segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Bagunça

Sinto-me tomado por uma poderosa e debilitante melancolia. Sinto-me preso, atado a pesadas correntes que pesam meus pés e não me deixam sair. Olho pela janela e tudo que vejo são as folhas escuras e o céu cinza, triste, também ele está melancólico.

Tenho estado com tanto sono, e tenho andado tão cansado. Mas eu não tenho feito nada. Isso tem acabado comigo. É como se estivesse sem conseguir dormir, mesmo dormindo bem todas as noites, acordo ainda mais cansado. Exausto, na verdade. E sigo o dia todo com sono, cansado demais sequer para comer ou responder aos outros.

Tomado por um desânimo estarrecedor eu fico sentando, de boca aberta, olhando para o teto como se nele houvesse algum mistério encantador. Mas a verdade é que meus olhos já não vêem nada de encantador. Tudo é cinza assim, sem graça, sei lá... 

Em alguns dias eu me sinto enérgico, consigo arrumar o meu quarto, por exemplo, e cuidar de mim mesmo. Lavar o cabelo, tomar um bom banho, passar perfume... Outras vezes eu apenas luto para continuar respirando. Tudo se torna um caos absoluto, e nada mais faz o menor sentido. Parece que a bagunça no meu quarto vai se acumulando, assim como na minha cabeça. Tem dias que eu arrumo tudo, e olhar o quarto todo arrumadinho, a colcha estendida, as roupas dobradas e a janela aberta me traz a sensação de estar bem, realizado. Mas as vezes está tudo uma bagunça, tudo jogado de qualquer jeito, e me sinto assim também.

Não sei se é o quarto que reflete a bagunça que há em mim ou se é o contrário, só sei que, às vezes, fica tudo bem e, às vezes, está tudo uma bagunça aqui dentro. 

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