domingo, 29 de dezembro de 2024

Sonhos, mentiras e... Inferno

Uma coisa que não fazia há muito tempo, e que sentia tanta falta: virar a noite vendo BL. Sorrindo e chorando, acompanhando a história como se a estivesse vivendo. Algo que tanto amo, que é tão importante pra mim e que as obrigações do cotidiano tinham me privado de fazer. Como é bom, como é bom, derramar algumas lágrimas, me emocionar com o primeiro beijo, com aquela confissão sincera. E o escolhido dessa vez foi The Eclipse, com aquele Khaotung revolucionário e provocador e aquele First sério e irritado, o Neo no auge da gostosura e o Win sendo um fofo. E talvez amanhã reveja Only Boo, e de novo me emocione, sorria e chore, como tanto amo, e como há tanto tempo não fazia, porque roubaram de mim até minha alegria mais singela…  

Roubaram de mim, ou eu mesmo perdi, assim como perdi a capacidade de acreditar nesse mesmo amor que tanto gosto de ver. E talvez por isso goste tanto assim: se antes eu via porque desejava algo assim, hoje vejo como uma forma de fugir, não por desejar, mas por sabendo que não existe, pelo menos imaginar que na realidade paralela da ficção exista algo melhor que as experiências ruins dessa vida. Já que a vida é tão ruim, que ao menos possa fugir para um paraíso um tanto melhor. Há quem diga que a realidade é melhor por existir, eu discordo, e é justamente o fato de simplesmente existir que me incomoda pelo menos três vezes a cada hora. Porque essa vida é uma droga, ou há algo de tão intrinsecamente errado comigo que eu não consigo me encaixar, e infelizmente preciso continuar. Até quando? Não o sei, mas não suportarei muito mais. 

Não tenho muito o que fazer ou pensar. 

Sorrisos doces, 
abraços que demonstram carinho e que confortam, 
declarações doces, 
momentos emocionantes. 

Tudo lindo, eu choro sempre. 

Mas é tudo uma mentira.

E eu já perdi a conta de quantas vezes tomei remédio pra dormir e simplesmente não ver nada. Mas não adianta, sempre acordo no dia seguinte, e preciso me confrontar com a verdade: olho pro lado e vejo a cama vazia, olho as mensagens e sinto aquele habitual utilitarismo, que só me procuram para pedir algo, como se eu fosse uma espécie de plano de contingência ambulante. Ainda penso que há em mim uma espécie de falha fundamental, mais profunda que o próprio pecado original, e que me mantém longe de todos os outros. Não passam eles de estranhos pra mim. Já começo a ficar com um pouco de sono, pouco, pois já estou acostumado com os remédios, e olho para a cama, ela continua vazia.

Mas então eu acordo mais um dia, e preciso ficar de pé até a noite, e isso me parece uma tortura, porque a realidade é uma tortura, um inferno. 

“Deixai toda a esperança, vós que aqui entrais.” (Dante Alighieri)

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