sábado, 20 de abril de 2019

Da inquietação

Finalmente, algumas breves horas de descanso. O tríduo pascal é sempre uma semana mais cansativa do que o normal, ainda que, de modo geral, meus fins de semana sejam sempre muito agitados entre uma atividade e outra na Igreja. 

Meu corpo protesta: quero dormir, sem hora ou dia para acordar! Eu olho no espelho e vejo que, em contraste com meus elevados gastos com maquiagem estou mais descuidado que o normal. Minhas sobrancelhas fariam inveja as daquele ícone feminista cujo nome me recuso a colocar aqui. Minha ansiedade nos últimos dias me deixaram não só abatido, meu corpo foi destroçado e dificilmente vou me recuperar sem algumas longas noites de sono. O que por si só já seria um problema, já que não tenho conseguido dormir. Ou melhor, até consigo dormir, mas meu corpo amanhece ainda mais cansado do que na noite anterior. 

Continuo inquieto. O que é normal para alguém com ansiedade correndo pelas veias. Mas ainda assim, essa inquietação toda me incomoda, é como se estivesse sob constante risco de morte. Aonde quer que eu vá sinto os olhares atentos de alguém ou de alguma coisa que me espreita... Como os vermes das ruínas de Augusto dos Anjos, que esperam para me roer a carne e os ossos. Continuo inquieto, olhando ao redor em busca de alguma coisa, querendo alguma coisa mas sem saber o que é...

Continuo inquieto, vagando sem rumo. Meus dias se resumem em fazer aquelas coisas que já me comprometera a fazer, como trabalhar e estudar, mas nada disso conta com minha vontade em fazer. E toda vez que faço algo por ter de fazer e não por querer fazer é como se perdesse a vontade mais básica de todo homem: o entusiamo pela vida! Sinto como se tivessem o tirado de mim, embora ainda haja lampejos de alegria, e que em alguns momentos me sinta feliz, há sempre um sussurro malicioso que tento abafar com a música em meus ouvidos, sempre um eco vindo de alguma caverna misteriosa, sempre um convite do abismo que há muito eu olho, e que agora já olha para mim...

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