quarta-feira, 22 de abril de 2015

Parte de mim

Depois de uma mega feriado (em vista da memória do martírio de Tiradentes, o "herói" da Inconfidência Mineira) é hora de voltar a rotina. E parece que o universo leva a palavra "rotina" com uma franqueza brutal. Levantar cedo não foi fácil, pelo contrário, foi necessário reunir todas as forças que eu tinha e até algumas que eu não tinha pra conseguir sair dos braços da minha amada (cama). Por sorte meu estágio está no fim, mais uma semana e me verei livre dele. Por um lado ficarei triste, não terei o deleite de passar a manhã com 10 ou 12 meninos lindos todos os dias. Triste. Mas ainda por outro lado, é também um problema. Preciso de um emprego, não posso exigir que meus pais me sustentem pra sempre, e minha faculdade já está no fim. Terei de conseguir ao menos um contrato temporário no município, pois assim não dá.

Bom, dentre as coisas que mais querem ser escritas aqui agora está uma frequente obsessão pelo meu ex que se recusa insistentemente em se curar, provocando em mim uma convalescência leve e demente em ficar ouvindo músicas que sugerem um contexto de problemas mentais e um quadro de psicose generalizada. O nome científico pra isso? carencias agudas ou melhor dizendo, e aqui pafraseando o meu pai, frescurite de aborrecente. (Só a nivel de esclarecimento, o aborrecente aqui é ele ok? não eu. Eu acho) Enfim, o fato é que eu praticamente já o esqueci, até o exato segundo em que vejo uma publicação sua na minha timeline ou lembro que ele nao respondeu a minha mensagem de "Tenha um boa semana" que enviei a 3 dias atras. Daí, hahaha, a coisa é completamente diferente. O estômago embrulha, eu perco o apetite, começo a tremer e a lembrar, com uma riqueza de detalhes que daria inveja a qualquer atleta da mente ou memorizador eidético, dos momentos que passamos juntos e dos fatos que cuminaram no nosso afastamento. 

De qualquer forma, era um relacionamento fadado ao fracasso desde o começo: Primeiramente, eu devia ter me concentrado só em fazer as atividades da faculdade, nunca devia ter me apegado a ele e muito menos ter aceitado ir no cinema com ele no dia em que ficamos pela primeira vez. Nunca devia ter ficado no pé dele depois que ficamos a primeira vez. Não devia ter dado tanta importância quando ele começou a me ignorar e nem ter surtado quando eu vi que ele também tinha surtado. Eu nunca deveria ter lutado como lutei, desperdicei minhas forças lutando uma guerra para proteger quem eu amava, quando quem eu amava não queria ser protegido, queria apenas que eu morresse na guerra, pra não ter de passar pelo incômodo de me dispensar, ou simplesmente pra evitar o incômodo maior ainda de enfrentar a si mesmo numa jornada de autodescobrimento e encarar quem ele é de verdade. 

Embora eu tenha fortes motivo pra acreditar que ele já encontrou outro, eu bem sei que ele não me esqueceu. Os lapsos de boa educação que lhe restaram denunciam isso, mesmo não sendo muitos. As declarações eram verdadeiras, mas as dúvidas, ah, essas também eram, e foram essas que prevaleceram. Deram a nota final a derradeira sinfonia da morte do nosso amor, que eu nem sei se era amor mesmo ou apenas um sentimento qualquer movido aos hormônios da idade. Ainda sim, deveria ter deixado as coisas se resolverem por si só. Minhas intervenções foram todas infantis e tolas, dignas de pena, e só trouxeram mais rapidamente os resultados que já se mostaravm inevitáveis. 

Mas ele continua lindo, seu rosto redondinho, seu sorriso permanente que esconde os muitos fantasmas das suas dúvidas e até os trejeitos forçados que obrigam a se auto afirmar a cada 5 minutos. Isso ainda faz dele uma criança cativante, uma criança que me conquistou antes mesmo de me olhar. E uma criança que, mesmo já não me olhando mais, ainda tem todo controloe sobre mim e sobre o meu coraçao. Ninguém disse que seria fácil. Mas também não me avisaram que seria tão difícil. Claro, agora me parece muito mais confortável ficar aqui e me lamentar ao nada da internet do que levantar, erguer a cabeça e tentar começar de novo. Talvez eu seja covarde demais, ou talves seja apenas um masoquista que prefere ficar e lamber as próprias feridas do que tentar ferir quem as provocou. 

