabra sobre a minha própria morte. 

E ele (meu pensamento) não consegue mais se libertar, por isso a imprecisão de dizer que meu pensamento vai livremente para aquele lugar. Ele se encontra preso pelo fardo pesado do meu amor. Será que depois que meu Amado se lançar para os braços de sua amada Morte eu também me lançarei para o abismo da não existência, usando esse mesmo julgo como uma âncora que me puxe mais rapidamente para os confins do Inferno?

segunda-feira, 5 de março de 2018

Ofuscamento

Dois dias difíceis. Aliás, uma semana inteira que foi bem complicada: pouco ou quase nada de bom, e muitos problemas sem solução. Ou talvez os problemas tenham ofuscado as coisas boas...

Gostaria de ser uma pessoa mais realista, daquelas que, ao se deparar com um problema sem solução simplesmente o esquece, pois sabe que pensar demais não resolverá nada. Mas eu não sou assim, sou do tipo que pensa demais, e que não faz nada mais, pois não há o que fazer. 

Me vi com algumas situações complexas demais para minha mente limitada. Mas não aceitei que não poderia resolver, e parei no tempo para tentar encontrar uma solução. O resultado foi o mesmo do início, mas agora com uma baita dor de cabeça de brinde, além de um sentimento de incompetência e incapacidade no coração.

Percebo agora que entrei num rio, um grande rio, e desejei parar o seu curso apenas com a força da minha vontade. Me desesperei ao perceber que não é possível para um homem fazer isso, mas não por ser apenas uma limitação minha, mas parte da estrutura da realidade, da qual faço parte. Aprendi então o que deveria ter sido óbvio a minha observação e experiência, mas precisei do fracasso esmagador como mestre. No entanto, outras coisas pude aprender daí...

Devo nadar contra a correnteza, e aqui não me refiro as pessoas ao meu redor, não, o meu problema não são os outros, o meu problema está em mim; Devo nadar contra os ímpetos que fluem perigosamente do meu íntimo. Devo ir contra os meus reflexos e até mesmo contra os meus impulsos mais primitivos. 

Não há como mudar o fluxo do rio, é humanamente impossível, mas isso não significa dizer que devo ficar imóvel. Eu posso me mover, ainda que não possa mover o rio, e isso mostra que eu preciso sair daqui, pois vou me afogar se continuar insistindo nessa empreitada sem sentido.

Algumas batalhas valem o sangue derramado, outras não, e espero com muita sinceridade que o sangue que jé derramei não tenha sido em vão, e que a partir de agora aprenda a escolher melhor os motivos pelos quais eu deva lutar. 

sábado, 3 de março de 2018

Vidro quebrado

Algo se quebrou aqui dentro?

Estamos próximos um do outro, qualquer um de nós poderia tocar o outro se ao menos esticasse o braço. Entre nós um silêncio quase sepulcral se coloca como uma muralha de milhares de quilômetros. 

Alguém que, de modo desavisado venha a ter conosco, pode pensar que é apenas uma tranquilidade entre dois que não necessitam trocar palavras para ficarem bem. 

Mas nós sabemos a verdade.

E a verdade é que ambos temem abrir a boca, pois sabemos que as palavras que temos para dizer não poderão ser facilmente esquecidas, e provavelmente podem simbolizar o fim.

Já há um certo tempo que nossa cumplicidade fora abalada, pela traição, e eu cheguei a sonhar que a superação disso nos faria mais próximos, mas embora continuemos a nos ver com frequência, algo mudou, algo se quebrou aqui dentro.

Eu sinto vontade de chorar sempre que penso nele, e quando estamos juntos chego a desejar que fiquemos longe, e com frequência eu me irrito facilmente com o desejo de retomar a antiga cumplicidade. 

Acho que algo se quebrou aqui dentro...

E como consertar? Não creio que exista no mundo algo capaz de fazer parar o sangue que agora escorre de meu coração. Não creio que haja uma maneira de melhorar, e a partida se faz praticamente certa na linha do horizonte não tão distante...

Algo se quebrou aqui dentro!

sexta-feira, 2 de março de 2018

Proporções mahlerianas

O dia amanheceu fresco, e quando olhei para o céu não havia nele nenhum indício de chuva, estava claro, brilhante, feliz. 

