quarta-feira, 3 de abril de 2019

Apolo e o amor

Desceu do seu palácio no Monte Parnaso e veio morar entre os homens, assumindo forma humana, sujeito as dores e medos, sem acesso a maior parte de seu poder. 

Encantado pela beleza da batalha dos homens ele quis também buscar compreender melhor o que levava os humanos a terem vidas tão sofridas, mas ainda assim, ao final de dias difíceis, conseguirem sorrir ao menor sinal de beleza. Donde vinha essa felicidade? 

Sua música, Apolo o patrono das artes, era capaz de elevar o espírito humano aos píncaros quase idílicos, mas mesmo aqueles que se distanciavam de suas belas artes, as únicas que fazem o homem encontrar meio a escuridão de seus corações o que é bom, justo e verdadeiro, conseguiam encontrar uma centelha de felicidade e, apegando-se a ela, sorrir ao fim de seus sofrimentos mais brutais. 

Acompanhado apenas de um de seus anjos, que por ele daria a vida afim de protegê-lo, ele desceu até nós. Buscou refúgio ao lado de sua irmã, Atena, que há muito decidiu por viver ao lado dos homens, e com eles, conhecendo sua dor, protegê-los das mazelas desse mundo, em busca de um equilíbrio. 

Encanta-se com o esforço, palavra que os deuses desconhecem. A dor nas mãos após um dia árduo de trabalho no campo. O corpo a clamar pelo descanso e pelo alimento devido aqueles que labutam... Tudo estranho demais ao deus que sempre teve tudo ao alcance de um pensamento. 

Conheceu o que parece ser a maior força dos humanos, e que parece ser ainda maior do que a força dos deuses: o amor! O Amor que vislumbrou quando seu anjo se lançou frente a um ataque inimigo brutal, resultando numa ferida incurável, não fosse o poder do deus da saúde. Poder de se sacrificar por aqueles que se ama. Poder de colocar os outros antes de seus próprios interesses. Poder de preocupar-se com o bem estar daqueles que lhe são caros. 

Aprendeu com um humano, um pequeno humano que escolhera para receber a sua glória, sua armadura celestial, e assim com ela protegê-lo dos perigos desse mundo, que em sua forma divina jamais lhe fariam dor. 

Apolo seguiu o conselho de seu oráculo: "Conhece a ti mesmo" e buscou em si aquele amor adormecido, ao ver que seu anjo lhe amava, decidindo então abdicar do seu lugar entre os seus no Olimpo para com seu amado proteger os homens como homem. Agora, com seu anjo, ele encanta os homens com sua própria lira, curando suas mazelas com o som milagroso do amor.

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