Sinto falta, do seu rosto vermelho de vergonha quando eu o intimidava. Da sua mãozinha quente na minha naquela sala de cinema fria e vazia. Dos lábios contra os meus. Do seu corpo pequeno assustado. Da sua voz delicada cantando em áudios do WhatsApp. De nós. Se é que um dia existiu um nós. Se é que esse relacionamento não foi apenas uma miragem da minha própria cabeça para impedir que o meu hipotálamo se afogasse num mar de testosterona e resiliência.


Mudando de assunto, mas não de novela, hoje meu amiguinho me visitou. Quando cheguei do estágio, me perguntou se eu estaria em casa, disse que sim e alguns minutos depois estava aqui. Ficou apenas por umas poucas horas. Mas foi mais do que suficente. Não pra matar a saudade, pra aumenta-la na verdade, mas pra me dar uma tarde especial. É sempre boa a companhia dele. Posso ser eu mesmo. E sentir o seu coração, seu hálito, seu cheiro perto de mim, é como seu eu não precisasse mais do meu ex. Como se ele fosse uma realidade antiga já desbotada pelo tempo e que nem sequer desperta nenhum tipo de sentimento além de pena. Mesmo quando ele me fala dos rapazes com quem ficou. Dos problemas que seu ex provocou em sua vida, ou das besteiras que ele ainda pretende fazer, eu me sinto bem, em paz. Desejando apenas que o Chronos parasse e que eu pudesse ficar ali deitado com ele por 10 ou 20 anos, ou tantos quantos fossem possíveis. Um sonho de fato. Mas que as vezes por 1 segundo eu penso ser possível. Não é raro eu me perguntar por que, alguém tão popular, com tantos amigos tão mais interessantes do que eu ficaria vindo me visitar com a frequecia que el faz? Se eu tivesse algo a oferecer (dinheiro, influência, ou qualquer outra coisa) eu até desconfiaria, mas como não tenho, risquei essa hipótese. O que o fez se apegar a mim? Outro ponto é que as vezes, alguns olhares me passam mensagens erradas. Hoje mesmo foi um desses dias. Enquanto o abraça e beijava seu pescoço, parecia que ele queria algo a mais. O complicado tá em arriscar tentar alguma coisa e botar toda essa amizade a perder. E eu não sou conhecido por arriscar, Pelo contrário, é minha linha de ações displicente e discretas definem quem eu sou. 

Bom, quem sabe um dia eu arrisque. Um dia pare de ter medo de lutar, e quem sabe com isso desperte os poderes que tanto espero. E se a energia espiritual necessária para convocar um Kidou precisse apenas da minha própria confiança para aparecer e me dar a chance de realizar aquilo que  eu tanto sonhei? Se for assi, as expectativas não são boas. Não vejo esperanças para alguém como eu. O medo de arriscar, o medo de perder, o medo de ganhar. Tudo isso faz parte de mim. Tudo isso parece formar a minha essência, e se é a nossa essência que define quem nós somos, bom, a única lógica é que o medo me define. 



As vezes penso em tudo isso como uma grande noite escura, uma aridez sentimental, mas as vezes também penso como uma condição permanente, um quadro inalterável. Algo que não pode ser mudado nem mesmo com a aplicação da Lei da Troca Equivalente, por que o medo não vale nada, logo, nada pode ser trocado por ele. Nada bom pode vir dele, exceto a insegurança e as dúvidas. Dúvidas do que poderia ter acontecido se eu tivesse tomado essa ou aquela decisão. Se eu tivesse tido coragem de ter esse ou aquela atitude. Se eu simplemsnte o empurrase na parede com um meus lábios contra os dele ou se eu enterrase esses sentimentos de uma vez por todas e me obrigasse a esquecer e viver uma amizade pura, como ela deve ser vivida, sem exageros e nem tendências carentes. Fica ai o questionamento no ar... No entanto, mais uma vez afirmo: Esse questionamento também faz parte de mim. 

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