quinta-feira, 27 de abril de 2023

Resenha - The Eighth Sense

Contém spoilers!

The Eighth Sense chega com uma proposta profunda, trazendo várias camadas que são apresentadas pontualmente, mostrando mais uma vez como os dramas coreanos são especialistas em mostrar com delicadeza histórias com uma força impressionante. 

Acompanhamos o jovem Ji Hyun (Oh Jun Taek) um tímido calouro que acaba de sair de uma pequena cidade do interior para estudar em Seul e que consegue trabalho num bar, onde ele acaba conhecendo Jae Won (Im Ji Sub), um veterano que acabou de sair do exército e que se mete em brigas sempre que bebe um pouco mais. 

Depois desse primeiro encontro onde Ji Hyun sente que o outro é apenas um garoto encrenqueiro, eles acabam se encontrando de novo algumas vezes, o veterano decide que vai ser amigo do outro mas age de modo meio estranho, se aproximando e depois sumindo sem explicações. O mais novo decide que é hora de fazer amigos na cidade grande e que precisa de coragem para conhecer mais pessoas e então entra no clube de surf da universidade, descobrindo na viagem de acolhida que Jae Won é um dos líderes lá, o que acaba por fazer ambos se conhecerem mais. 

Começamos a ver os dois se aproximarem a medida que vamos enxergando as camadas de suas personalidades. Ji Hyun embora esteja assustado com a vida mas agitada de Seul tenta coisas novas, como conhecer um parque perto de casa, o próprio surf ou tentar ser simpático com o homem que despertou seus sentimentos. A coragem dele, no entanto, é uma das coisas que acaba assustando Jae Won que enfrenta uma depressão e depende de remédios para continuar a vida. O veterano desenvolve um grande medo de decepcionar, de machucar e ser machucado e, por isso, ele fica entre enfrentar seus sentimentos, aceitar que ele é quem deve cuidar de seu futuro, ou fugir e se deixar levar. 

Ji Hyun se torna uma espécie de lugar confortável para Jae Won, e isso desperta comentários dos outros, inclusive de sua ex que, desde o começo, não aceitou o fim do relacionamento nem a aproximação dele com o calouro. No entanto, é justamente o fato de ele ter percebido o quanto o calouro se tornou importante para ele que o assusta tanto. 

E é nesse cenário que vemos os medos, as dores e os acidentes sendo explorados com uma delicadeza impressionante. A série tem muitos momentos silenciosos e reflexivos, lembrando um pouco a linguagem das séries japonesas, mas ainda traz os elementos clássicos dos doramas onde os personagens se conquistam em pequenas demonstrações de afeto e gentileza. A fotografia aposta numa vibe melancólica e é belíssima de se ver, conseguindo transmitir o medo dos personagens, bem como certa sensação de abandono e de vazio, ou também da confusão dos sentimentos, isso com a composição das cenas e das cores usadas. Vemos muito da angústia, do medo de perder e da própria depressão apenas em sutilezas dos atores e das cenas, assim como da trilha sonora particularmente bela também.

Com essa profundidade dos meninos e uma atmosfera que passa bem a melancolia de um e a curiosidade do outro The Eighth Sense apresenta cenas com uma química sensacional entre os protagonistas, que demonstram os sentimentos crescentes de modo sutil, uma fotografia séria, um roteiro bem feito que explora tudo de si nos episódios de mais ou menos meia hora e trazem uma história possível, com as dificuldades e medos da vida bem como os momentos de descanso e em que vislumbramos um futuro melhor. É, em dúvidas, uma das coisas mais bonitas, sensíveis e românticas já feitas. Simplesmente incrível. 

Nota: 10/10

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