domingo, 22 de janeiro de 2023

O primeiro e o último

Eu sou uma pessoa péssima. É estranho que você seja a primeira pessoa em quem eu penso ao acordar? E que também seja a última em que penso antes de adormecer? Todas as noites ao cerrar os olhos eu imagino como seria me deitar ao seu lado, ou como seria caminhar ao luar na noite de Paris, ressuscitar uma múmia amaldiçoada no Egito ou simplesmente ver um filme. Também quando acordo penso em como deve ser sua voz embargada pela manhã, em como me deitaria sob seu peito e te faria cócegas, sabendo que você demora a acordar e que gosta de ficar deitado por muito tempo antes de levantar, e então eu te provocaria, com um sorriso malicioso no rosto, com a sua ereção matinal. 

Algo em mim gosta desses devaneios, talvez você me veja como uma puta, e eu não me importo porque sei que por detrás desse comportamento tem um amor de verdade e um amor pulsante, como meu membro em riste, mas que pulsa de carinho e desejo, que se dói em cada fibra que clama pela sua presença. O desejo que há em mim é o desejo de ver-te e tocar seu rosto de novo, de um abraço apertado. 

Até mesmo quando passamos algum tempo sem conversar me vem uma grande falta de você, porque se não bastasse a distância física ficar sem sentir que você pensa em mim me incomoda, e eu tenho vontade imediatamente cruzar o país ao seu encontro, o que seria uma loucura, é claro, mas que meu coração deseja ardentemente e que meu corpo grita em agonia na perspectiva de voltar a abraçar você.

Então eu sonho com esse dia, com essa possibilidade e, principalmente, com seu abraço. E me dói saber que isso nunca vai passar de um mero sonho e que, se um dia eu chegar a propor a você algo de verdade, eu serei facilmente recusado. E tudo o que posso fazer é escrever, e escrevo portanto para não me sufocar com esses sentimentos, para que as palavras que eu não posso dizer a você ao menos possam ser lançadas ao vento e assim aliviem um pouco o peso que elas deixam em mim. E eu preciso escrever porque eu preciso dizer isso a alguém, mas como não pode ser você eu digo a qualquer um que venha parar nessas páginas obscuras. 

Muito me envergonha também esses pensamentos, porque eu sei que do que eu sinto, apenas os ares quentes das minhas chamas luxuriosas é que aquecem a sua face deixando-a rubra. E então eu gemo tal qual réu envergonhado de ter você como objeto de tais embustes, na horrorosa avulsão da forma nívea onde, em segredo noite adentro, no seu ouvido digo palavras da lascívia. 

A verdade é que eu venho tentando te conquistar todo esse tempo. Eu sou desprezível e não mereço o seu carinho e atenção. Por esse pecado eu devo ficar sozinho para sempre, por querer aquilo que jamais poderei ter, por desejar deflorar a sua pureza, por desejar me deitar ao seu lado e por desejar sem um só com você. Eu não mereço que olhe para mim. Eu sou mesmo uma pessoa péssima. 

E por isso eu quero me despir da toda palavra bonita e pedir perdão. Perdão por desejar você e por provocar você, por ter segundas intenções maliciosas nas minhas palavras disfarçadas de afeto, porque na realidade o meu amor por você é desordenado, é vil, e por mais que eu queira seu bem eu não consigo parar de desejar você, dos jeitos mais torpes possíveis. Me desculpe por ser uma pessoa péssima. Eu te amo, e você não merece um amor impuro como esse. 

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