Não gosto dos dias que me sinto assim, mas cá estou eu de novo, mente pesada, o mundo ao redor passando como que em câmera lenta. Eu preciso de um descanso, simplesmente preciso. Cheguei a conclusão que esse ambiente tem me matado. Claro, com uma boa dose de predisposição da minha cabeça perturbada. Eu preciso de um descanso. Aquela voz me irrita profundamente, ainda que distante, ainda que apenas seu nome seja dito, eu já amaldiçoo dez a cada menção. E eu tento ter ideias, e buscar alternativas, e só me vejo perdido. E é horrível. E o tempo não passa, e eu me perco, simplesmente me perco. É como estar sentado numa sala vazia, todas as paredes de um cinza triste, a melancolia tomando conta do ser enquanto passam dias, passam meses, passam anos... É uma vida tão profundamente ausente de significado que eu simplesmente não consigo descrever, senão que de meus lábios saem apenas balbucios e eu entoo o pequeno trecho daquele hino de Simeão, clamando ao céu "deixai agora vosso servo ir em paz, ó Senhor". E então sinto-me desfazer, como pó, ou melhor, como cinzas ao vento, lançadas diante de imenso precipício. Ecoam em mim os compassos da 2° Sinfonia de Mahler, algo como uma repetição demoníaca, ainda longe da ressurreição, se é que chegarei lá. Pois cada vez mais vejo que apenas me aproximo do fim, e um fim que não acaba. Não acaba nunca. Nunca. Nunca. Realmente um ciclo infernal.
O homem já se fez
O escuro cego raivoso animal
Que pretendias
(Hilda Hilst)
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