quinta-feira, 7 de maio de 2020

Do que se apagou da memória

Eu já havia me esquecido, do quão debilitante é uma crise de ansiedade. Acho que apaguei da memória aquele período obscuro da minha vida que tinha uma crise a cada dois dias e nunca conseguia me recuperar de uma antes de entrar em outra. 

Dessa vez a crise foi desencadeada pela pressão. Pressão de ter de ser bom o suficiente, de fazer a coisa certa, de ser o melhor. Não colocaram essa pressão sobre, ao menos não vejo assim, mas eu mesmo me cobro por ser o melhor, eu não aceito menos do que a perfeição quando se trata de algo que faço, e por isso mesmo me frustro. 

Ontem cheguei a ficar catatônico, paralisado pela perspectiva de falhar. Hoje estou destruído. Meus braços cheios de cortes, manchas de sangue nas roupas e cama. Quase não consegui me levantar e é como se tivesse sido atropelado, com dores por todo o corpo. Estar acordado me irrita, a cada vez que eu abro os olhos eu sinto raiva. Parece que cada parte de mim, cada fibra do meu corpo deseja desaparecer. 

Mas a verdade é que eu preciso descansar. Preciso que, por alguns dias, parem de exigir tanto de mim, no sentido de me cobrarem tantos compromissos. Pois qualquer compromisso que eu aceitar será outro peso, já que não consigo fazer de qualquer jeito. 

Preciso dar ao meu corpo o descanso e a minha mente a tranquilidade que perdi. Mas como fazer isso? Como largar tudo de uma vez? Parece algo impossível de se fazer agora, e tudo o que consigo imaginar é apenas eu definhando cada vez mais, me cansando, me destruindo até que sucumba, de uma vez por todas. Parece que assim será meu fim. 

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