segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Resenha - Remember Me

Contém SPOILERS!

Com a proposta de apelar para a nostalgia e contar uma bela história percorrendo várias fases da vida de seus personagens Remember Me chegou como um ponto fora da curva dos lançamentos atuais, mostrando um grupo de amigos que cresce junto e assim vai partilhando as dificuldades bem como as alegrias, desde as brincadeiras de criança aos problemas da vida adulto, passando, é claro, pelo conturbado período de descobertas da juventude.

O nosso grupinho é formado por Gun, Em , Name, Nan e Champ. Os cinco se conhecem desde pequenos e percorrem uma longa jornada de amadurecimento, depois se juntando a eles também Golf que estudava na escola vizinha e vai pra mesma faculdade deles em Bangkok.

Gun e Golf (First Chalongrat e Ja Pachara, de Don't Say No) começaram a trocar cartas na infância, numa atividade das suas escolas e se tornaram grandes amigos, o que depois acaba evoluindo para uma paixão mas, por conta da insegurança de Gun sobre sua aparência e sobre os sentimentos do outro eles nunca se conheceram pessoalmente, ou melhor, nunca chegaram a se falar, mesmo Gun sabendo quem é Golf e se tornando parceiro de trabalho na faculdade. 

Name e Em (Title Teshin e Man Supakrit, de The Yearbook) protagonizam a história com o maior impacto afetivo. Name sofreu um trauma na infância e por isso desenvolveu uma mudez seletiva. Por conta disso ele passou a sofrer bullying na escola e, por isso, sua mãe o levou para uma cidade do interior, onde ele conhece Em que, sem fazer perguntas sobre os motivos do garoto não falar, simplesmente o leva para conhecer os outros, que o acolhem. 

Nan (Mean Phiravich, de Love By Chance 2 - A Chance To Love) é o mais velho do grupo e o primeiro a ir para a faculdade, tendo que aprender a superar a fase da pura diversão e paqueras e focar na vida séria quando conhece uma veterana que, apesar de despertar seus sentimentos, não acha que o garoto é capaz de levá-la a sério. 

Champ (o fofíssimo Title Tanatorn) é um jovem muito apegado a sua família, especialmente ao seu avô, e ele faz de tudo para dar a ele orgulho, tendo então que aprender a lidar com as frustrações da vida jovem e adulta e, principalmente, a superar o luto e as expectativas que criamos por causa de quem amamos. 

A série mescla essas histórias que se passam em vários anos, mostrando vários lados do amadurecimento dos meninos. Com uma pegada realmente nostálgica e cativante ela usa de vários elementos para mostrar, por exemplo, como a tecnologia foi transformando a forma como as pessoas se comunicam e o impacto disso nos seus relacionamentos. Gun e Golf começam a conversar por cartas, mais tarde passam a trocar emails, depois vão conversar no MSN, trocam mensagens no Blackberry e, por fim, chegam ao LINE (aplicativo de mensagens parecido com nosso WhatsApp) e nisso não é apenas a tecnologia que muda mas os sentimentos deles que, com o passar dos anos, vão se tornando mais fortes a medida que eles se aproximam. 

A história de Name é realmente emocionante. O garoto com muitos traumas não consegue falar, com poucas exceções ao falar brevemente com Em e, finalmente, após uma experiência catártica em que ele precisou falar numa situação extrema. Vemos então o tempo em o personagem sofreu com a mudez e a depressão, sem conseguir sair de casa e se sentindo longe até dos amigos que foram estudar na capital. Impossível não se emocionar com seu arco, e ver como se deu também um afastamento e reaproximação de Em e como isso impactou na vida dos dois. 

Com essa aura de nostalgia, no entanto, a série peca por não dar tanta profundidade assim aos seus personagens, deixando muita coisa por conta da sensibilidade do espectador. Gun e Golf começam a namorar num episódio e dois episódios depois, num salto temporal, já estão com o relacionamento em crise, mas não foi possível ter tempo de sentir esse impacto, deixando tanto o problema quanto a resolução sem o impacto necessários. Apenas Name realmente consegue cativar porque sua história teve todos seus elementos bem explorados, sendo realmente emocionante e, embora Champ também consiga emocionar é mais pela atuação do Title do que pelo problema em si. 

A série acerta muito no tom e na importância dos outros personagens na vida dos protagonistas. Nós vemos o peso da família tanto ao dar apoio quanto também em ser fonte de ansiedade e insegurança pros meninos, ao mesmo tempo que crescem e aprendem com eles. Infelizmente acho que a amizade dos meninos também deixou um pouco a desejar, já que eles parecem enfrentar os problemas sozinhos e só se encontrarem em momentos sem muita importância, o que não deixa de ser um retrato fiel da realidade, afinal ninguém mantém as amizades da infância com a mesma presença a vida toda. 

Com uma trilha sonora cativante, uma fotografia simples e perucas horríveis (afinal quem não teve um cabelo estranho na juventude?) a série mostra um grande recorte da vida, indo da infância até o amadurecimento e mostrando as diversas fases do crescimento e os diferentes motivos que nos levam a ver a vida com mais pé no chão. 

Nota: 08/10

2 comentários:

  1. depois de vê algumas series, venho aqui conferir sua resenha e muitas temos pontos de vistas muito parecidos. obrigada pelas resenhas e por todo conteúdo.

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