sábado, 13 de abril de 2019

O fim do começo

Preciso continuar. Preciso me reerguer e dar mais um passo. A guerra ainda não acabou e eu não tenho sequer a possibilidade de perder. Só posso vencer. Mas a que custo? 

Eu apoio os meus joelhos ralados no chão cheio de pedras. Minhas pernas ainda tremem como se eu tivesse doze anos. Minhas mãos estão cobertas de feridas abertas e delas escorrem um líquido amarelado junto ao sangue. Acho que estou apodrecendo. Mas preciso ser forte, preciso que meus braços e pernas aguentem mais essa batalha... Que apodreça depois, que morra depois! 

As manchas roxas já se confundem com a cor da minha pele. Me tornei uma só ferida aberta. Já não tenho aparência humana. Meus olhos, manchados de um vermelho carmesim, ainda refletem um desejo de continuar a lutar, ao passo que cada fibra do meu protesta pelo fim. Mas o fim ainda vai demorar... Ainda não pode acabar. Ainda não é o fim, nem sequer é o começo do fim. Mas já é o fim do começo... 

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