sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

A história de amor da natureza


Eu quero a graça de um amor tranquilo, um que não seja forçado, nem complicado, e que flua naturalmente.

Agora contemplo diante de meus olhos as folhas das oliveiras pesadas pelas gotas de água da chuva que caiu durante a noite. As gotículas refletem as cores pálidas da paisagem, maltratada pelo vento e reconfortada pelo frescor das águas que se opõem a opressão dos raios do astro rei. É uma bela visão. 

A brisa leve faz as gotas caírem no chão, e numa fração de segundo, enquanto flutuam no ar antes de se chocarem com as pedras, brilham uma última vez, gravando no meu coração a mensagem do seu último suspiro.

Enquanto dormíamos as águas do céu precipitaram-se por sobre as folhinhas pequenas e esmeraldinas para beijá-las, e não se incomodaram em curvarem-se e descerem do céu para encontrar os lábios de suas amadas. O silêncio que cobriu a terra após a torrente divina cantou as folhas o doce hino do amor, e os olhos humanos que o contemplam agora o grava no muro da história para todo o sempre.

O céu está cinza, mas não triste, pois não compartilho da visão de que um belo dia seja um dia claro. Um belo dia é um dia cinza, que me recorda a palidez daquele que habita em meu coração. Um belo dia é um dia de abraços, de sorrisos, de troca de olhares, de um contato tímido, mas de entrega total, como o das gotas as folhas. Quantas histórias de amor numa oliveira!

Como fugir a esta visão de amor da natureza? Como evitar as lágrimas ao contemplar as águas do céu beijarem as folhas do chão? A visão dos amantes traz a alma a vontade de também ser amante.

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