Queria poder... Na verdade, eu não sei. Transcrevi uma aula de ontem para hoje, tentando memorizar um tema que me é tão caro e que se coaduna com uma pesquisa melhor que pretendo desenvolver nos próximos anos e que já teria algum avanço caso eu não estivesse tão debilitado. Parece que tudo concorre para atrasar meus estudos: minha memória cada dia pior, o desânimo para ler...
O sol brilha forte, só encoberto por pequenos temporais de primavera. A estação começa a firmar, o calor vem aumentando gradativamente. Apesar da luz dar novos ares para uma cidade tão cinza, eu me incomodo com isso. Especialmente com aqueles que ficam animados demais, porque eles sempre se animam com coisas bobas, como a mensagem safada de uma garota.
Não quero ver nada disso. Quero me isolar de tudo. Mas também queria ajudar mais minha família. Só que, no momento, não consigo ajudar nem a mim. Quero ficar dias sem sair, mas já estou dias sem sair e isso não eu me sentir melhor.
Queria um empréstimo, mesmo sabendo que nenhuma instituição vai aprovar. Sim, queria comprar bobagens.
Também quero dormir, mesmo sabendo que não é uma solução e que meu estoque de remédios não é infinito. Há tanto que eu sinto e não consigo dizer que tudo parece vazio, mas a verdade é que, diante de tudo que se embola no meu peito, eu acabo emudecendo. E então esse silêncio, como uma névoa, vai fazendo com que eu aos poucos desapareça...
Deveria sair um pouco, tentar conhecer outras pessoas, mas há duas semanas eu não consigo sair do circuito quarto e sala. Acho que vou tomar mais um café, e depois um chá, e depois alguns remédios. Não são nem 9h da manhã e sinto que já morri uma dezena de vezes.
Acho que é mais um daqueles dias de contemplação da minha própria melancolia. Onde a névoa, a fumaça que sobe do chá, penetram meu coração e desaparecem como no ar. Sinto que não há muito que dizer, ao mesmo tempo que há muito que quero escrever, mas não consigo. Apenas olho pela janela, o tempo passa lá fora, enquanto parece que eu parei por aqui.
"Sou apenas o rastro de uma presença física no mundo perdida há muito tempo." (César Augusto)

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