segunda-feira, 9 de junho de 2025

Após Três Dias

Parece que a previsão mais cedo no jornal estava certa, choveria durante a tarde. Pelo tom ameaçador das nuvens, eu arrisco dizer que vai chover bastante. Ótimo, espero que meu sono seja bom acompanhado pelo barulho da chuva. 

Dormi ontem o dia todo, mas consegui ainda um pouco de energia para ir à Missa da noite, ouvir e cantar com alegria a sequência:

"Dai à Vossa igreja, que espera e deseja, Vossos sete dons. Dai em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna. Amém!"

Gosto desses detalhes da liturgia, como um hino em louvor ao Espírito que conduz a Igreja de Deus, que nos envia do céu um raio de luz. Que nos guia na solidão do pecado e da morte. Que no dá como prêmio a vida eterna. É uma beleza que faz com que as outras belezas desse mundo não se possam comparar, pelo contrário, se unem a ela, pois é da beleza eterna e imutável que nasce a beleza que nos cerca. 

No sábado eu fui a uma festa, e embora fizesse parte da organização, de algum modo, fui a contragosto, mas acabei me animando, especialmente depois de ficar mais à vontade perto de algumas pessoas, de sorrir com amigos, conversar sobre S. Tomás e Tchaikovsky, sobre amores não correspondidos, e tantas outras coisas. Admito que me senti quase vivo, como que ressuscitado após três dias.

Mas também observei muito os outros que conversavam, via para onde iam seus olhares, o que observavam, o que os fazia se animar. Vários rapazes bonitos, meninas de beleza mediana e personalidade insossa, mas ainda assim, algo nela, e nem preciso dizer que é o cheiro e aquilo que elas têm no meio das pernas (sic!) fazem com que todos olhem para elas. E assim decorreu a noite, um pouco de álcool para tornar a convivência com o outro um pouco mais suportável e vários olhares, alegres, excitados, passando a todo momento, mas nenhum deles se virou para mim. Nenhum sorriso sequer. 

Naquele ínterim eu me vi então como um jovem, desejado do desejo alheio. Algo bobo, infantil, buscando nesse desejo aprovação e, na aprovação, um sentido. Ainda não dominei isso em mim. Ainda não sou um homem, apenas moleque com palavras de erudição filosófica que, sem isso, tornam-se palha.

"Dominei duas ou três coisas em mim. Mas como estou longe dessa superioridade de que tanto necessito." (Albert Camus)

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