quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Resenha - Weak Hero Class 1

Contém Spoilers!

A Coréia já vem ensaiando um dorama BL há algum tempo, e esse foi o motivo que me levou a ver essa série, os spoilers sobre a amizade dos personagens principais que se parecia muito com o desenvolvimento de alguns BLs, mas o que eu encontrei, além dessa clara temática, foi uma abordagem impressionante sobre dois temas: os impactos da violência e o poder, e como essas duas coisas se mesclam mudando as pessoas afetadas por elas. 

A história começa com Yeon Shi Eu (Park Ji Hoon, ex-membro do Wanna One), um premiado aluno de uma grande escola de Seul que, embora seja fraco fisicamente, consegue lutar contra seus agressores usando o conhecimento. Ele é apático e de poucas palavras, só reagindo em situações extremas. Também somos apresentados a Ahn Soo Ho (Choi Hyun Wook, de Racket Boys) que é um ex-atleta e que agora trabalha em vários empregos de meio período e que consegue lutar incrivelmente bem mas que está sempre dormindo e não procura confusão. 

Depois de uma violenta provocação dos valentões da escola, bem no estilo coreano mesmo, Shi Eu reage de forma ainda mais violenta e acaba sendo alvo de retaliação, onde acaba se aproximando de Soo Ho e de Oh Beom Seok (Hong Kyung), um jovem franzino que acabou de se mudar para a escola deles e acaba sendo usado pelos valentões mas tenta se redimir. 

E então esse é o mote inicial: a violência, que já é uma velha conhecida das salas de aula coreanas, e a pressão pela perfeição dos alunos criam uma tensão permanente que não raramente acaba em tragédia. A violência acaba gerando mais e mais violência e aqueles que não têm força para reagir acabam se sujeitando aqueles que têm. Shi Eu tinha tudo para ser sempre provocado, por ser calado e não conseguir nem correr direito na educação física, mas quando conseguem fazer diminuir a sua nota ele reage e mostra que não deveriam mexer com eles, a menos que tivessem ajuda de alguém ainda mais forte, e aí se inicia um ciclo de ódio. 

Na metade temporada há um giro da temática e começamos a ver os impactos dessa falta de poder e dos constantes abusos na vida de uma pessoa. E então Beom Seok, que até então nunca conseguiu reagir a violência que sofreu, em casa e na escola, se vê confuso em relação aos seus sentimentos por Soo Ho e passa a querer mais poder, descobrindo que, quando não possui o poder físico imediato, pode-se usar do poder do dinheiro, e é desse modo que ele, embora ainda fraco, consegue vingança daqueles que o perseguiam e coloca um alvo no antigo amigo.

A forma como a violência pode quebrar a personalidade de uma pessoa é mostrada de uma forma brutal. Os três protagonistas são jovens e bonitos, mas dois deles tem essa aparência apática. Beom Seok é profundamente depressivo e passa a ter um projeto de vingança como hiperfoco. Ele é filho adotivo de um importante político que o adotou justamente para compor uma aparência familiar perfeita mas é extremamente violento com o garoto que então se junta a amigos que se aproximam dele por causa de seu dinheiro. Ele chega ao ponto da completa falta de qualquer outra perspectiva a não ser sua vingança, ao passo que Shi Eu e Soo Ho fortalecem o laço entre eles (e não tem cristão que me convença que isso não foi um desenvolvimento romântico) e passam a cuidar um do outro sempre mais, também chegando a extremos do desespero ao ver a destruição que a violência pode causar e tendo de recorrer a ela mais uma vez mostrando como esse ciclo é difícil de escapar. 

Com ótimas cenas de ação e uma fotografia bela, e até visceral, como uma boa produção coreana, essa série envolve e a gente quer devorar todos os episódios de uma vez, e acabamos nos prendendo aos personagens e sofrendo com eles a experiência do desespero da descida ao inferno e das consequência devastadoras do desejo de poder pela violência. 

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