Mais de uma vez aproximei nossas mãos, e acho que algumas pessoas distantes chegaram a perceber, mas ele não. Ou talvez tenha notado e decididamente ignorou. Tudo bem, não é como se esperasse um resultado diferente.
mas eu sei que você não gosta disso.
Então qual palavra pode expressar o quanto eu estimo você?
Talvez eu apenas substitua pelo seu nome.
Meu amor é você então é a mesma coisa.
Eu quero te chamar de amor,
mas só seu nome agora deveria servir."
(Keen Suvijak, Only Boo)
Tem algo nessa cidade que me incomoda. É a maior cidade do estado e, no entanto, ela tem sempre um aspecto cansado. O próprio clima não ajuda, o título de Cidade da Chuva, dado pelos locais, dita a melancolia geral que impera, além disso, os idiotas da arquitetura e do urbanismo insistem no cinza e no concreto, contribuindo ainda mais pro estado depressivo daqui, aliado ainda ao fato de ser uma cidade iminentemente industrial, o que faz com que todos estejam sempre cansados, muito cansados. E é esse o estado da cidade no geral: triste e cansada.
Nós dois decidimos embarcar, esperando que o amor estivesse ao nosso lado
Mas você me deixou, a viagem ficou solitária sem você ao meu lado
No final, eu sou o único que ficou para trás
Com o mesmo bilhete para onde esperávamos nos encontrar.
Mas então, você foi embora da minha vida
Eu acabo voltando à estaca zero
Estação zero, sem você ao meu lado..."
Meu desempenho não tem sido dos melhores nos últimos dias, errei algumas músicas fáceis, e isso fez com que me olhassem desconfiados. Mas, não posso negar que fiz o meu melhor, só que o meu melhor não é bom o bastante, nunca é.
É belo ver o amanhecer, especialmente nesses dias frescos. Tenho assistido à noite toda e vou dormir quando o sol começa a despontar. Acho que mereço isso ao menos nas férias, ao menos por esses breves dias, antes de voltar a ter a alma sugada por dementadores. O céu agora é de um cinza azulado que eu não consegui capturar na câmera, belíssimo.
Me pergunto o que aconteceria se eu conseguisse me conectar com alguém. Toda vez que tento conversar, que tento me aproximar, tudo o que sinto é um tédio absoluto e a certeza de que eu nada tenho a ver com as pessoas. Não é como se eu me sentisse melhor ou mais inteligente que elas, mas que nossos interesses são diferentes de tal modo que eu não consigo me conectar. Eu gosto de falar de investigações filosóficas, pensar nas implicações do concílio, lamentar as revoluções litúrgicas, discursar sobre a indústria do entretenimento tailandesa... E quanto mais olho ao meu redor, menos vejo possibilidade de me conectar. Todos os meus contatos são sempre superficiais.
Ao mesmo tempo, também me vejo desejando o superficial. Me vejo querendo a pele perfeita, a voz afinada, o corpo atraente. Ao mesmo tempo, me vejo me entregando, endeusando a mais superficial e passageira das realidades. Mesmo que a beleza seja um reflexo da beleza divina, não podemos dizer que essa beleza, em nada acompanhada de mudança interior, é algo divino, no entanto, é justamente ela que ainda me encanta. Eu os desprezo enquanto queria ser como eles. Os desprezo por serem estúpidos e vazios, e olho no espelho e vejo que de nada me vale uma pretensa inteligência. Se eu ao menos a tivesse, mas acho que me foi privado também, além da companhia humana, a inteligência e a beleza.
SOLIDÃO
“Nunca me senti só. Durante um tempo fiquei numa casa, deprimido, com vontade de me suicidar, mas nunca pensei que uma pessoa podia entrar na casa e curar-me. Nem várias pessoas. A solidão não é coisa que me incomoda porque sempre tive esse terrível desejo de estar só. Sinto solidão quando estou numa festa ou num estádio cheio de gente. Cito uma frase de Ibsen: ‘Os homens mais fortes são os mais solitários’. Viu como pensa a maioria: ‘Pessoal, é noite de sexta, o que vamos fazer? Ficar aqui sentados?’. Eu respondo sim porque não tem nada lá fora. É estupidez. Gente estúpida misturada com gente estúpida. Que se estupidifiquem eles, entre eles. Nunca tive a ansiedade de cair na noite. Me escondia nos bares porque não queria me ocultar em fábricas. Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar.”.
(Charles Bukowski)
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