Parece que acordei em meio ao ensaio de bateria de uma escola de samba, não conseguia ouvir nem mesmo meus pensamentos. Mas também não conseguia dizer se o que ouvia era meus pensamentos ou o barulho irritante ao redor, ou ambos, aglutinando-se de modo que minha mente ficou confusa demais para eu continuar acordado. Tentei encontrar algo para assistir, mas programas novos ou velhos, nada me chamou atenção, isso porque o problema não são os programas e sim minha vontade.
E ultimamente minha vontade anda pífia.
Talvez um abraço apertado ajudasse.
Me surgem pensamentos, de novo sobre o quanto amei, se foi ou não suficiente, mas sei que não passam de pensamentos intrusivos e idiotas, eu já sei que meu destino está selado, e serei eu a fechar o selo de uma vez por todas. Não há mais espaço, ou tempo, para amor.
Ele nem sequer existe.
Sinto saudades, mas já cansei de dizer isso. Cansei de muita coisa. Sinto que ainda o amor, mas já cansei de dizer isso também, pois parece que se tornaram palavras vazias,
como todo o resto.
Começou a chover, é uma madrugada chuvosa com ventos frescos passando pelas frestas da porta grande da sala e pela janela aberta do meu quarto. Pensei em três programas para assistir, mas realmente não quero ver nenhum deles. Meus amigos foram dormir, e eu queria poder deitar no colo de alguém. Patético não é? Eu sei.
Parece que a cidade está chorando, mas eu mesmo não consigo chorar. Talvez um abraço apertado ajudasse.
Parei de tentar encontrar uma razão para a existência, queria ao menos encontrar um motivo para ficar acordado, mas nem isso.
Droga.
Se o dia me pareceu insuportavelmente longo, a noite parece que será igual. Talvez um abraço apertado ajudasse.
Droga.
Amanheceu chorando de novo. Vou voltar a dormir enquanto minhas palavras se perdem no nada como as cinzas de papéis ao vento.
Companhia? Apenas a velha solidão, o ciclo de sinfonias do Mahler e um punhado de remédios pra dormir que engoli com vinho barato.
"Só desejo dormir e guardar silêncio. Estou farto da humanidade." (Albert Camus)
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