quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Fechado para balanço

Biel, por quem está está apaixonado? 

Eu não sei, não sei mesmo. É algo que tem me deixado confuso... Minha história ensinou que apaixonar-se é sempre algo perigoso demais. Envolve riscos muito altos, e isso é algo que passei a temer. O estado lamentável em que fiquei da última vez que me permiti entregar meu coração a alguém é algo que não desejo nunca, para ninguém. 

Não quero sofrer daquele jeito, receber as feridas que recebi. Não quero novas cicatrizes, as que tenho já vem custando a sarar. Não quero viver de novo aquele inferno. 

Amar é abrir-se ao outro, é estar sujeito as raízes que o outro quiser plantar, é deixar que ele se espalhe em seu coração. É estar vulnerável. E como alguém que chegou no ápice da vulnerabilidade. Como alguém que passou a se magoar com toda e qualquer ação da outra pessoa, eu passei a ter medo desse amor. Sabe, medo de me abrir e estar sujeito as raízes que o outro quiser plantar. Medo de deixar que ele se espalhe em meu coração. Medo de ficar vulnerável. 

Por isso eu decidi não mais me apaixonar. Fechar para balanço. E ainda que algumas pessoas mexam comigo, não vou deixar o sentimento evoluir. Não como eu fiz, e que falhei miseravelmente, mas de uma forma a realmente andar com o pensamento onde quero chegar: na maturidade de saber escolher o que vai ser bom para mim.

Excluo portanto aventuras que não me darão futuro. Não quero investir em zonas que não me peçam seguras. Sei que posso soar covarde, e que o amor exige sua cota de coragem, mas eu não posso mais arriscar a pouca saúde mental que me restou. Excluo pisar num terreno desconhecido. Excluo alimentar fantasias que só me deixarão mais e mais triste. 

Há alguém que mexe comigo, sim, mas há também alguém que não mostra nenhum interesse em mim, e isso significa que para evoluir eu precisaria arriscar, tentar descobrir alguma forma de fazer despertar um sentimento. E isso seria mais riscos do que estou disposto a correr. Não posso esquecer que não fazem muitas semanas desde a última vez que chorei copiosamente por alguém que não se importava comigo. 

Claro que isso implica estar só, mas eu não quero sentir aquilo que senti nunca mais... Aquele sentimento de ser absolutamente insuficiente para o outro, de não conseguir corresponder a nenhuma de suas expectativas... 

Por outro lado isso me leva a crer que devo me apaixonar por mim mesmo nesse momento. Dedicar a melhorar onde quer que possa melhorar. Dedicar a cultivar eu mesmo o jardim que há em mim. E assim quem sabe eu consiga sorrir com minhas próprias flores, sem esperar do outro que ele me faça sorrir. 

Para isso eu preciso de mais tempo, até que tudo se ajeite melhor dentro de mim. Até que meu coração se cure daquelas feridas que ainda doem, das feridas que ainda sangram. Preciso cuidar de mim mesmo, depois de tanto tempo cuidando de quem amava e esquecendo de mim... Preciso ficar um pouco sozinho, ainda que seja sentado numa cadeira de balanço, apenas para esperar, que as coisas se ajeitem. 

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