sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Um pouco mais de melancolia


Hoje, aqui dentro, não teve tempestade 
mas choveu o dia todo
garoa fina, leve e despercebida

(Bruno Fontes)

Não vamos falar disso, melhor que mudemos de assunto, falemos de fórmulas e outras casualidades, melhor que as coisas profundas, do meu coração especialmente, fiquem apenas no meu coração mesmo. Jardim secreto, fonte selada, onde repousa o meu amor. 

Até o fim do dia eu devo chorar, de novo. Me lembro que dois dias atrás eu chorei enquanto falava com você, depois de ter me confessado sabe-se lá quantas vezes, mas fui andando e algumas lágrimas rolaram, e enquanto estava no ônibus também, e quando cheguei em casa eu chorei mais um pouco. 

Então não deve demorar muito para que eu chore de novo, já que sinto aqui dentro transbordar uma vez mais... Estou num daqueles dias, represa prestes à estourar...

X

Acabei suportando, tentei me distrair de um modo bem superficial, comendo algo que me agradava, chegando em casa e tomando um banho relaxante e assistindo um pouco antes de dormir. Mas nada foi muito efetivo... 

Sim, eu comi, fui para casa e tomei um banho mas, ainda agitado, não consegui assistir direito. Coloquei o máximo de óleos essenciais que podia, a música mais agradável, mas ainda foi uma tortura para pegar no sono, para finalmente conseguir apagar e não pensar muito, especialmente na incrível dose depressiva que vinha se jogando sobre mim. E some-se a brutal depressão uma boa dose de ansiedade, expectativas, um cansaço excessivo que nunca diminui, sentimentos confusos, solidão, paixão... Tem sido tudo muito sufocante, e tenho tido dificuldade de descansar, senão que parece que meu corpo a qualquer momento vai simplesmente parar. Me vejo várias vezes perdido em meio a afasia, talvez dissociando em alguns momentos, imerso em intensa melancolia.

Mas diferente de outros tempos, quando estava em busca de algo que eu não sei o que era, dessa vez eu olho ao meu redor como que com um filtro cinza cobrindo meus olhos. Sem esperança de nada.

E os dias têm sido vazios sem você presente. Mas eu sigo, silencioso, quieto, mesmo que tenha que falar o dia todo, mesmo que esteja rodeado de dezenas de pessoas. 

De luto estão as estradas
Que rumam para Sião,
A sua festas, quem vem?...
Suas portas, que solidão!

(...)

Oh! Como pesa em meu dorso
Das minhas culpas o fardo,
Que o Senhor amarrou,
Nos ombros meus pendurado;

(Lamentos de Jeremias)

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