quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Duas cenas

Espero conseguir colocar aqui um pouquinho do que senti enquanto assistia aquela bela cena. No terceiro episódio de My School President eu vim um Tinn fanfiqueiro modo hard que começa a fantasiar cada vez que o Gun aparece. As caras e bocas do Gemini são simplesmente maravilhosas enquanto o meu lindo Fourth encanta o parceiro e o público com aquele jeitinho bobo. 

Mas enfim, como o cansaço de um semana de trabalho inteira tem me custado uma boa dose de disposição eu só quero deixar aqui a impressão que tive numa das cenas desse episódio, quando Tinn fecha os olhos e, confiando em Gun que queria retribuir o favor das aulas particulares, eles esquecem tudo ao seu redor e dançam como se estivessem num baile, numa cena fofa, romântica e de uma doçura ímpar. Gemini consegue transmitir a pureza e, ao mesmo tempo, a força desse sentimento que é o primeiro amor. Seu olhar para o outro é quase de devoção, uma admiração profunda que se revela nesse mesmo olhar transbordante encantado com o sorriso que do Fourth, aquele sorriso mágico, mais do que perfeito, uma visão de idílio. 

A série ainda conserva aquela aura fresca do amor colegial, mas faz isso com a mesma beleza de um amor maduro, mostrando então um primeiro amor verdadeiro, um sentimento que nasceu normalmente de uma paixão a primeira vista mas que agora vem evoluindo com a convivência e se formando uma confiança, um apoio, que justamente se mostrou quando Gun, percebendo que o outro estava nervoso com a apresentação de dança, disse ao Tinn para fechar os olhos e se deixar levar, que seria conduzido por ele, e então ele viu esse cenário de amores. A surpresa maior veio no fim do episódio quando descobrimos que Gun já percebeu os sentimentos de Tinn e que está começando a sentir o mesmo, mostrando que, na noite anterior quando dormiram juntos, ele se assustou ao olhar nos olhos do companheiro mas agora sorri ao pensar nesse sentimento. 

X

Aquela pequena figura, nos primeiros bancos no canto esquerdo de frente para o altar, me chamou atenção após a comunhão quando as ministras passaram pelo centro com um acólito levando uma vela num pequeno castiçal de cristal. Era uma pequena senhorinha, um lenço preto de crochê preso no alto da cabeça, a pela morena profundamente vincada pela idade e o olhar, um olhar profundo, de um negro assustador, e tinha nele algo de uma admiração e de uma confiança centenária, escuro como a noite e contendo a experiência de décadas de vida, e ela de pé olhava para o Santíssimo Sacramento que passava em âmbulas de prata e, naquele olhar, simples, eu vi mais santidade do que em toda a minha vida. Olhando aqueles negros e profundos eu vi mais humildade e admiração do que em toda a minha atuação pastoral. 

E então esse é o olhar que eu quero ter, olhar de quem de verdade olha para o que é sumamente importante. Olhar de quem, mesmo com as marcas profundas da dor e da luta, ainda consegue ficar de pé e olhar para o que é verdadeiro em respeito máximo e adoração. Olhar que não guarda maldade e ganância mas que consegue superar as sequências de decepções, as pequenas coisas da vida que vão se sucedendo mas que, diante do Eterno não são mais do que palha e fumaça, que não importam realmente. Diante da eternidade tudo muda de tamanho e eu sei bem que ultimamente minha vida tem sido apenas material, que tudo o que tenho feito é apenas um enfeito bonitinho de intelectualidade e que ainda me falta aquele compromisso profundo com a verdade e que me falta não negociar meus valores morais em nome de nada que não seja eterno, bom e verdadeiro. Eu quero um olhar de quem se mantém de pé diante da Verdade.

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