segunda-feira, 12 de março de 2018

Da Dicotomia

O desejo e o medo. 

Sinto como se estivesse preso em meio a um turbilhão de pensamentos tão conflitantes entre si que dificilmente acreditaria ser possível que coexistissem numa só pessoa se me dissessem. 

Tenho lutado contra um sentimento, e já há meses sofrido por não ter conseguido sucesso nessas empreitadas. Isso porque ao mesmo tempo em que lutava para não sentir, já sofria por sentir justamente aquilo que combatia. 

Dentro de mim uma batalha tem sido travada. O desejo, o querer, contra o medo, e a verdade... Lutam impiedosamente entre si, sendo controlados pela razão e pela emoção, meus lados conflitantes. A razão defende a verdade, fria e dura, ao passo que a emoção defende o desejo, cego e luxuriante. 

A verdade e a luxúria. 

Parte de mim quer ouvir sua voz, abraçar e sentir o seu coração bater próximo ao meu ouvido. Essa parte deseja tocá-lo a todo momento, e ser para ele o único motivo de sua existência, já que ele se tornou para mim a única razão de minha existência. Essa parte sente tristeza e abandono quando não escuta sua voz, e sua presença é para ela um doce perfume a se desejar. 

A outra parte não deseja mais ouvir sua voz. Esta, movida pela razão que conhece a verdade, sabe que o fim desta história é apenas um: o sofrimento e a dor. É como se eu mesmo me lançasse na geena e, ardendo no fogo, implorasse para dali ser resgatado. Essa parte sente medo e dor quando ouve sua voz, e sua presença é aflitiva ao meu coração.

Eis os exércitos que no meu peito travam um combate sem fim. Poderosos, cada um defendendo as suas crenças e convicções. Essa dicotomia revela um pouco da esquizofrenia latente em minha alma. Não há em mim sinais de normalidade, apenas uma confusão intermitente, resultado da batalha entre um sonho e a realidade.

O real e o ilusório. 

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