Eu odeio ser produtivo por um dia
e completamente inútil no resto deles.
Realmente odeio.
Fiz mais hoje do que em várias semanas,
mas não quero sequer sair do meu quarto agora,
e estou pensando em mil desculpas
para não ver
e nem falar
com ninguém amanhã.
e completamente inútil no resto deles.
Realmente odeio.
Fiz mais hoje do que em várias semanas,
mas não quero sequer sair do meu quarto agora,
e estou pensando em mil desculpas
para não ver
e nem falar
com ninguém amanhã.
Dia dos Namorados,
todos felizes,
mãos dadas,
músicas românticas,
fotos em restaurantes,
mãos dadas,
músicas românticas,
fotos em restaurantes,
cartas de amor ridículas,
sorrisos felizes.
E eu esqueci de tomar
sorrisos felizes.
E eu esqueci de tomar
meu estabilizador de humor,
de novo.
Enchi a cara de energéticos
e agora quero dormir.
E sonhar com aqueles longínquos
trigais dinamarqueses.
Sentado na varanda com um livro
ao colo e uma caneca de café ao lado
sozinho ouvindo o sino da igreja.
Desde quando eu me importo
com a métrica ausente
se ausente também o conteúdo
e o contorno?
Desde quando o amor
doce e tranquilo
transformou o peito dos homens
num buraco indeciso?
Desde quando esse enigma
decifrado quando a luz da lua
beija o corpo dos amados
deixou nesses mesmos corpos um estigma?
Desde quando aquele amor que eu sentia
passou a ser uma constante ansiedade
uma eterna busca por saciedade
de uma fome que eu nem sabia que existia?
Desde quando um único dia,
pode tornar-se dolorido
incômodo,
penoso,
tenebroso
Ao olhar para o lado esticar o braço
e sentir nada mais
que a frialdade do ar a cortar a carne
como corta o aço?
Desde quando me importo
com o tempo vindouro
com as humilhações
buscando no amor algum tesouro
que possa fazer-me esquecer
depois das tórridas oito horas
de torturas lancinantes
chegar a receber em abraços algum prazer?
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