terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Perdido

Onde está a inspiração para a poesia que, brotando do coração, exprimiria o ares da paixão? Onde está a inspiração, que torna a oliveira balançante pelo vento em canção? Onde está a inspiração, que compreende a delicada luz do sol a passar pela janela e, refletindo na taça de cristal, reflete a beleza de quanto quanto existe, tendo no espécime branco e rosa, seu maior artificie? 

A questão não é onde está a inspiração. Mas sim, onde se escondeu a fonte da inspiração. Onde se escondeu a musa da poesia, a princesa da epopeia, e a santa da litania. 

Já não mais habita no coração do poeta, que solitário em seu quarto compõe os tímidos versos, incompletos, pela pobreza de sua habilidade gramatical, aguardando seu amor bater a sua porta. Mas a porta de um poeta está sempre aberta, e no entanto ninguém por ela entra, e por isso o poeta poetisa, a tristeza de sua porta entreaberta, materialização de seu coração aberto, perdido num mundo de mentes fechadas.

A mente expande-se, e desejando abarcar a totalidade da existência, tocando também o coração de quantos ama, mas nada consegue tocar. Pois as mentes estão fechadas, e os corações se congelaram, e ainda que abarque o todo, não pode tocar a nada. 

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