sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Dito no interior

A incerteza é a uma das poucas certezas da vida, com o perdão da expressão infeliz, e por certo também uma das poucas coisas previsíveis em minha singular existência. 

As mudanças de humor, rápidas e surpreendentes, são estranhas até a mim. Isso é um sinal claro, de que já não sou mais o mesmo. O jovem paciente e compreensível até as últimas consequências com todas as irreverências do próximo aos poucos despede-se de meu novo eu.

Já não aceito calado a tudo o que me dizem, e tenho achado certa facilidade em ignorar as palavras dos outros e apenas continuar fazendo o que acredito ser o certo. 

Também o meu mundo de sonhos se mostra transformado. Não deixei de sonhar, mas apenas tenho conseguido acordar com mais facilidade. Me desprendo mais rapidamente do que antes, quando me sufocava de tal maneira que apenas conseguia acordar quando já beirava a loucura completa. 

Não tem sido mais assim. Não quero mais me prender a ninguém, e embora continue a sonhar, e a me perder entre um idílio e outro, não mais permito ser assassinado por meu próprio coração uma vez mais... 

Mas, a quem tento enganar? É possível a um homem enganar a si mesmo? 

No exato momento em que escrevo essas palavras a minha mente flutua para um lugar distante, uma dimensão, minha dimensão, onde uma figura dourada brilha no centro do meu mundo. 

Não deveria, mas brilha, e não deveria, mas impera sobre mim. E aos poucos reorienta minha bússola interior, fazendo com que tudo em mim, espírito, alma e corpo, sejam orientados aquela figura imponente que, no meio das águas. 

Talvez o que eu deveria dizer seja que espero não me prender com a mesma facilidade de antes. É mais uma afirmação que faço a mim mesmo, na esperança de que se imprima em meu interior, do que uma verdade expressa no exterior...

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