quinta-feira, 30 de abril de 2020

Do (não) saber

Desligado.

Andando pela casa sem um um objetivo, apenas por andar. Fazendo coisas aleatórias como baixar uma playlist de músicas que eu sei que nunca vou escutar ou planejar reformas que nunca darei cabo. Pensando sem na verdade me concentrar em nada, passando os olhos rapidamente pelas letras de qualquer texto, sem me deter nas palavras das aulas, sem prestar atenção sequer as coisas que me dizem minha família ou os meus amigos. 

Sensível.

Várias vezes hoje eu tive vontade de chorar: enquanto via uma cena triste de uma de minhas séries favoritas, ouvindo uma música, pensando naquela pessoa, sonhando com coisas que nunca vivi, participando da Santa Missa. Me sinto sensível, e as lágrimas têm brotando de mim com facilidade. 

Sozinho.

Também sinto vontade de ficar sozinho, quietinho. Infelizmente as obrigações me impedem de ter esse tempo de ócio, mesmo distraído eu ainda tenho que fazer muita coisa. Só queria ficar deitado, sem ver ou falar com ninguém, esperar essa névoa que me envolve passar. Esperar eu finalmente conseguir me alegrar com o sol que entra pelas frestas das cortinas. Queria que esse sol me contagiasse com sua energia vibrante, queria sentir também aqui dentro o calor que dele emana com tanta naturalidade. 

Sentido.

As coisas parecem, em sua maioria, ter perdido o significado. Qual a razão para estudar, para sair, para conversar, qual a razão em flertar, em aprender a tocar um instrumento, qual a razão para continuar vivendo cada dia, como se a cada dia houvesse algo a ser realizado, um objetivo a ser atingido? Não vejo sentido, para onde quer que olhe eu só vejo o caos. 

Caos.

Talvez esse caos esteja dentro de mim e, ao contrário do rio parado que parece ter tomado conta de mim eu na verdade esteja perdido em meio as torrentes impetuosas de Poseidon. Não sei dizer. Eu não sei mais nada, nada de você e nada de mim também. Não sei dizer porque estou triste, nem sei dizer qual a razão das linhas de preocupação na minha testa, não sei explicar minha expressão vazia e meus olhos fundos, eu não sei mais nada. 

Cansaço.

Eu nem queria mais reclamar, sei que já estão cansados de me ver fazendo isso... Mas sobre o que mais eu falarei? E eu, pobre, que farei ou que patrono invocarei? 

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