quinta-feira, 25 de abril de 2019

De desejos e incompreensões

Em batalha, para compreender a vastidão do meu próprio coração, e assim quem sabe ao menos tocar a superfície do abissal coração do outro. Busco encontrar algo, uma seta que seja, que me faça entender como entrar no coração do outro, como superar essa barreira intransponível, esse Aegis que recobre o universo do outro. 

Se por um lado o outro me parece um mistério insondável e hipnótico, que me atrai e me prende, por outro lado me parece absolutamente enfadonho. O outro me parece, ao mesmo tempo, desejoso e desgostoso. Um jardim fechado, que pode esconder belezas maravilhosas mas que simplesmente não foram feitas para mim.

Tem sido uma contemplação complexa pois um parte de mim deseja encontrar essa entrada, enquanto outra parte apenas deseja se afastar do homem tanto quanto seja possível. O homem que atrai é o mesmo que me causa medo. Não seria talvez esse medo a me atrair? Alguns homens me causam uma reação de buscar apenas uma higiênica distância. O outro é o abismo que me causa medo e ao mesmo tempo me chama para si.

Temo que tal fixação, e consequente confusão, seja causa de muitos erros. Como disse Nietzsche, que no amor há maior probabilidade de ver as coisas tão qual elas não são, talvez também eu esteja cego pela obsessão de compreender o outro, enquanto compreender a mim mesmo tem sido um objetivo grande demais a se abarcar.

Desejo me silenciar, e não opinar sobre absolutamente nada, pois tudo o que sai de minha boca são palavras venenosas. Não desejo curvar o outro a minha vontade, mas quando me dou conta já estou vociferando violentamente para que as coisas sejam como ordenam meu maldoso coração.

Sigo nessa estranhíssima dicotomia, sem compreender o que desejo, o que quero e sem saber o que farei. Sigo sendo um mistério para mim e contemplando o outro que me é um mistério ainda maior. Sigo compreendendo apenas que pouco ou quase nada compreendo dos outros, principalmente daqueles que me cercam...

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