segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Confluência de ódio

Não estou certo quanto a escrever o que nos últimos quatro dia se passou pela minha cabeça, mas tenho certeza quanto a necessidade de entender o que se passou, bem como a urgência em esquecer, não só esses mesmos pensamentos mas também as experiências que a eles me conduziram...

Esses dias foram de intensa ebulição afetiva. Me vi mais uma vez sendo conduzido a uma confluência indescritível de ódio na noite de sábado, motivada pela grosseria e falta de consideração daqueles que me cercam.

Naquela noite foi como se fosse atirado de cima de um prédio ao mais imundo dos lamaçais, tudo porque minha utilidade fora reduzida a mais completa inutilidade, e a epifania dessa incompetência se mostrou um golpe poderoso a minha moral. Lágrimas não puderam ser contidas e nem mesmo os torpes pensamentos de fuga.

Naquela noite eu quis sumir, me desfazer em meio as gotas da chuva que batiam na janela do carro. Ser lançado ao vento como as folhas que voavam e rodopiavam sem rumo ou ainda me misturar a lama que barulhava ao ser pisoteada pelas pessoas apressadas que iam para suas casas se esconder do tempo frio... Queria sumir e, pela primeira vez, sumir de uma forma anônima, não heroica, e simplesmente deixar de existir, na imensidão povoada da criação.

O domingo não foi melhor mas, embora não tenha conseguido ser pior no tocante ao meu rancor pela noite passada, conseguiu superar no quesito decepção, me levando ao primeiro fundo do poço de 2018.

Desde o fim do ano passado eu alimentava um sentimento absolutamente fatal, e tinha consciência disso, o que em nenhum momento se provou eficaz em me impedir de alimentá-lo. Em consequência eu nutri uma afeição descabida, injustificável e, pra não dizer absurda, descomedida que não poderia acabar de outra maneira que não fosse a completa decepção. Nítida e unicamente motivada pela minha ignorância em evitar pisar no terreno minado que, sabia eu, estava a minha frente.

Terreno minado que confundi com os jardins do amor. Confundi os agrestes escarpados com os outeiros por onde o meu Amado teria passado para me encontrar. Acreditei que ele subia a secreta escada, pela escuridão segura disfarçado, para me encontrar, e que a meia-noite em meu colo ele iria se deitar. Mas estava sozinho na escuridão, deitado no chão e delirando, com o mundo que criara para ser feliz.

Que infelicidade!

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