quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Falocentrismo

Acho que já me referi a isso em outras oportunidades mas, uma coisa que me chama a atenção, isso sem falar numa fina ironia, é a mudança que há em alguns aspectos físicos claramente delimitados, durante as mudanças de episódio no transtorno bipolar. A mais notável delas é que, ao contrário do que li em meus estudos (superficiais, admito) é que a minha libido diminui drasticamente durante os episódios maníacos. 

Pelo que vi o normal seria que nessa fase a libido aumentasse e muito, inclusive várias pessoas relataram que seus parceiros se tornaram infiéis, se envolverem em comportamentos de risco ou apelar ainda mais para a pornografia e masturbação, o que os especialistas chamam de hipersexualidade. O que observo em mim é justamente o contrário. 

Se durante os episódios de mania eu me encontro bem mais disposto, minha libido quase que se reduz a zero, sendo que até mesmo as reações físicas mais básicas (leia-se excitação involuntária) diminuem ou simplesmente desaparecem, enquanto que durante a depressão meu apetite sexual é que acaba me levando a comportamentos de exagero onde, não raramente, eu me enfio na cama de desconhecidos ou até mesmo faço coisas em locais públicos. 

Nos dias de euforia eu experimento exatamente esse excesso de energia e disposição que justamente me fazem ter uma maior atividade no trabalho, na Igreja e, não raro, me vejo em desentendimentos porque me encontro com todos os sentimentos à flor da pele, enquanto no outro extremo eu passo a não sentir nada, e apenas o corpo reage, e aí eu começo a apelar mais pra pornografia e masturbação. 

Em manhãs como hoje, por exemplo, me vi de pé logo cedo, aproveitando o barulho doce da chuva no telhado mas sem nenhum tipo de reação física, nem mesmo mesmo a excitação proposital, nada, zero. 

O resultado é que, independentemente de como eu esteja sempre me vejo inseguro e infeliz com minha sexualidade, como se sempre estivesse quebrado. 

Sou um homem que não fica duro ou que fica duro o tempo todo, errado, sempre errado. Tarado e inconveniente em alguns dias e completamente abstêmio e casto em outros, com o apetite voraz de uma prostituta barata ou de um santo eremita. É horrível em ambos os casos, horrível porque eu sempre estou em desequilíbrio, estou estou pendendo mais para um lado ou outro, sempre precisando ajustar alguma coisa.

Mas não é essa a condição normal da pessoa humana? Também as mulheres não experimentam um período de hipersexualidade que varia conforme o ciclo hormonal? Talvez eu apenas tenha também um pouco de consciência desse meu estado, e me incomode com isso, enquanto os outros apenas respondam a isso, sem problematizar como estou fazendo. Isso é realmente um problema ou eu só estou incomodado sem necessidade. Iria preferia ser sempre meio morto ou sempre safado? Iria preferir que minhas manhãs fossem sempre calmas e frias ou agitadas e molhadas? Iria preferia um pau sempre morto ou sempre pulsando? 

Só mesmo sendo homem pra achar que o próprio pau é um problema. 

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