quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Um quase dilema

"Eu vejo tudo perfeitamente; existem duas situações possíveis - pode-se fazer isso ou aquilo. Minha opinião honesta e meu conselho amigável é este: faça ou não faça - você vai lamentar ambas as escolhas. Ousar é perder o chão momentaneamente. Não ousar é perder a si próprio.” (Søren Kierkegaard)

Em meio a um dilema moral... E eu que pensei que não iria mais me preocupar com isso. Bem, como já me referi a isso várias vezes, e como gosto de certa estética sensual, decidi que vou fazer um ensaio fotográfico com esse conceito. Dito isso me alertaram sobre como isso pode impactar na minha vida profissional e pessoal. Vou tentar explicar sem expor ninguém em particular.

Como, de certo modo por atender, o meu nome está vinculado ao da empresa em que trabalho, um ensaio sensual pode ser confundido apenas com algo apelativo, haja vista que as pessoas dificilmente sabem diferenciar uma coisa da outra, em parte graças a maldita moral kantiana que nos cerca que nos foi relegada pelo puritanismo protestante, e em partes, reconheço, pelo excesso de sexualização da imagem do corpo que as nossas celebridades fazem e, em vista disso as pessoas não sabem reconhecer ou aceitar o sensual sem ter, já desde sempre, uma visão depreciativa disso. 

Além da vinculação ao trabalho há ainda a vinculação com a igreja, em que as notícias correm rápido e que, se no trabalho já há dificuldade de aceitar o sensual como arte, ainda mais no meio religioso.

Daí tenho muitos sentimentos envolvidos nessa situação, uma vez que, tendo problemas com meu corpo, é uma vitória que aceite fazer esse tipo de coisa, além de que, admirando muitos perfis que trabalham essa estética, queria conseguir ir adiante e ser um deles também... 

Daí me aconselharam a fechar os perfis, compartilhar de modo privado para evitar possíveis provocações, como tentativas de me derrubar ou atingir de algum modo. Compreendo bem esse lado, as pessoas realmente podem fazer isso, mas se minha intenção era chamar atenção então considero contraproducente diminuir propositalmente o alcance dessas coisas, o que seria uma espécie de caminho do meio. Por um lado compartilhar sem me importar com nenhuma consequência, o que seria exatamente inconsequente, por outro não postar nada e, ainda, postar de modo comedido...

Alguns podem dizer que eu devo fazer o que me faz feliz, e acredito que é verdade mas, e se isso me prejudicar? Eu sei que não sou responsável pelo que pensam de mim, mas e quando o que pensam pode me afetar?

Nem mesmo colocando as coisas aqui mais claramente eu consigo me acalmar. Deveria não fazê-lo? Deveria não fazer nada? Deveria não me importar com nada? Deveria sufocar esse desejo em mim como sufoco tantas coisas?

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