terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Que um dia poderia desejar

Num instante de profunda carência, deitei alguns instantes na cama e me veio a súbita consciência da solidão presente ali. Desejei um corpo quente para se juntar ao meu, um corpo alto e forte que me abrace, fazendo esquecer o vento frio que corta a pele lá fora, e que me faz recordar que nem todos nesse mundo tem alguém para abraçar. A cama se tornou maior do que o normal, e o vento doeu mais do que o normal também. Na verdade não estava sozinho, senão que a própria solidão deitava-se comigo e me abraçava com seu corpo gélido, semelhante aquela frialdade da terra. 

No entanto me alegrei quando olhei o espelho, ao lado de minha cama, e vi que a imagem refletida ali me agradou profundamente. Me recordei de quando me sentia sozinho e acabava me sentindo ainda pior quando olhava no espelho. Eu me enchi de alegria então, com a imagem que me veio a mente e a impressão que encheu meu coração: a possibilidade de um novo amor. Um amor cujo nome ainda desconheço, cuja figura posso nem conhecer ainda. Mas um amor novo, com todo aquele frescor que uma nova paixão traz ao coração.

A carência não passou, ainda sinto meu peito bater por alguém, mas não me fechei na desolação de uma campina vazia e escura, pelo contrário, me alegrei pela possibilidade de estar só, podendo algum dia estar acompanhado. 

Interessante o quanto isso se contrapõe com aquele eu de alguns meses atrás, absolutamente necessitado de alguém, no limite do corpo que clamava por outro corpo. Sinto que, aos poucos, a energia que flui dentro de mim violentamente sem direção vai se organizando, se alinhando. Sinto que aos poucos vou melhorando, me equilibrando. 

Tenho conseguido lidar com certa maturidade com coisas novas, que antes me desestabilizariam completamente, mas que agora mesmo mexendo comigo não me destroem como antes. Tenho conseguido seguir em frente, coisa que achava que seria completamente incapaz de fazer, e isso meus amigos, é a maior vitória que um dia poderia desejar!

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