sexta-feira, 2 de julho de 2021

Resenha - Young Royals

E quando o amor se coloca frontalmente contra tudo aquilo que esperam de nós, será capaz de sobreviver as adversidades e provar que nada é mais importante que ele? 

A série Young Royals coloca uma pitada de nobreza no já dramático período do descobrimento da juventude quanto a sexualidade. Nela o príncipe Wilhelm (Edvin Ryding), segundo na linha de sucessão ao trono, é enviado para um colégio interno onde frequentam alunos de grandes famílias do país, trata-se do Colégio Hillerska que educou as últimas gerações de sua família, inclusive seu irmão mais velho, o príncipe herdeiro. 

Impulsivo ele se envolve numa briga que ganha as manchetes dos jornais e por isso seus pais decidem discipliná-lo no colégio, mas, o que parecia ser uma tortura se mostra um novo mundo de possibilidades quando ele se vê próximo de Simon (Omar Rudberg), um garoto de família "normal" que lhes desperta fortes sentimentos. Enquanto Wilhelm ainda está descobrindo seus sentimentos Simon é assumidamente gay, de personalidade forte e sempre dá sua opinião em sala, mesmo que isso signifique atrair alguns desafetos, já que os alunos não internos ou de famílias pobres tendem a ser discriminados na escola.

Somos apresentados a alguns alunos de famílias muito importantes, inclusive August (Malte Gardiner), primo de Wilhelm que, embora não seja parte da linha de sucessão, é bastante ambicioso e tem orgulho de fazer parte da realeza. Sara (Frida Argento), a irmã de Simon é uma garota quieta, que gosta de cavalos e por isso passa a maior parte do tempo com o cavalo de Felice (Nikita Uggla), uma arrogante estudante que na verdade esconde uma personalidade complexa por conta de sua família. 

A série sueca, de apenas seis episódios, gira em torno do romance entre Wilhelm e Simon bem como a relação deles com os outros alunos, focando em problemas como a desigualdade social e o impacto psicológico que isso tem nos jovens e a pressão de suas famílias para que eles já sejam agora como todos esperam de futuros herdeiros de fortunas e cargos de importância. Os jovens precisam lidar com questões comuns da sua idade, como arrumar alguém pra sair e estudar, mas fazem isso tendo em mente uma pressão imensa sobre quem deverão ser quando crescerem. 

Mostra com muita delicadeza a construção da relação dos protagonistas, um romance leve e com aquela ingenuidade juvenil, tudo o que ele não poderia ser, com a implicação que isso poderia ser um escândalo para a família real. Com o passar dos episódios vimos que além da aceitação dos próprios sentimentos eles precisarão lidar com as consequências, graves, de aceitar esses sentimentos. 

Wilhelm constantemente sempre a pressão de tornar-se o futuro sucessor ao trono enquanto Simon tenta aceitar o futuro incerto, ao passo que seus sentimentos ficam cada vez mais fortes. Os dois precisam construir uma relação de confiança e enfrentar juntos os problemas que se apresentam, o que coloca em cheque os mesmos sentimentos e a coragem de cada um. 

A série conseguiu manter bem o ritmo dos episódios e as reviravoltas vão dando ao espectador uma amostra dos sentimentos dos personagens. A apreensão, a pressão, são quase palpáveis em determinados momentos, bem como o amargor de notícias ruins e verdades inconvenientes além, é claro, do lado obscuro das pessoas, como a inveja e arrogância. Temas típicos da adolescência abordados com um pano de fundo real. A fórmula pode não parecer muito original, a não ser pelo fato de ser um romance gay tão corajoso, mas é justamente aí que ela surpreende e se mostra uma de qualidade inquestionável. 

Nota: 10/10

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