quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Resenha - The Yearbook

Contém SPOILERS, prossiga por sua conta e risco!

Com uma presença tímida no fandom brasileiro mas que certamente merecia bastante reconhecimento, The Yearbook se mostrou uma grata surpresa num ano que, mesmo com os problemas da pandemia, ainda teve um grande número de lançamentos, se destacando pela proposta original e pela linguagem diferente dos outros BLs. 

A série conta a história de Nut (Title Tenshin, a coisa mais fofa do mundo) e Phob (Man Supakrit), amigos há alguns anos que fazem tudo juntos, e que precisam lidar com questões sobre o futuro, como qual faculdade cursar e o primeiro amor. Phob, no entanto, acaba por decidir de última hora não prestar os exames para entrar na universidade, como prometido ao amigo, e logo depois se muda sem dar notícias por vários anos, retornando depois para uma realidade completamente diferente, onde as batalhas são muito mais difíceis do que aquelas enfrentadas no ensino médio.


A primeira vista pode parecer simples, mas a abordagem da série é completamente única. Ela apresenta uma história de amor profunda, com sentimentos fortes, de um modo delicado e com muito simbolismo. Tudo é importante: os olhares, os toques, os sorrisos, tudo feito com muita atenção e delicadeza.  Com uma linguagem lenta ela dita um ritmo melancólico e pouco a pouco nos coloca no lugar dos personagens e nos faz entender seus sentimentos e as razões por detrás das suas ações e, de um modo intimista, nos mostra como o amor pode superar a distância e os inimigos mais terríveis. 

Nut e Phob são companheiros, que se apoiam nos momentos mais difíceis, e seu amor nasce dessa parceria, da necessidade que cada um tem. Nut, que era o garoto novo na cidade do interior que precisou de um amigo e Phob que, embora brilhante, precisa de um empurrãozinho nos estudos. Mais tarde eles são Nut, o estudante de medicina que continuou no interior e Phob, que enfrenta uma doença terrível mas não consegue mais enfrentá-la sem a ajuda do amigo, e do homem que ele ama.

A série tem um visual retrô e é cheia de referências da cultura pop da época, como os livros do Harry Potter, os antigos celulares e computadores e a série dos Bananas de Pijamas que, aliás, dá o apelido aos dois protagonistas, B1 e B2. Esses detalhes tão um tom pessoal a obra pois esses elementos fazem parte do crescimento dos personagens, os brinquedos de antes são as lembranças de agora e dão esperança no enfrentamento do futuro, e é assim que Nut e Phob precisam enfrentar juntos os seus desafios.

Muitos acharam o ritmo lento demais, mas a verdade é que a série usa o tempo muito bem pra uma construção lenta dos personagens, assim como a construção dos sentimentos se deu de forma gradativa, bem como dos problemas. Com muitos diálogos profundos e cenas tocantes eles entregaram uma temporada que cativa pela fotografia bonita, retrô, e pelo drama em todos os episódios, pouco a pouco migrando para o romance, a medida que os personagens amadurecem. A trilha sonora também dá um show, e emociona em vários momentos, ajudando e muito na construção da atmosfera melancólica. 

A direção ficou por conta de Mean Phiravich (Love By Chance e A Chance to Love), que também fez uma participação como o médico que cuida de Phob, e mostrou um excelente trabalho como diretor, entregando uma série intimista, com um roteiro simples mas cativante e emocionante que, no próprio ritmo, vai nos colocando no centro de um romance que precisa enfrentar grandes dificuldades e medos para acontecer. Realmente merecia mais atenção. 

Nota 10/10


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