Meu coração, no entanto, está cinza e triste. Chove cinza aqui dentro, e é uma tempestade que vai demorar passar. 

Já não sinto mais o oco, o completo vazio no âmago da minha existência, mas sim uma quase indescritível profusão de sentimentos contrastantes que travam uma guerra sangrenta dentro de mim. Não estou mais no estágio do não sentir, mas voltei a sentir muito, de tudo um pouco.

Fui ontem obrigado a estar junto das duas pessoas que mais me têm feito sofrer ultimamente. Uma pela presença completamente incômoda, e outra pela presença querida mas que, por gostar da presença incômoda tem sido motivo de desgosto para mim. 

Parte de mim é um desejo daquela presença, para que ela seja cada vez maior. Já não é mais um saudável bem querer, mas sim uma necessidade quase obsessiva de possuir e ter para mim o seu afeto e a sua presença. É um desejo doce, em sua superfície, mas que se manifesta de maneira quase sempre violenta, tornando-se mais do que um simples desejo, mas numa completa e psicótica necessidade. 

Fui equivocado em dizer que isso ocupa apenas uma parte. Não, ocupa quase tudo do meu ser, e todo meu pensamento se converge para esse desejo. O que causa a dicotomia são os fatores que me deixam cada vez mais distante de alcançá-lo. O medo, o ódio, o desespero, tudo isso dialoga de forma complexa com o amor e o carinho que há em meu coração, tornando assim a minha existência numa sinfonia de proporções mahlerianas.

O resultado que essa estranha confluência de sentimentos causa em mim é um estado de cansaço permanente. Por operar apenas pelas simples aglutinação de problemas a minha mente pede que alguns deles sejam deixados para trás. Mas como deixar para trás o amor que pulsa tão forte dentro do meu peito? Como abandonar uma das poucas razões para existir que ainda há na minha existência patética?

Não acho que meu intelecto inferior possa encontrar uma maneira menos dolorosa de fazer isso. Não há maneira mais fácil. Eu é que busco uma maneira simples de resolver algo tão complexo. A isso chamam de indolência.

Encontro-me preso em minha própria preguiça, mais uma vez paralisado pelo meu próprio medo de mudar...

A única solução é a distância. Tanto física quanto emocional, e como o (meu) emocional só responde aos estímulos físicos, a distância física é a única solução viável. Pode significar uma fuga, e de fato creio que o seja, mas eu preciso fugir, preciso me proteger, pois um só dia a mais que eu chore pode significar a minha completa loucura. 

quinta-feira, 1 de março de 2018

Entre abraços e lágrimas

Fiquei em dúvida se o abraçava, se o socava ou se chorava ajoelhado aos seus pés. Como foi difícil! 

Eu o abracei, talvez porque esse fosse meu instinto mais primitivo, e revelasse o desejo mais íntimo e latente do meu ser. 

Eu o abracei de forma doce, e o perfume do seu cabelo não me inebriou, mas acalmou o meu coração que batia forte desde que o vi andando em minha direção. Eu quis correr, me esconder. 

Olhar para você pode me fazer chorar a qualquer instante. E eu não quero chorar mais, não há em mim mais dignidade a ser derramada em lágrimas pois os últimos dias se resumiram a choros intermináveis e momentos de desespero, até em meus sonhos as lágrimas se fizeram presentes. 

Não aguento mais chorar!

Não aguento mais o sentimento de de estar completamente e absolutamente desnorteado por não ter o que fazer para evitar que se vá, segurando a mão dela. Tudo isso acontece pelo medo que tenho de ela o tirar de mim, e não posso suportar a ideia de dividir você com alguém desprezível assim.

Enquanto os últimos dias foram marcados pelo mais absoluto horror, hoje foi marcado pela insegurança. A necessidade de ter você você por perto, segurando minha mão ou me abraçando, gritou mais alto em alguns momentos. Em duas oportunidades encostou a sua cabeça na minha, e em duas oportunidades em em concentrei com todas as minhas forças para não dizer a você o quanto temo que se vá, o que desejo que fique, e que nunca saia de perto de mim, que nunca deixe de me abraçar.