sexta-feira, 1 de maio de 2020

Descobrir o belo

Seria tão mais fácil, se você simplesmente me odiasse, ou nunca mais falasse comigo, se esquecesse que eu existo. Mas você não faz isso, mesmo quando o fio que nos une parece que finalmente se romperá graças a distância entre nós algo parece puxá-lo novamente, e nos aproximar de novo. Seria tão mais fácil simplesmente viver como se nada nunca tivesse acontecido, como seu nossa amizade nunca tivesse existido, como se eu nunca tivesse me apaixonado. 

E tudo seria bem melhor, se eu não fosse simplesmente esmagado pela beleza, oprimido por tudo que é belo, justo e verdadeiro, porque a verdade é fria e dura como aço. Não, isto está errado, não é a beleza que me oprime, mas o fato de estar tão distante da beleza que me oprime, não é sua presença, mas sua ausência. O fato de olhar para minha melhor foto e constatar que não é boa quanto a pior foto de algum dos atores tailandeses que eu sigo nas redes sociais. É incrível ver o quão imenso é o abismo que há entre o meu belo é o que é verdadeiramente belo. 

Eu estou buscando fazer com que as coisas fiquem mais fáceis. Sabe, não me preocupar tanto assim e aceitar que, independente de meu esforço e vontade têm coisas que estão acima de minhas capacidade e independem de mim. Então a preocupação é inútil. Além de inútil ela é cansativa, e eu já estou muito cansado. 

Eu quero descobrir o belo, o que é verdadeiramente belo. Sentir aquele calor no coração, aquele elevamento do espírito que se tem ao contemplar uma obra de arte verdadeira, algo que realmente seja obra e não apenas uma concepção fraca e vazia de uma angústia imediata ou de uma experiência superficial demais para marcar-se por mais do que alguns breves minutos. Eu desejo ser preenchido daquela força criadora que foram inundados os grandes mestres, e não pensar em como seria simplesmente mais fácil se você me odiasse, ou se nunca mais falasse comigo, se esquecesse que eu existo e que um dia fomos amigos. 

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