terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Alta contemplação

Já vejo que tomais, o caminho para o meu calvário, eis a vossa esposa, que tu prontamente a segue.  Outro desejo não tens, a não ser o de ser tornar, uma perfeita companhia. Se vossa vida será então, de amor e dedicação, de agora em diante dever ser a minha... 

Meu ardente coração quer então dar-se sem cessar, ele necessita demonstrar toda a ternura que dele transborda. Quem haverá de conseguir compreender o meu amor, e me dar uma resposta? Quem haverá de um dia lançar o seu olhar a mim e, olhando a mim, não veja a mim mas o meu amor? Quem haverá de me contemplar como a um canvas e assim sentir que minha imagem e minha figura o fazem propender ao bom, ao justo, ao verdadeiro? 

Ah, quem haverá de assim me compreender? Não sou uma obra de arte. Oh não, apenas sou uma figura que vive em uma eterna noite escura, de amor em vivas ânsias inflamada, buscando aquela união entre a alma amante e amada. Apenas alguém que entrou onde não soube e quedou-se não sabendo, ainda que toda ciência transcendendo. 

Vivo já fora de mim desde que morro de amor. Quando o coração lhe dei com terno amor, percebi que morro porque não morro. Mas sou uma das almas que, nesta terra, buscam a felicidade em vão... Daquelas que suspiram olhando uma rosa que delicadamente se despedaça no chão, se perguntando: quem haverá de compreender meu amor, que coração quererá me corresponder? 

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