"Quantos amores jurados pra sempre, quantos você conseguiu preservar? (...) Quantas pessoas que você amava hoje acredita que amam você?" (Oswaldo Montenegro)
Por um instante, enquanto pensava em paixões antigas, que se foram sem olhar para trás, e também paixões confusas que, por silêncio, me deixam anos na escuridão, a espera da candeia que pudesse tirar do alqueire. E aí brilhou, não numa foto desses passados, mas num vislumbre futuro.
Não quero, não deveria. Mas eu posso voltar a me apaixonar, posso permitir que ao menos essa luz se reacenda dentro de mim. Mesmo sabendo quanta dor uma paixão pode causar, ao menos é uma dor que mostra que o homem vive, se é capaz de amar é porque está vivo. Talvez, mesmo não querendo por conta de toda a dor passada, eu devesse tentar abrir o coração ao amor... Talvez eu devesse tentar superar esse medo de amar. Como cantava o Pe. Zezinho, scj, explicando que as pessoas fogem do amor, e depois que se esvaziam, no vazio se angustiam, e aí duvidam de Você (Deus). E esse foi bem o caminho que tomei, fugi, me esvaziei e agora questiono esse mesmo amor que antes me era o motor para tudo o mais. Mas o que era o amor que sentia e que hoje se parece ter perdido, esmaecido, fugido para algo tão profundo dentro em mim que se entranhou do mesmo modo que as rochas se sedimentam com o passar das eras e se torna difícil até mesmo dizer onde começa uma e termina outra...
Porque numa ocasião em que este explicava com muitos pormenores o mecanismo do amor, interrompeu-o para perguntar: “O que é que se sente?”. José Arcadio deu-lhe uma resposta imediata: - É como um tremor de terra. (Gabriel García Márquez)
Eis que veio sobre mim aquele torpor, já desde a noite anterior. Ontem eu não conseguia reagir, como se uma pesada bola de ferro estivesse não em meu pescoço, mas em minha cabeça. E foi horrível, e o dia se passou como se não existisse, apenas como um borrão. E cada vez mais dias estão assim. E, não raramente, chego a pensar que a própria vida é assim. Percebo isso olhando meu quarto, não é preguiça, mas já há vários meses ele está uma grande bagunça, e eu sempre digo que quero organizar, e sempre acaba ficando pra depois. E depois, e depois. E então as coisas vão se acumulando. Os livros, os terços, as roupas da pilha "ainda dá pra usar." E assim vi seguindo, um dia após o outro, e eu chego, cansado, chateado, deito pra ouvir uma aula, levanto pra comer e assistir uma série, e deito na esperança de adormecer o mais profundamente possível. E as coisas continuam bagunçadas. Também me veio certa vontade de chorar. Acho que vou abrir um vinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário