sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Aforismos

"Tudo que amei,
amei sabendo que 
acabaria."

(Mukowski)

E acabou, acabou mesmo antes de começar. Acabou simplesmente porque não era amor, não era nada, como tudo o mais. 

Já não ouso mais amar. Não creio mais no amor. Não me permito mais. Apenas olhar para alguém é o suficiente para tudo se revirar dentro de mim e eu me afastar com asco de quem quer que seja.

"Que pena, meu bem. Meu coração 
era tudo que eu tinha de valor, mas 
agora está quebrado e eu não tenho
mais nada para te dar."

(Mukowski)

E é isso, não sobrou mesmo mais nada. Me tornei sala vazia, fonte lacrada, jardim fechado. Choraria se ainda tivesse lágrimas, e não digo essas palavras com orgulho ou afetação. Apenas digo, como quem olha o céu e diz "o sol se foi."

X

Vi uma pessoa dizer que as segundas são oportunidades de recomeço. Discordo. Segundas são uma recordação das obrigações que nos esmagam, que mais uma semana infernal de abusos e assédios vem por ai. Segundas são o pior que a humanidade tem a oferecer urrando por entre as vinhetas do Fantástico, ou um espírito baixo e atormentado sussurrando o quanto somos miseráveis. Segundas são insuportáveis porque as pessoas as fazem insuportáveis. São como um abraço num cacto cheio de malditos espinhos. E querem que você reapareça sorrindo, bem, feliz e saudável, concordando com cada ideia idiota de burgueses imbecis. Estamos cercados deles. E eles amam segundas. E eu já acho que elas revelam o que de pior há nessa nossa humanidade fracassada. Tudo que eu queria era tomar um grande porre, ou encher a cara de todos os remédios possíveis e passar direto pelas segundas. 

X

Queria conseguir definir com mais precisão o que venho sentindo. Não é uma indiferença, pois se fosse não me afetaria de modo algum. Mas, ao mesmo tempo, eu olho para as coisas com uma descrença imensa, com uma infelicidade total, um pessimismo máximo. É como se eu estivesse triste por ter perdido a fé na possibilidade de as coisas melhorarem. 

E então todos os dias transcorrem da mesma maneira, num tédio tremendo, numa lida constante com a imbecilidade burguesa, sem nem ter disposição para escrever. 

X

Você vai morrer, eu vou. Todo mundo vai. 
A vida não espera. 
Ela corre, devora, e você tem que correr atrás ou fica para trás. 
A verdadeira pergunta não é se você vai morrer, mas se vai viver antes que isso aconteça. 
Vai amar, vai se perder, vai falhar, vai lutar, vai se jogar de cabeça no que realmente importa? 
Porque, no fim, só sobra o que você foi corajoso o suficiente para viver.

(Charles Bukowski)

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