Preciso encontrar algo que me traga alguma certa alegria. Os dias têm estado todos muito cinzas, e não no bom sentido. Mas, parece que depois do fim de Your Sky não venho tendo vontade de ver muita coisa. E sei que a culpa não é da qualidade das produções.
Sei também que é um pouco dos resquícios do trabalho, quando eu só podia rever séries mais curtas. Talvez por isso esteja relutante em me aprofundar de novo em coisas mais sérias, talvez eu deva começar por aqui. Por exemplo, em se tratando de profundidade narrativa, pensei logo de cara em 180 Degree Longitude Passes through Us, talvez o ápice do roteiro nesse meio BL. Talvez exija um esforço. Eu sei, mas é necessário recuperar o brilho mesmo tendo recursos limitados.
A série trata de elementos complexos. Embora diferentes, também lido com os meus, especialmente aquele limitador, que nos faz ficar paralisados ente verdades, sozinhos, isolados, sem criar pontes. Talvez eu deva pensar quais as pontes eu preciso construir e quais muros derrubar. O que é estranho, pois, para alguém sempre aberto, me ver hoje querendo ficar distante de todos, é complicado.
Outra opção é uma série maior, mas de qualidade intelectual bem inferior, mas que, no entanto, conta com a presença de um dos meus atores favoritos, Mick Monthon, em seu primeiro trabalho, fofo, ingênuo e meigo.
Por fim, também quero rever Twelve Kingdoms, que há muito eu revi, com a história de uma colegial que, indo parar num estranho mundo, acaba por descobrir que é uma rainha e que deve lutar por seu lugar ao trono para trazer justiça ao seu povo.
Isso mostra minha alma clamando pela fecundidade das histórias. Cântaro vazio, eu desejo ser preenchido das possibilidades humanas. Esvaziado, eu quero ser de novo cheio daquilo que nos torna homens: "litterae, arma et sapientes homines." E sei que são as únicas coisas que podem me despertar de novo algum interesse.
Percebi, depois de uma inesperada longa conversa com um amigo distante, que preciso priorizar esse tempo para diminuir o ritmo. Se antes eu não estava aproveitando mais nada, era porque meu corpo, e mente, estavam sempre em estado de alerta, sempre precisando apagar algum incêndio, o tempo todo. Agora esse tempo serve para que, uma vez retornando meu corpo a outro clima, eu possa, depois, reorganizar de modo a recomeçar de um modo mais saudável. Por isso eu estava sempre cansado, por mais que dormisse, por isso meu sono era leve e inquieto.
Preciso justamente de momentos como esses: escrever na sacada, tomando cerveja, sentindo a brisa e olhando as luzes da rua, quase todos dormindo em silêncio. Aos poucos talvez eu recupere a graça, o brilho desses momentos. Mesmo que, quando volte, eu seja dispensando, creio que o mais importante seja me cuidar, ou não sobrará nada.
Abracei meu amigo com força quando nos despedimos, e nos beijamos duas ou três vezes. Eu apenas senti que deveria fazer isso, e que talvez devesse ter abraçado mais tempo.
A única pergunta que faço, e queria ter ainda disposição para falar mais, é aquela de sempre: permanecerei sempre só? A solidão é uma condição própria minha? Por isso devia caminhar só, ir ao cinema só, sempre voltar para casa só?
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