quarta-feira, 1 de março de 2023

Resenha - Never Let Me Go

Contém Spoilers!

A GMM TV, contra a opinião dos seus haters, vem conseguindo se equilibrar bem entre a inovação dos plots de seus BLs sem perder aquela marca registrada que já nos é conhecida. A começar das carinhas repetidas que vemos revezar em cena já há alguns anos ela tem se esforçado em consolidar cada vez mais a marca que os fãs amam e conquistar novos públicos.

E é bem nesse espaço que se encaixa Never Let Me Go, com uma atmosfera diferente das séries que focam nos descobrimentos da juventude. Aqui os problemas abordados são bem mais sérios enquanto os personagens lidam com essas descobertas. 

Nuengdiao (Phuwin Tangsakyuen, de Fish Upon The Sky) é o solitário herdeiro de uma poderosa família, e que por isso mesmo é alvo de um atentado que resulta na morte de seu pai. Sua mãe então assume os negócios até que ele esteja preparado para cuidar de tudo por conta própria. Sabendo dos perigos que aguardam o menino ela pede ao filho do chefe de segurança, Palm (Pond Naravit, também de Fish Upon The Sky), um jovem que cresceu como pescador mas que é muito forte e responsável, para cuidar do jovem. 

A história se desenrola junto aos conflitos da família de Nueng, com seu tio tentando tomar o controle dos negócios, e consequentes atentados contra sua vida e de sua mãe que envolvem essas disputas. No meio disso tudo, o herdeiro que só queria levar uma vida tranquila como músico, se vê tendo que fugir para se salvar, enquanto descobre as pessoas em quem pode confiar e encontra em Palm um amigo sincero e, depois, um amor verdadeiro. 

Achei incrível como a série trabalha com sutileza a questão do futuro de Nueng. Ele desde o início é visto como alguém que não quer seguir o caminho do pais mas, depois de sua morte, acaba percebendo que não terá outra escolha a não ser sacrificar-se em nome do legado de sua família, especialmente por sua mãe. Ele não é apresentado como o garoto rico e mimado, mas como alguém sem esperança pro próprio futuro, que apenas vai vivendo como dá.

Ao mesmo tempo em que descobre o primeiro amor, e a primeira decepção, em Ben (Chimon Wachirawit, de The Gifted) e a constante desconfiança de seu primo Chopper (Perth Tanapon, de Love By Chance), de quem Ben se reaproxima a medida que a história avança e ambos passam a entender e aceitar melhor seus sentimentos. 

A atuação desses quatro é sensacional, muito embora Perth e Chimon sejam apresentados aqui apenas para chamarem atenção para sua próxima atuação juntos em Dangerous Romance (a ser lançada ainda em 2023). Phuwin e Pond conseguem entregar, assim como em Fish Upon The Sky, uma química sensacional! Mas, se na série anterior eles flutuavam entre a comédia e o romance, aqui tudo gira em torno do drama e do romance que sempre guarda um clima ansioso, uma tensão não resolvida que não permite aos personagens descansarem por nenhum episódio. Até mesmo quando eles fogem ainda sentem o medo de serem encontrados e isso causa um desconforto que foi muito bem mostrado pelos dois atores. 

As cenas de maior apelo dramático são muito bem executadas e os dois estão se mostrando dignos do alto escalão de uma das maiores empresas de entretenimento do país. Nueng e Palm estão descobrindo o mundo cada um à sua maneira. Palm primeiro chega a um mundo onde o dinheiro compra tudo, até a amizade e a consciência das pessoas, enquanto o outro descobre que, algumas coisas, nenhum dinheiro pode comprar e que, para outras, é necessário lutar muito para conseguir. E é essa dialética de uma vida maior, que não exclui mas vai muito além dos sentimentos românticos, que deixa tudo tão belo. 

A fotografia e a trilha sonora são um show à parte. Com uma pegada vintage, em cenas onde se explora muito os contrastes quentes e frios, a sobriedade dos personagens e tons amarelos e azuis, a série tem essa aura retrô que combinou muito com a melancolia e a ansiedade constante que acompanhamos durante toda a temporada. As músicas contribuem ainda mais para isso, seja na bela faixa da coleção Bird Chorus ou as faixas que os protagonistas cantam, com destaque para a de Pond que traz um apelo romântico incrível. 

Enfim, a série se equilibra bem entre a inovação de um plot mais sério e sem medo de ser dramático ou romântico demais ao mesmo tempo que confirma as carinhas conhecidas da empresa. É aquela série que deixa o coração apertado, apreensivo e que faz você querer abraçar os meninos o tempo todo. Incrível. 

Nota: 10/10

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