segunda-feira, 25 de maio de 2020

Sem motivos

Perdido. Ainda que as dores da doença tenham diminuído já há varias horas eu ainda sinto o corpo reclamar. Me sinto desconfortável, não importa o que quer que eu faça. Não tenho apetite, disposição absolutamente nenhuma. 

Tenho sonho. Aliás, tenho dormido nas aulas, e quase o dia todo. Não tenho conseguido me concentrar, e tenho estado irritado. Com todos. A fadiga tem se feito presente, e tem subido um hálito parecido com o de um cardíaco. Tenho sentido repugnância, só de imaginar sair desse quarto e conversar com outras pessoas. 

A mentalidade do outro me causa asco, minha própria casa me causa asco. Tenho estado descontente com tudo. Prefiro ficar deitado aqui sozinho a sair e ser obrigado a conter o enjoo que me sobe a garganta em ter de conviver com outro. Todo barulho me incomoda, toda risada, todo choro, toda conversa sem propósito. A raiva ferve no meu peito. 

É como se estivesse cheio de uma erva daninha, que tomou meu coração, e que se espalhou por todo meu ser, cravando suas raízes bem fundo em mim, transformando meu sangue na sua seiva venenosa. Ela se alimentou de mim, e devorou tudo. Levou até mesmo a minha libido, deixando apenas uma casca vazia e incômoda. 

Não sei dizer dos motivos que me levam a estar assim, mas nada está legal... Só o que sinto é um grande incômodo que, partindo de dentro, torna tudo ao meu redor cinza e frio. É como se eu continuasse caindo, lentamente sendo levado para as profundidade de um abismo de gelo, e aqui todo meu corpo se paralisa, e eu sequer consigo respirar ou gritar. 

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