quinta-feira, 30 de março de 2023

Resenha - A Shoulder to Cry On

Partindo do clássico coreano, adaptado ao BL, dos protagonistas com personalidades distintas,  A Shoulder to Cry On apresenta um protagonista excluído no colégio, que se dedica apenas ao seu time de arco e flecha, e que acaba se aproximando do garoto popular e encrenqueiro com um passado complicado. 

Com essa proposta conhecemos Lee Da Yeol (Kim Jae Han), um garoto simples e caladão que acaba conhecendo Jo Tae Hyun (Shin Ye Chan) numa situação constrangedora que resulta numa confusão. A princípio ele detesta o garoto extrovertido que parece se divertir com sua personalidade quieta, e ele decide se afastar, ainda mais depois de ouvir uma mulher misteriosa dizer que Tae Hyun é um assassino. Mas o garoto não desiste e se aproxima dele a todo momento, provocando e, em outros momentos, parecendo ser na verdade um bom companheiro.

Os dois acabam então se aproximando e Da Yeol decide se abrir ao outro, que se torna seu amigo, e logo começa a sentir algo ainda mais forte, que ele precisa entender melhor mas que, de todo modo, os fazem se aproximar mais e mais, a ponto de começarem a ver lados que ninguém mais vê.

Da Yeol é o tipo que pratica arco e flecha pois disseram a ele fazer isso e ele se destacou nisso, mas lhe falta paixão, ele não consegue se dedicar de coração a nada. Com a aproximação do outro ele começa a levar as coisas de modo mais leve, passa a sorrir mais e começa a despertar então a paixão que pode movê-lo.

Com um início talvez um pouco parado demais a série é um ponto fora da curva das produções BL coreanas justamente por apresentar um desenvolvimento mais próximo do que estamos acostumados a ver nos doramas. Embora os episódios não sejam tão longos temos aqui um desenrolar dos acontecimentos e a apresentação de um psicológico mais profundo que o vimos até agora na maior parte das séries do gênero. Geralmente as produções coreanas, embora excelentes, focam em apenas um aspecto do relacionamento dos personagens por conta do pouco tempo de tela, aqui, no entanto, consegue mostrar um Tae Hyun traumatizado que esconde seu passado e luta com um transtorno bipolar e um Da Yeol que, embora confuso, se entrega aos sentimentos e permite que o outro se aproxime dele. A dinâmica não fica corrida e nem as soluções jogadas de modo simples demais, os personagens realmente são mais profundos e precisam de mais tempo para se entender.

A abordagem do trauma de Tae Hyun é muito bem feita. Ele tem tanto me da culpa pela perda de uma pessoa especial que não consegue amar de novo, ele se desespera com a possibilidade de perder de novo, de ser abandonado e culpado, e então se reveste de uma personalidade despretensiosa e até mesmo bruta. Ele chega ao extremo de se punir fisicamente para suprimir os sentimentos que nascem pelo novo amigo. Aos poucos Da Yeol vai rompendo essa barreira, o que leva alguns anos, e ele vai conseguindo se confrontar com seus sentimentos até perceber que é melhor enfrentar esse medo do que ficar longe de quem ama.

O drama é tão bom quanto esperado de uma produção coreana, a melancolia, o medo, a fúria desencadeada por sentimentos conflitantes, típico de jovens, é aqui apresentado de modo delicado e belo. Apesar do início fraco logo no segundo episódio temos uma virada que faz com que o espectador se apegue aos protagonistas e queira se aprofundar mais e mais. Aliando o carisma dos dois rapazes com situações que parecem reais e que envolvem a culpa, remorso e relações familiares difíceis, A Shoulder to Cry On entrega um drama emocionante, pra ver acompanhado de um lenço e uma taça de vinho e que, no final, conquista pela doçura merecida e pela inquestionável beleza dos dois atores.

Nota: 09/10


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